Opa,
Sem medo de errar, posso dizer que meu terceiro jogo na Copa do Mundo, o duelo entre Suíça e Equador em Brasília, foi minha verdadeira "estreia" no certame. A presença da seleção brasileira na abertura e toda a bagunça que vivi no sábado em Belo Horizonte me deixaram longe do famoso "clima de Copa".
Tudo mudou quando cheguei na capital federal para acompanhar o primeiro jogo do Grupo E, marcado para o Estádio Nacional de Brasilia Mané Garrincha. A recepção foi sensacional, e o amigo Raul, do ótimo Campo de Terra, e sua família me ajudaram no quesito hospedagem, algo fundamental para ficar bem nas 32 horas que passaria na cidade.
A belíssima fachada do Estádio Nacional de Brasilia Mané Garrincha para o primeiro jogo de Copa do Mundo na cidade. Foto: Fernando Martinez.
Depois de não dormir da sexta para o sábado, consegui descansar perfeitamente na madrugada do domingo, ficando zerado para "matar" um estádio e colocar a Schweizer Nati na Lista. De todas as seleções que se classificaram para essa Copa, a Suíça era um dos meus maiores "alvos".
Desde criança ouvi histórias sobre tudo que rolou no clássico Brasil 2-2 Suíça realizado no Pacaembu na Copa de 1950. Meu saudoso avô foi testemunha in loco daquela peleja, assim como de todas partidas realizadas em São Paulo naquele Mundial, e do nada criei uma grande simpatia pelo time alvirrubro.
O jogo estava marcado para as 13 horas, e chegamos nas redondezas do Mané Garrincha faltando pouco menos de duas horas para o apito inicial. Um ponto alto que vivi ali foi a facilidade de se chegar de carro no estádio. Conseguimos estacionar bem perto e andamos apenas cerca de 10 minutos até chegar nos portões de entrada.
Logo eu, o Raul e seu pai Ronaldo, gente finíssima, fomos para uma das várias filas formadas ali. Por sorte elas não estavam tão grandes assim. Se tivéssemos chegado meia hora depois, teríamos enfrentado um verdadeiro inferno. Essas filas se tornaram absurdamente gigantes por conta da revista local e ouvimos vários relatos de pessoas que entraram somente no final do primeiro tempo. Um absurdo.
Grande rampa que dá acesso às arquibancadas do estádio com suas gigantescas colunas. Foto: Fernando Martinez.
Visão das enormes filas antes do jogo. Foto: Fernando Martinez.
Bom, já dentro do Estádio Nacional pude conferir o motivo de muitos considerarem esse o campo mais bonito da Copa. Os acessos às arquibancadas são bastante espaçosos e há muito espaço para o escoamento do público. A maior surpresa porém acontece quando finalmente chegamos ás cadeiras. O lugar é simplesmente colossal.
A percepção que temos é de estar num daqueles estádios monumentais da Copa de 1986. Do lugar que fiquei, lá no alto, a visão foi completa de todo o complexo. O local é tão íngreme que há um ferro separando cada degrau e também corrimões nas escadarias. Impossível não se impressionar com a grandiosidade novo Mané Garrincha.
Seleções da Suíça e do Equador entrando em campo para a estreia na Copa do Brasil. Foto: Fernando Martinez.
Após conhecer bem as instalações do local fui procurar meu lugar. A cadeira de lá é confortável, mas o espaço entre as fileiras é um tanto quanto apertado. Nesse jogo tive a companhia de uma simpática mineira, um brasiliense e de John, um simpaticíssimo inglês torcedor ferrenho do Chelsea que via seu primeiro jogo em Copas.
Confusão dentro da área do Equador. Foto: Fernando Martinez.
Ataque europeu pela direita. Foto: Fernando Martinez.
Dali vimos um belo jogo de futebol. Suíça e Equador eram enormes incógnitas antes dessa partida e eu não sabia o que esperar. Empurrado pela grande torcida equatoriana presente, o time azul e amarelo começou melhor e o camisa 13 Valencia deixou a equipe sul-americana em vantagem no tempo inicial com um gol aos 22 minutos.
Primeiro gol do jogo, marcado por Valencia. Foto: Estevan Mazzuia.
Jogadores aguardando cobrança de escanteio dentro da área do Equador já no segundo tempo. Foto: Fernando Martinez.
Ataque sul-americano pelo alto. Foto: Fernando Martinez.
Para o tempo final tive também a companhia do Estevan, no primeiro dos três jogos - cada um numa região diferente do país - que o encontrei. Nem bem a peleja havia recomeçado e Mehmedi deixou tudo igual com um belo gol de cabeça no seu primeiro toque na pelota.
Valencia, autor do gol do time azul, armando mais uma jogada de ataque. Foto: Fernando Martinez.
Ótima defesa do goleiro Benaglio. Foto: Fernando Martinez.
O jogo continuou muito bem disputado e os 68.351 pagantes presenciaram uma série de ataques perigosos dos dois times. Só que as maiores emoções ficaram para os acréscimos. Aos 47, o Equador perdeu um gol feito por puro preciosismo. Na sequência, a Suíça conseguiu armar um belíssimo contra-ataque que terminou com a conclusão certeira de Seferovic aos 48 minutos.
Visão geral do Mané Garrincha completamente lotado para Suíça x Equador. Foto: Fernando Martinez.
Comemoração do segundo gol suíço no último lance da partida. Foto: Fernando Martinez.
O placar final de Suíça 2-1 Equador acabou praticamente definindo a sorte do grupo já na rodada inicial. O time europeu, mesmo perdendo para a França na segunda rodada, se classificou para as oitavas-de-final após vencer Honduras no terceiro jogo. O onze equatoriano venceu o time da América Central na sua segunda partida - a qual também estive presente - e depois empatou sem gols com os franceses.
O "pós-jogo" foi sensacional e participamos de uma enorme confraternização de suíços, equatorianos e um sem número de pessoas de várias nacionalidades. Era camaronês pra cá, dominicano pra lá, numa interação que só eventos como a Copa do Mundo pode proporcionar. Muito tempo depois saímos do estádio e fomos fazer uma boquinha num shopping da cidade.
Confraternização entre todas as torcidas após o jogo em Brasília. Sempre um dos pontos altos nos jogos da Copa. Foto: Fernando Martinez.
A alucinada torcida da Suíça comemorando a grande vitória nas escadarias do estádio. No meio dos europeus, uma bandeira do União Barbarense. Só na Copa você vê algo assim. Foto: Estevan Mazzuia.
Deu tempo ainda de assistir Argentina x Bósnia na casa dos grandes amigos antes de cair no sono. Voltei para São Paulo na segunda-feira bem cedinho para um raro momento de descanso no meu lar. Na manhã de terça começou a segunda parte das viagens, com mais uma peleja realizada em Belo Horizonte.
Até lá!
Fernando!
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