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quinta-feira, 31 de outubro de 2019

JP na Copa do Mundo sub-17 (parte 4): Festa haitiana em triunfo sul-coreano

Texto e fotos: Fernando Martinez


A segunda sessão futebolística realizada no Estádio Hailé Pinheiro no domingo, 27 de outubro, fechou a rodada inicial do Grupo C da Copa do Mundo sub-17. Depois do triunfo francês em cima dos chilenos, tivemos a chance de acompanhar de perto o genial duelo entre Coreia do Sul e Haiti no gramado da Serrinha. Sendo fã de um belo jogo perdido posso afirmar que esse é o tipo de confronto que dá mais graça a um mundial.

Apesar de ser figurinha carimbada nas Copas do Mundo, tendo participado das últimas nove edições do maior torneio do planeta, a Coreia do Sul está somente na sua sexta participação no sub-17. Após ficarem de fora em 2017, retornaram ao campeonato ao alcançarem a semifinal do sub-16 da AFC. O cotejo decisivo foi contra a Índia e o triunfo foi pela contagem mínima. Não fiquei tão feliz não, já que a rapaziada da terra do k-pop já estava na minha Lista desde 2014. Além disso, também os vi na Olimpíada e num amistoso genial pré-Jogos no Pacaembu contra a Suécia. Seria bem mais interessante se os indianos tivessem vindo ao Brasil.

Já o Haiti... bom, eles fazem parte da Lista desde o ano 2000. Em janeiro daquele ano vi eles serem derrotados pelo Avaí no Morumbi (!) por 3x2. Poder voltar a vê-los em ação quase 20 anos depois foi muito legal. Jogando o certame sub-17 da CONCACAF eles ficaram em primeiro num grupo com El Salvador, Honduras e Guiana, eliminaram a República Dominicana nas oitavas e definiram a vaga em novo desafio contra os hondurenhos nas quartas. O 1x1 levou a decisão aos pênaltis e então venceram heroicamente por 4x3. Apenas pela terceira vez na história a primeira nação independente da América Latina se classificou para um campeonato da FIFA. A primeira tinha sido na Copa de 1974 e a segunda no mundial sub-17 de 2007.

Falando no Haiti, o maior destaque ficou por conta da enorme presença de torcedores centro-americanos no campo do Goiás. Durante o segundo tempo da preliminar eles começaram a tomar conta do estádio e boa parte deles acabou se postando no gol à direita da TV. A animação da rapaziada foi sensacional, dando ao encontro um clima de decisão mesmo sendo a estreia. Nem com a atuação limitada e nada surpreendente dos meninos da Pérola das Antilhas eles deixaram de cantar.



As seleções sub-17 de Coreia do Sul e Haiti antes da estreia de ambas na Copa do Mundo

Se eu passei um calor monstro por ter ficado debaixo do sol na preliminar, nesta peleja não teria erro, já que a noite tinha chegado em Goiânia. Se não tinha tanto vento como no sábado, pelo menos o astro-rei tinha ido embora. Ainda não tinha entendido direito os comandos da câmera que levei na viagem - fui aprender apenas no dia seguinte - e só consegui captar fotos mais ou menos. Escolhi acompanhar o ataque sul-coreano por crer que eles se sairiam melhores. Bingo.

A rapaziada foi bem, principalmente durante o primeiro tempo. Aos 17 minutos Eom Ji-Sung, camisa 16, chutou de longe e Stephner Paul fez boa defesa. Aos 21, a primeira e única chance haitiana quando Maudwindo Germain cabeceou bem na pequena área e Songhoon fez brilhante defesa. Aos 26 o marcador foi inaugurado com uma lambança do goleiro centro-americano. Jisung cobrou falta da direita e a bola foi em caminho ao gol. O arqueiro estava adiantado, tentou voltar e, atrasado, viu a pelota o encobrir. O camisa 1 ainda tocou na gorduchinha de leve, porém não teve como impedir o tento que tirou o zero do placar.

