Fala, pessoal!
Depois de acompanhar Bélgica x Argélia em BH, voei para a cidade de Campinas para poder descansar um pouco na residência da família Claudino. A estadia na cidade das andorinhas aconteceu pois na quarta-feira cedo partiríamos de Viracopos com destino à Porto Alegre, local do meu quinto jogo na Copa do Mundo: o sensacional Austrália x Holanda.
Na companhia da Van e do Luiz, peguei o voo da Azul sem atrasos - algo bastante inesperado - e pouco antes das 10 da manhã já estávamos no Salgado Filho numa fria manhã de junho na capital do Rio Grande do Sul. Depois de quatro jogos com calor, finalmente havia chegado o momento de curtir um joguinho em baixa temperatura.
Bandeira da Copa do Mundo tremulando com o vento frio em Porto Alegre. Foto: Fernando Martinez.
Como esse era o pré-jogo mais complicado de todas as partidas que planejei assistir, não podia perder nenhum segundo. Logo fomos nos informar sobre quais eram os ônibus que realizavam o trajeto entre o aeroporto e o Beira Rio. Pena que ali o nível de desinformação estava alto, pois além dos funcionários garantirem que não havia nenhum transporte especial para a Copa, nos mandaram pegar um ônibus de linha fora do Salgado Filho.
Por volta das dez e vinte da manhã nos encontrávamos num ponto ao lado da Estação Aeroporto da Trensurb, aguardando pacientemente a chegada do coletivo, mais conhecido como "T5". Quinze minutos depois ele chegou e a cobradora informou que o trajeto dali até o estádio não levava mais do que quarenta minutos em condições normais. É, mas não estávamos num dia nessas condições.
Tudo isso caiu por terra quando chegamos no centro da cidade. O busão lotou, o trânsito parou e o desespero tomou conta de todos que estavam ali com o objetivo de chegar relativamente próximos da casa colorada. Para piorar, o coletivo estava com um horroroso adesivo colado em todos os vidros e não tínhamos como ver o lado de fora. Ficamos literalmente enclausurados ali.
A tensão era enorme, e para piorar o astral ficamos sabendo que tinha sim um transporte do aeroporto até o estádio e que os funcionários de lá simplesmente deixaram de nos fornecer essa informação, provavelmente por pura incompetência. Troféu joinha para todos eles.
A passo de tartaruga fomos seguindo nas apinhadas ruas porto-alegrenses. O relógio era implacável e a cada minuto que passava ficava mais forte a certeza que perderíamos boa parte do jogo. Somente depois do meio-dia o ônibus conseguiu andar um pouco mais e para alívio geral, nos deixou a cerca de um quilômetro do Beira Rio às 12:27.
Fachada do belíssimo Beira Rio, palco de Austrália x Holanda. Foto: Fernando Martinez.
Agora era conosco, e faltando exatamente 33 minutos antes do pontapé inicial saímos correndo para tentar diminuir o prejuízo. O temor era que as gigantescas filas vistas no dia anterior em Belo Horizonte também estivessem presentes em Porto Alegre. Por milagre, deu tudo certo e entramos na casa colorada em menos de dois minutos. Num sprint final, fomos aos nossos respectivos lugares e nem bem nos sentamos nas confortáveis cadeiras os times foram ao gramado. Ufa!
Times perfilados para os hinos nacionais. Foto: Fernando Martinez.
Na base do milagre chegamos a tempo, e só aí o pensamento futebolístico passou a ser prioridade. Austrália e Holanda se encontraram para a partida em situações opostas. Os Socceroos haviam sido derrotados na estreia - 3x1 para o Chile em jogo com presença do JP - e a Holanda havia massacrado a campeã mundial Espanha por sonoros 5x1. Por motivos óbvios, todo mundo esperava mais uma grande vitória da Laranja Mecânica.
Detalhe da grande presença de holandeses em Porto Alegre. Foto: Fernando Martinez.
