UNIÃO FUNILENSE
Escudinho da União Esportiva Funilense.
No último sábado o quarteto composto por mim, Fernando, David e seu Natal, saiu de Taboão da Serra apto a fazer uma rodada dupla para aproveitar o dia. Como a pedida acabou sendo um jogo do Velo Clube que só começaria às 19 horas em Rio Claro, ficamos com um bom intervalo de tempo. Como o JOGOS PERDIDOS nunca pára de pensar em futebol, acabamos decidindo tentar fazer mais um volume da série Volta ao Passado.
Assim, olhando no mapa as cidades próximas a Rio Claro, dicidimos dar uma chegadinha em Cosmópolis, para ver se encontrávamos algo sobre a União Esportiva Funilense, um clube considerado fantástico por todos os integrantes do JP. Ao se fazer uma volta ao passado assim, sem nenhum agendamento, corremos sempre um certo risco de não encontrarmos ninguém no local, ou até mesmo não encontrarmos nada. Seguindo nossas pequenas referências e algumas dicas feitas por telefone pelo Orlando, fomos de cara procurar a Usina Ester, local onde o clube em questão mandava seus jogos.
Fachada da Usina Ester, na cidade de Cosmópolis. Foto: Fernando Martinez.
Busto do Doutor Paulo de Almeida Nogueira, um dos fundadores da Usina Ester, que fica na entrada na propriedade. Foto: Fernando Martinez.
Confesso que na minha cabeça nós iríamos nos deparar com um local em ruínas, totalmente fechado. No entanto ao chegar na Usina, que inclusive é de muito fácil acesso, vimos de cara a pujança do lugar, em pleno funcionamento. Dentro da usina, paramos próximo ao prédio administrativo e fomos até a guarita, para tentar uma primeira informação com o guarda. E para nossa surpresa, ele só apontou para o outro lado da rua. Ou seja, já estávamos em frente Estádio Dr. Sérgio Coutinho Nogueira.
Entrada do Estádio Dr. Sérgio Coutinho Nogueira e placa informativa datada de 1978, ano em que a União Funilense começou a disputar o futebol profissional. Fotos: Fernando Martinez.
Ao entrarmos, nos deparamos com um belo estádio e um time preto e branco jogando, e para nosso espanto era nada menos que a equipe B da União Esportiva Funilense fazendo a preliminar de um jogo da equipe principal, que começaria poucos minutos depois.
Uma das arquibancadas do estádio com a indicação da União Esportiva Funilense. Foto: Fernando Martinez.
Visão do gol dos fundos do estádio, com a bela vista do local. Foto: Fernando Martinez.
Antes de falar da partida e da situação atual do clube, vamos com um pouco de história. A saga da Usina Ester começa no longínquo ano de 1898, quando os senhores Arthur Nogueira, José Paulino Nogueira, Paulo de Almeida Nogueira, Sidrack Nogueira e Antonio Carlos Silva Telles (o Grupo Nogueira) adquiriram uma área de 6.000 alqueires, antes propriedade da Sul Brasileira e Colonizadora, presidida por Barão Geraldo de Rezende (O povoado recebeu também esse nome graças ao terminal funilense construído no mesmo ano. Somente em 1906 houve a mudança para Cosmópolis).
A propriedade era composta por quatro fazendas: A fazenda do Funil, fazenda da Grama (Três Barras), fazenda São Bento e fazenda Boa Vista. A principal era justamente a do Funil, com um engenho de pinga que produzia mais de 60 mil litros da bebida por ano. Em 1907, foi criada a Sociedade Anônima Usina Ester, nome dado em homenagem à D. Esther Nogueira, esposa de Paulo de Almeida Nogueira, primeiro presidente da sociedade.
Ao mesmo tempo, o futebol funcionou primeiro como uma diversão entre os funcionários da usina, e nas primeiras décadas algumas equipes jogaram por lá. Tres delas acabaram se fundindo, e em 1º de novembro de 1933, foi fundada a Associação Desportiva e Musical Usina Ester. Como a equipe disputava os torneios da Zona Funilense, não é difícil entender porque o nome foi posteriormente alterado para União Esportiva Funilense.
Escudinho utilizado pela ADM Usina Ester, posteriormente União Esportiva Funilense e ainda visto em algumas dependências do clube. Foto: Fernando Martinez.