O Haiti sentiu o golpe e aos 40 minutos sofreu o segundo. Num roubo de bola na intermediária, Jaehyeok foi lançado e cruzou para Minseo no meio da área. O camisa 9 tocou sem marcação e colocou no canto esquerdo num daqueles gols que vemos no video game. Dois fotógrafos da Coreia do Sul que estavam do meu lado estavam animadíssimos, sorrindo à toa. Aliás, encontrar pessoal da imprensa de tudo que é canto do mundo foi um dos destaques durante a viagem. Pena que, como sempre, os profissionais locais deram pouca importância ao certame.

Agora, não há como negar que o momento mais genial da peleja foi off-futebol. Por volta dos 30 minutos um emocionado torcedor haitiano resolveu cruzar o campo com uma bandeira do seu país. O maluco engatou a quinta marcha e não teve como os fiscais da FIFA notarem o intruso. A velocidade foi tão grande que eu só consegui perceber a presença do intrépido moço quando ele estava já quase do outro lado. Por sorte, consegui captar a criança pulando a mureta que separa o campo da arquibancada. Aliás, ele foi devidamente detido pouco depois, quando já estava com uma camisa diferente entre os torcedores tentando confundir os injuriados engravatados.


Eom Jisung (16) e Stanley Guirand (5) em lance no ataque sul-coreano


Maudwindo Germain (13) observando a escapada de Eom Jisung (16) pela direita


Stephner Paul, goleiro do Haiti, e a caçada de borboleta monstro que resultou no primeiro gol da Coreia do Sul


A feliz comemoração dos asiáticos no primeiro tento na Serrinha


Kurowskybob Pierre (4) afastando o perigo que rondava a meta haitiana


O intrépido torcedor do Haiti que passeou pelo gramado da Serrinha. Ele foi tão rápido que só consegui tirar a foto dele saindo do campo


Choi Minseo (9) chutando para fazer o segundo gol da Coreia do Sul. Kurowskybob Pierre (4) se jogou mas não evitou o tento

Voltando para a vaca fria, quando a segunda etapa começou lá estava eu vendo de perto o ataque sul-coreanos novamente. Os asiáticos chegaram com perigo várias vezes, bem mais do que nos primeiros 45 minutos. Mas assim como o Equador diante da Austrália no sábado, os avantes meteram um salto alto monstro e desperdiçaram chances tão claras que até eu na minha forma física atual faria. Eles pensaram certamente que ampliariam a vantagem na hora que quisessem.

É, só que o terceiro gol não saiu e a cada momento perdido o Haiti ficava com um pouquinho mais de esperança. Esperança que cresceu aos 34 minutos quando Lee Taeseok tomou o segundo amarelo e foi expulso. Os centro-americanos então ocuparam o setor defensivo adversário e diminuíram aos 43. Herard cruzou da direita, a zaga afastou mal e Carl Sainte acertou um belo chute de fora da área, fazendo o primeiro. Os minutos finais foram emocionantes. A Coreia quase fez o terceiro aos 46 num contra-ataque que terminou com o chute de Jeong Sang-Bin. Aos 46 e 47, duas grandes oportunidades haitianas que não foram convertidas.


Zaga sul-coreana neutralizando chegada do Haiti no começo do tempo final


Escanteio dentro da área centro-americana e corte de Kervens Jolicoeur (9)


Carl Sainte (18) e bom ataque do Haiti


Yoon Sukju (6) e a marcação de Carl Sainte (18)


Samuel Jeanty (3) protegendo a pelota de atacante Moon Junho (18), conhecido como Lua Junho no Brasil

No fim, o placar de Coreia do Sul 2-1 Haiti acabou sendo justo por conta da seleção que teve melhor aproveitamento ofensivo. Boa estreia coreana na busca de pelo menos igualarem as melhores campanhas na história da competição, as quartas de 1987 e 2009. Já os centro-americanos seguem sem triunfos na história do mundial. O único ponto conquistado foi, incrível, um empate com a França na solitária participação em 2007. Eles são os mais fracos do grupo e dificilmente conseguirão forças para passar de fase.

Essa foi a minha despedida pessoal da cidade de Goiânia na Copa do Mundo sub-17. Por conta disso, saí junto com os três amigos presentes em busca de um lugar para encerrarmos a primeira fase da viagem com chave de ouro. Já era tarde e conseguimos no laço achar uma pizzaria ótima não tão longe dali. Enchemos o bucho comemorando o sucesso da empreitada e que o primeiro terço da programação foi finalizado de forma perfeita.