Cabines de imprensa do Beira Rio. Foto: Fernando Martinez.
Vale lembrar que esse foi o primeiro jogo da Copa do Mundo em que vi duas seleções novas para a minha Lista... e que seleções! A Austrália é legal por si só, mas a meta era mesmo ver um joguinho do selecionado laranja, um sonho de criança, claro, por conta do que os europeus fizeram nos anos 70.
Davidson, camisa 3 da Austrália, atacando pela esquerda. Foto: Fernando Martinez.
Depois de tanta luta para chegar a tempo, fui recompensado com um dos melhores jogos do Mundial, entrando no pódio do certame. A Austrália fez uma partida incrível e igualou as ações com seu adversário na base da superação. A Holanda foi anulada e suou sangue para conquistar os três pontos.
A zaga holandesa trabalhou muito durante todo o tempo. Foto: Fernando Martinez.
Grande chance australiana. Foto: Fernando Martinez.
Os holandeses, assustados com o ímpeto australiano, abriram o placar com o gol de Robben aos 20 minutos. Na saída de bola um dos gols mais sensacionais da Copa do Mundo saiu dos pés de Cahill. Ele acertou um chutaço sem pulo de esquerda, estufando as redes de Cillessen e levando o público de 42.877 pagantes ao delírio.
Placar eletrônico informando o segundo gol de Cahill na Copa, um dos mais belos do Mundial 2014. Foto: Fernando Martinez.
O primeiro tempo terminou em 1x1, e aos 9 do tempo final a torcida foi à loucura com a virada da Austrália no gol de pênalti de Jedinak. Esse gol acordou os holandeses e quatro minutos depois Van Persie deixou tudo igual novamente.
De pênalti, a Austrália virou o placar aos 9 do segundo tempo. Foto: Fernando Martinez.
Bola esticada no ataque holandês. Foto: Fernando Martinez.
Grande investida holandesa. Foto: Fernando Martinez.
Daí até o final qualquer uma das seleções poderia ter feito o terceiro. Para a tristeza da maioria dos torcedores presentes no Beira Rio, quem marcou foi Depay aos 23 minutos, marcando a segunda virada da fria tarde de Porto Alegre.
Alex Wilkinson levantando a bola para o setor defensivo dos Socceroos. Foto: Fernando Martinez.
Boa cobrança de falta para a Austrália. Foto: Fernando Martinez.
O placar final da eletrizante partida ficou em Austrália 2-3 Holanda e que somado ao genial Espanha 0-2 Chile realizado horas depois no Maracanã, classificou o selecionado europeu e eliminou o time da Oceania. Holanda e Chile fizeram a decisão do primeiro lugar do Grupo B no dia 23 de junho na Arena Corinthians, jogo que também teve cobertura do JP.
Visão geral do belíssimo Beira Rio, o segundo estádio mais bonito que visitei na Copa (o primeiro foi o de Brasília). Foto: Fernando Martinez.
Após o apito final o relógio marcava pouco mais de três da tarde e nosso voo de volta para São Paulo estava marcado nada mais, nada menos para seis da manhã do dia seguinte. Agora teríamos que enfrentar 15 horas sem nada pra fazer na capital do Rio Grande do Sul.
Por sorte existe um shopping perto do Beira Rio e passamos boa parte do tempo ensebando no estabelecimento. Por volta das 21 horas pegamos o coletivo até o aeroporto, ainda sem saber como passaríamos a madrugada. Menos mal que descobrimos que a Fun Zone montada por lá tinha um grande espaço para descanso com algumas almofadas confortáveis e muitos estrangeiros. Dormimos gloriosamente no chão local até chegar a hora de voltar para casa.
Moído de tanto cansaço cheguei no meu QG ao meio-dia da quinta-feira. A segunda parte das viagens da Copa havia terminado e agora teria 24 horas para um razoável descanso antes de iniciar a terceira e penúltima parte, realizada inteiramente na região Sul.
Até lá!
Fernando