Mas somente em 1978 a equipe resolveu se aventurar no profissionalismo. Foram 10 participações consecutivas, duas na quinta divisão (1978/79), e oito na terceira (de 1980 até 1987). A equipe sempre teve desempenhos medianos, e somente na terceirona de 1982, o time fez uma campanha memorável. Naquele ano, a Funilense foi vice-campeão da competição, chegando no quadrangular final junto com Barra Bonita (que foi a Campeã), José Bonifácio e Palmeirinha. O time não conquistou o acesso pois somente o campeão tinha esse direito. Depois de abandonar o profissionaismo, a equipe seguiu disputando campeonatos amadores da região.
Durante esses anos de profissionalismo, a Funilense disputou um total de 240 partidas. Somou 94 vitórias, 66 empates e 80 derrotas. O time anotou 335 gols e sofreu 289, tendo um saldo de gols positivo de 46 gols. A maior goleada do clube foi no dia 2 de agosto de 1981, quando venceu o Corinthians de Casa Branca por 7x0 fora de casa. Já a maior derrota aconteceu em 4 de junho de 1978, num 7x2 fora de casa contra o União Possense.
Time da União Funilense posado no seu estádio na temporada 1979, ano da segunda participação no profissionalismo. Reprodução: www.asmilcamisas.com.br.
Essa Volta ao Passado coincidiu com um jogo da equipe, e mesmo tendo um jogo para assistir à noite, ficamos por lá para acompanhar o jogo da União Funilense. O campo de jogo estava muito bem conservado, podendo voltar a abrigar, após pequenas reformas, jogos profissionais.
Chaminé da Usina Ester vista das arquibancadas do estádio. Foto: Fernando Martinez.
Uma visão geral do Estádio Dr. Sérgio Coutinho Nogueira. Foto: Fernando Martinez.
Detalhe das arquibancadas de concreto do estádio, essas ainda abertas para o público. Foto: Fernando Martinez.
Aqui as arquibancadas opostas, fechadas para a torcida e sem uma boa conservação. Foto: Fernando Martinez.
A partida principal do dia, justamente a que acompanhamos, foi entre a equipe principal da União Esportiva Funilense contra a equipe de uma empresa de Campinas. O jogo foi muito movimentado, e começou com a equipe visitante fazendo 2x0 em cima da UEF. No segundo tempo o jogo foi mais ríspido, e na base do abafa o time local conseguiu chegar ao empate de 2x2.
Time atual da União Esportiva Funilense, que ainda joga amistosos amadores dentro dos seus domínios. Foto: Fernando Martinez.
Ginásio do clube em bom estado de conservação. Foto: Fernando Martinez.
Mas além do jogo, fomos visitar as instalações do clube. Pudemos visitar a sala de troféus da Funilense, o ginásio e instalações para o lazer dos funcionários também. Aproveitamos para fazer a tradicional pergunta: "Existe alguma chance da equipe voltar ao futebol profissional?". A resposta foi a que já esperávamos: Não. A situação é tão complicada que nesse ano o time não vai sequer disputar o campeonato de Cosmópolis, quem diria então voltar ao profissionalismo.
Dois detalhes da grande sala de troféus da Funilense. Fotos: Fernando Martinez.
Local para lazer dos funcionários da Usina Ester. Foto: Fernando Martinez.
Mesmo sabendo das dificuldades, o que valeu mesmo foi conhecer tão belo local e saber que a União Esportiva Funilense ainda vive, mesmo que com muitas dificuldades. No entanto, isso sempre acaba nos deixando um fio de esperança de que a equipe um dia ainda volte a representar a cidade no profissionalismo.
Foi isso, mais uma Volta ao Passado no JP e mais um grande banho de cultura futebolística que recebemos com essa rápida visita a simpática Cosmópolis. E fica também os agradecimentos a todo pessoal da Usina Ester e da União Funilense que nos receberam com muito carinho, abrindo as portas do clube para a nossa visita.
Abraços!
Emerson/Fernando
meu pai jogou na epoca de 78 ou 79 neste time o apelido dele era Mulato de Campinas/sp
ResponderExcluirSou ex jogador e Comentarista Esportivo nas Cabine de Imprensa Ponte Preta e formado em Treinador de Base ou Profissional e estamos a disposição do clube e sou morador de Campinas/SP
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