Chegamos no hotel com tempo de arrumar as coisas antes de emplacar uma noite de sono boa, porém curta. Na segunda-feira de manhã já estava de pé para, junto com o amigo Bruno, pegar a estrada e percorrer os 200 quilômetros até a capital federal de ônibus. É, tinha chegado a hora de voltar a ver futebol em Brasília após cinco anos de ausência.

Até lá!

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Ficha Técnica: Coreia do Sul 2x1 Haiti

Local: Estádio Hailé Pinheiro (Goiânia/GO); Árbitro: Victor Gomes (AFS); Público: 1.433 pagantes; Cartões amarelos: Lee Taeseok, Kim Ryunseong, Moon Junho, Stanley Guirand; Cartão vermelho: Lee Taeseok 34 do 2º; Gols: Eom Jisung 26 e Choi Minseo 41 do 1º, Carl Sainte 43 do 2º.
Coreia do Sul: Shin Songhoon; Lee Taeseok, Son Hojun, Lee Hanbeom, Hong Sungwook e Kim Ryunseong (Moon Junho); Yoon Sukju, Oh Jaehyeok e Paik Sanghoon (Kim Yonghak); Choi Minseo e Eom Jisung (Jeong Sangbin). Técnico: Kim Jung Soo.
Haiti: Stephner Paul; Jean Geffrard, Samuel Jeanty, Kurowskybob Pierre (Woodbens Ceneus) e Stanley Guirand; Corlens Etienne, Maudwindo Germain (Frantzety Herard) e Carl Sainte; Olsen Aluc (Kervens Jolicoeur), Dany Jean e Fredler Christophe. Técnico: Miguel Perdomo. 
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JP na Copa do Mundo sub-17 (parte 3): França derruba o Chile em Goiânia

Texto e fotos: Fernando Martinez


Depois de iniciar os trabalhos na Copa do Mundo sub-17 no sábado, dia 26, a madrugada foi de pouquíssimo sono já que temos que pagar os boletos. Por volta da uma da tarde já estava de pé e 100% alerta pois o certame pedia passagem novamente. A pedida do domingo foi ver de perto a rodada dupla que abriu o Grupo C. O primeiro jogo foi bastante especial pois finalmente eu coloquei a França na Lista, fechando com louvor o grupo de oito campeãs mundiais. O adversário dos azuis era o Chile. Os "rojos" agora são a segunda seleção sul-americana que mais vi.

Goiânia foi a única sede da Copa com duas canchas, então, diferente do sábado, quando fomos a pé até o Olímpico, seguimos de carro até o bairro de Santa Bela Vista, área nobre da cidade que hospeda a sede social do Goiás EC e por consequência o belo Estádio Hailé Pinheiro. As ruas da Capital do Cerrado estavam vazias e o trajeto de quatro quilômetros foi percorrido rapidinho. Destaque para o calor, bem mais intenso do que no dia anterior.


A sede do Goiás EC na Serrinha. O Hailé Pinheiro é acanhado mas absolutamente genial

Estávamos em busca de um lugar para fazer aquela boquinha esperta e na base da surpresa encontramos uma lanchonete fast food bem ao lado do estádio. Melhor impossível, pois aproveitamos a deixa e deixamos o possante ali mesmo. Enquanto aguardávamos - eu, Caio e Bruno, o trio oficial da Copa do Mundo sub-17 - os sanduíches naturais ficarem prontos, o amigo-abelha Renato Rocha deu o ar da graça sempre com a cuca ligada no 220. Vindo de Brasília, ele fez uma participação especial no nosso cronograma.

Após enchermos o bucho, só atravessamos a rua e logo estávamos na frente do complexo esportivo do onze esmeraldino. Enquanto os amigos foram ao portão de entrada, eu segui até o espaço reservado à imprensa. Os voluntários foram muito simpáticos e prestativos, um dos pontos altos de Goiânia. Peguei as escalações oficiais, uma caneta e um pin com o logo da Copa (aliás, bola fora a falta total de lojas oficiais nas sedes, um vacilo enorme do comitê organizador) e fui ao gramado.

Quando pisei no tapete verde tive uma impressão melhor do estádio e ela foi a melhor possível. O local é um caldeirão, todo ajeitado e com instalações aconchegantes. A Serrinha, como é popularmente conhecida, foi construída em 1995 e remodelada em três oportunidades. A capacidade atual é de pouco menos de dez mil pessoas. Entre as adaptações feitas para os oito jogos da Copa, o alambrado foi totalmente retirado, deixando a atmosfera espetacular. Nunca tinha visto o público tão perto dos atletas num jogo de futebol.



Detalhe das duas partes cobertas da Serrinha

Falando da partida em si, podemos dizer que França e Chile não são habitués do torneio, afinal, foi apenas a sétima e quinta participações de cada um, respectivamente. Se os sul-americanos tem o terceiro lugar de 1993 como melhor colocação na história, os europeus conquistaram o título em 2001 após derrotarem a toda poderosa Nigéria na decisão do certame realizado em Trinidad & Tobago.

Os atuais campeões do mundo se garantiram no mundial sem dificuldades. Eles ficaram em primeiro lugar no Grupo B da Euro sub-17, eliminando de tabela a Inglaterra, última campeã. Decidiram a vaga contra a República Tcheca e a goleada de 6x1 os trouxe ao Brasil. Na sequência, foram derrotados pela Itália na semi. Já a presença chilena foi garantida sem sustos com o vice no sul-americano sub-17 da Conmebol em abril.

Teve um pessoal que viu alguns treinos da rapaziada da terra da Torre Eiffel e ficou bem animado com o que presenciou. Garantiram que a França era a maior candidata ao título. Vários atletas se destacaram, e o principal deles foi o camisa 10 Adil Aouchiche, jogador mais novo a atuar com a camisa do Paris Saint-Germain num jogo da Ligue 1. Ele foi o artilheiro da Euro sub-17 marcando nove dos 14 gols azuis. Claro que o fato de ter nascido num 15 de julho (de 2002) ajuda, já que é o melhor dia do ano, mas não é só isso.



Chile e França antes do duelo que abriu as disputas do Grupo C da Copa do Mundo sub-17


Foi difícil fazer foto do trio de arbitragem no Mundial, essa aqui foi uma das duas que consegui. O árbitro Ivan Barton e o primeiro assistente David Santos eram de El Salvador, o segundo assistente Juan Gabriel Calderon da Costa Rica e o quarto árbitro Armando Villareal dos Estados Unidos

Enquanto assimilava o clima do ambiente, conversei com os voluntários presentes, o pessoal da FIFA e até com os amigos na arquibancada já que apenas um muro na altura da cintura nos separavam. Logo a cerimônia oficial começou e foi muito legal ouvir pela segunda vez (a primeira foi na Olimpíada) a Marselhesa ao vivo. Outro detalhe que valeu a pena foi ver a França com sua combinação tradicional e não toda de azul como aconteceu em alguns torneios recentes. Captei as fotos posadas dos dois e logo fui ao meu lugar. Como ainda não tinha aprendido o esquema que a FIFA faz nos seus torneios - contarei sobre isso nos posts dos jogos de Brasília - infelizmente fiquei perto dos avantes sul-americanos. Nada contra, claro, é que eu pensava que o selecionado europeu seria mais perigoso.

Não sei se por ser a estreia, por estar calor ou por algum motivo alheio aos olhos mais críticos, o fato é que o primeiro tempo foi bem ruim e decepcionante. As duas seleções mostraram muitas falhas e poucos momentos dignos de registro aconteceram. A animação das arquibancadas - a galera estava no esquema de aplaudir até cobrança de lateral - não foi transmitida aos jogadores e os 45 minutos demoraram duas horas e meia para passar.

Para não dizer que não rolou nada, teve um bom lance de cada lado. Aos dez minutos o camisa 9 Alexander Aravena recebeu bom passe no meio, avançou entre os zagueiros, viu o goleiro Zina sair desesperado e chutou forte de fora da área. A bola caprichosamente bateu na trave. Um pecado. A França teve mais posse, porém perigo mesmo levou somente aos 36 minutos, quando Aouchiche bateu a carteira de um adversário no meio-campo, avançou e emendou um tiro maravilhoso que entraria no ângulo esquerdo. Julio Fierro fez sensacional defesa.


Kennan Sepulveda (18) em bom ataque do Chile no começo do jogo


Brandon Soppy (19) mandando a bola longe da área da França


Luis Rojas (20) pelo meio, perto dele a marcação de Chrislain Matsima (4)


Novamente Kennan Sepulveda (18) investido pela esquerda encarando Brandon Soppy (19)


Cristian Riquelme (4) e Isaac Lihadji (18) em lance próximo da linha lateral


O magnífico entardecer de Goiânia. Um presente a todos os que compareceram na Serrinha

Foi com o 0x0 que a etapa inicial chegou ao fim. Aproveitei, fui tomar uma água e também um cafezinho maroto na área de imprensa. Pensei em ficar próximo do ataque francês no segundo tempo pois acreditava numa atuação mais eficiente dos atletas da frente. Só que eu dei uma moscada monstra e, maravilhado pelo belíssimo entardecer de Goiânia, mudei de lado junto com os avantes chilenos. Resultado, a França melhorou e eu fiquei acompanhando de longe. Vacilo imperdoável da minha parte.

Aos 14 minutos, Aouchiche, quase sempre comandando as ações ofensivas, finalizou da intermediária e acertou a trave esquerda. Na sequência, Vicente Pizarro derrubou Brandon Soppy dentro da área. Pênalti que Lucien Agoume bateu milimetricamente no canto direito, abrindo o marcador. No minuto seguinte o camisa 10 fez boa tabelinha com Isaac Lihadji e a troca de passes terminou com a precisa finalização do camisa 16. O goleiro Fierro falhou e deixou a pelota passar debaixo dele.

Melhor no gramado, Mbuku quase fez o terceiro aos 33 quando invadiu sozinho a área e chutou pela linha de fundo. Rutter aos 36 e Aouchiche aos 38 também quase marcaram. O Chile não conseguiu emplacar uma mísera chance com perigo durante a segunda etapa. Nas arquibancadas os torcedores do selecionado andino não estavam nem aí e cantaram a plenos pulmões, sem se importar com o que rolava no gramado.


Alexander Oroz (11) dividindo com Timothee Pembele (3) no começo do segundo tempo


Lucien Agoume (6) abriu o marcador para a França aos 18 da etapa final


Bola alçada na área europeia. Só que o Chile não foi capaz de assustar de verdade durante os últimos 45 minutos


Brandon Soppy (19), superlativo na defesa francesa, sob o olhar de Kennan Sepulveda (18)


Georginio Rutter (9) em lance no círculo central. Vicente Pizarro (6) e Adil Aouchiche (10) observam, cada um de um lado


Outro lance com a presença de Brandon Soppy (19) e Kennan Sepulveda (18) no ataque sul-americano


O placar final de França x Chile mostrou que o selecionado europeu é um dos favoritos do certame

No fim, o resultado de França 2x0 Chile ficou até barato por conta dos 45 minutos finais dos azuis. Não cheguei a ver um poderio absurdo como o que tinha ouvido falar, mas acredito que a rapaziada tem plenas condições de emplacar uma bela campanha. O Chile também tem grande possibilidade, já que os outros dois adversários são bem mais fracos. Falando nisso, o duelo de fundo foi um daqueles absolutamente geniais que só uma Copa do Mundo pode proporcionar.

Até lá!

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Ficha Técnica: França 2x0 Chile

Local: Estádio Hailé Pinheiro (Goiânia/GO); Árbitro: Ivan Barton (Esl); Público: 1.469 pagantes; Cartões amarelos: Nathanael Mbuku, Vicente Pizarro; Gols: Lucien Agoume (pen) 18 e Isaac Lihadji 19 do 2º.
França: Melvin Zinga; Timothee Pembele, Chrislain Matsima, Nianzou Kouassi e Brandon Soppy; Lucien Agoume, Adil Aouchiche, Naouirou Ahamada (Enzo Millot); Arnaud Kalimuendo-Muinga (Georginio Rutter), Nathanael Mbuku e Isaac Lihadji (Haissem Hassan). Técnico: Jean-Claude Giuntini.
Chile: Julio Fierro; Cristian Riquelme, Daniel Gonzalez, Bruno Gutierrez e Daniel Gutierrez; Vicente Pizarro, Cesar Perez (Joan Cruz) e Luis Rojas; Alexander Aravena (Lucas Assadi), Alexander Oroz (Gonzalo Tapia) e Kennan Sepulveda. Técnico: Cristian Leiva.
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quarta-feira, 30 de outubro de 2019

JP na Copa do Mundo sub-17 (parte 2): Equador vence a Austrália no Olímpico

Texto e fotos: Fernando Martinez


Fechando a rodada de abertura do Grupo B da Copa do Mundo sub-17, as seleções de Equador e Austrália foram ao gramado do Estádio Olímpico Pedro Ludovico buscando chegar à liderança da chave junto com a Nigéria (os africanos venceram a Hungria na preliminar por 4x2). Apesar dos dois já estarem na Lista (o Equador desde 2000, a Austrália desde 2014), a expectativa era grande já que é o tipo de confronto que somente mentes avançadas conseguem imaginar.

Os australianos se classificaram pela 13ª vez para um mundial, a maior parte deles - dez das onze Copas até então - ainda quando eram filiados à OFC, a Confederação da Oceania. A partir de 2006, ano da mudança para a AFC, a Confederação Asiática, eles participaram somente de três dos sete torneios realizados. Na disputa do torneio sub-16 asiático eles eliminaram de forma direta a Indonésia num triunfo por 3x2.

Já a presença dos equatorianos, a quinta na história dos mundiais, foi garantida na base do sofrimento. O time chegou na rodada final do sul-americano disputado no Peru precisando "apenas" vencer a Argentina, virtual campeã, por três gols de diferença. O detalhe é que, mesmo perdendo por três gols, os portenhos ficariam com o título. Coincidentemente ou não, o resultado do confronto foi de 4x1 a favor do Equador. Por ter um gol a mais de saldo, eles eliminaram os donos da casa. (Bom, eu acho que Peru x Indonésia seria bem mais genial, mas tudo bem)



As imagens oficiais das seleções sub-17 de Equador e Austrália



Dois detalhes do Estádio Olímpico de Goiânia: primeiro a parte coberta com as cabines de imprensa e depois a arquibancada oposta

Boa parte dos presentes na primeira peleja do dia foi embora no duelo "principal", deixando a cancha com cerca de 300 presentes. Quem ficou viu uma partida boa, muito por conta da ótima atuação do Equador na primeira parte da peleja. Antes dos dez minutos, os sul-americanos já venciam por 2x0. O primeiro tento saiu aos quatro dos pés de Pluas. O camisa 14 aproveitou rebote e chutou forte. A bola desviou em Powell e morreu no canto direito. Aos nove, Pedro Vite avançou pela esquerda e cruzou. No meio do caminho Mlinaric tentou tirar e colocou dentro das próprias redes, marcando contra.

O 2x0 não diminuiu o ímpeto e várias vezes durante a etapa inicial os avantes da terra de Aguinaga - o Álex, craque dos anos 90/2000 e não o Pedrinho, bon vivant carioca dos anos 70 e amigo pessoal de Carlos Imperial - chegaram dentro da área dos Socceroos. Da minha parte, estava apanhando da câmera fotográfica que levei, cortesia da simpatia do amigo Luciano Claudino, e usava pela primeira vez. A iluminação do Olímpico é ótima, porém eu ainda não tinha encontrado as configurações certas.


Jordan Courtney-Perkins (4) cortando cruzamento equatoriano sob o olhar atento de Anton Mlinaric (15), Trent Ostler (14) e Ryan Teague (6)



Adam Pavlesic, goleiro australiano, imóvel depois de sofrer o primeiro gol da noite em Goiânia e a comemoração equatoriana



Pedro Vite (19) chutando da esquerda para Anton Mlinaric, zagueiro da Austrália, marcar contra. Mesmo não sendo seu gol, o atleta sul-americano comemorou como se tivesse sido seu


Roberto Cabezas (6) e a marcação de Luis Lawrie-Lattanzio (20)


Agora a vez de Johan Mina (10) criar momento perigoso dentro da área, para desespero de Luis Lawrie-Lattanzio (20)

Diferente da preliminar, eu mudei de lado nos 45 minutos finais para alternar o ângulo das imagens. Não dei tanta sorte na escolha... acontece. A superioridade equatoriana continuou evidente, só que os jogadores colocaram um belo salto alto. O que teve de bom momento desperdiçado por puro preciosismo foi absurdo. Os australianos aos poucos foram encontrando forças e também passaram a criar suas oportunidades.

Conforme o apito final chegava, o Equador pensou apenas em segurar a vantagem. Essa atitude chamou de vez o onze oceânico para seu campo. Pouco depois dos 40 minutos, Teague quase diminuiu em lance que o goleiro Joan Lopez fez milagre. Já aos 44 não teve jeito e Noah Botic fez o dele. Pena que o tento tenha saído tarde demais. Mesmo assim nos acréscimos eles tiveram uma derradeira chance e por pouco não chegaram ao empate.


John Mercado (17) disputando bola pelo alto com Birkan Kirdar (8)


Boa chegada equatoriana dentro da área da Austrália com John Mercado


Patrickson Delgado (15) em novo bom momento do Equador pela direita. Izaack Powell (5) acompanhou de longe


Zaga sul-americana neutralizando a pressão da Austrália nos minutos finais da peleja


Resultado final da partida que fechou o primeiro dia do JP na Copa do Mundo sub-17

O resultado final de Equador 2-1 Austrália acabou sendo justo pelo que os sul-americanos mostraram nos primeiros 45 minutos. Pensando no andamento do campeonato, ficou claro que eles não poderiam vacilar tanto novamente. Ao término da rodada inicial do Grupo B da Copa do Mundo sub-17, Nigéria e Equador somavam três pontos, enquanto Hungria e Austrália estavam zerados. Todos ainda com plenas possibilidades de classificação.


Debaixo da parte coberta há um gigantesco mural com fotos que contam um pouco da história do Pedro Ludovico

Essa foi a única rodada que acompanhei no belíssimo Estádio Olímpico de Goiânia. Fiquei um bom tempo curtindo a minha despedida do local antes de percorrer os dois quarteirões de volta ao hotel. Como os amigos estavam cansados e capotaram cedo, recorri a uma lanchonete próxima numa refeição nababesca por preço baixo, algo que sempre rola quando estamos longe da caríssima São Paulo.

A rodada do sábado não foi a única na bela capital do estado do Centro-Oeste. No quente domingo foi a vez de acompanhar o Grupo C do mundial na tímida e sensacional Serrinha, a casa do Goiás EC e um dos campos mais interessantes que já visitei.

Até lá!

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Ficha Técnica: Equador 2x1 Austrália

Local: Estádio Olímpico Pedro Ludovico (Goiânia/GO); Árbitro: Andreas Ekberg (Sue); Público: 337 pagantes; Cartão amarelo: Piero Hincapie; Gols: Erick Pluas 4 e Anton Mlinaric (contra) 9 do 1º, Noah Botic 45 do 2º.
Equador: Joan Lopez; Jordan Moran, Piero Hincapie, Hanssel Delgado e Roberto Cabezas; Marco Aangulo, Erick Pluas, John Mercado (Patrickson Delgado) e Pedro Vite (Jeremy Farfan); Johan Mina (Silvano Estacio) e Adrian Mejia. Técnico: Jose Rodriguez.
Australia: Adam Pavlesic; Jordan Courtney-Perkins, Izaack Powell, Trent Ostler e Anton Mlinaric; Ryan Teague, Birkan Kirdar (Cameron Peupion) e Caleb Watts (Idrus Abdulahi); Tristan Hammond, Noah Botic e Luis Lawrie-Lattanzio (Yaya Dukuly). Técnico: Trevor Morgan.
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