Texto e fotos: Fernando Martinez
Seguindo na rota do jogo #3000 na tarde de quarta-feira coloquei uma nova final no currículo. Fui ao quase destruído Estádio Paulo Machado de Carvalho ver de perto a grande decisão da Copa do Brasil sub-17 com direito ao clássico paulista entre Palmeiras e São Paulo. Foi a primeira vez que vi um choque-rei, independente da categoria, in loco.
Essa foi a sétima edição da competição, criada em 2012 pela CBF e reorganizada em 2019. Até a temporada passada disputavam os 20 clubes da Série A e mais doze da B. Neste ano o torneio passou a ser disputado por todos os campeões estaduais da categoria e os cinco vice-campeões das federações melhores ranqueadas. Os finalistas também decidiram o Paulista sub-17 em 2018 e o Palmeiras foi campeão com duas vitórias.
Se o verde é o atual detentor do título do estado, o São Paulo chegou à decisão tendo uma incrível campanha com 100% de aproveitamento. Foram oito partidas, oito vitórias e 22 gols marcados. O Palmeiras não estava invicto, mas foi responsável pela maior goleada do certame, um absurdo 11x2 em cima do Náutico na segunda fase. O antigo Palestra somou seis triunfos e duas derrotas. No duelo de ida, o tricolor chegou a abrir 3x1 e sofreu o segundo no finalzinho. Mesmo assim, o 3x2 o credenciou a jogar precisando apenas de um empate. Vitória palmeirense por um gol levaria a decisão aos pênaltis, por dois, os fariam campeões.
O calor que fez na quarta-feira foi absurdo. Por muito pouco não desisti da jornada pensando em ficar de boa - naquelas - até a hora de seguir ao trabalho. De última hora resolvi encarar o bafo e a força do astro-rei e me mandei até o Pacaembu, aproveitando o fato de que esse pode ter sido um dos últimos jogos ali antes da reforma que vai mudar a cara da tradicional cancha. Desci na Estação Paulista do metrô e em cerca de quinze minutos, completamente derretido, já estava no gramado para captar os instantâneos oficiais.
Sociedade Esportiva Palmeiras (sub-17) - São Paulo/SP
São Paulo Futebol Clube (sub-17) - São Paulo/SP
Capitães dos times junto com o quarteto de arbitragem paulista formado pelo árbitro Douglas Marques das Flores, os assistentes Evandro de Melo Lima e Luiz Alberto Andrini Nogueira e o quarto árbitro Thiago Lourenço de Mattos
Por precisar do resultado, imaginei que o Palmeiras iria atacar desde o começo, logo, fiquei acompanhando o ataque verde no tempo inicial. Não me arrependi, pois o onze "local" foi senhor absoluto da partida. O São Paulo simplesmente não entrou em campo e tomou um verdadeiro vareio. Já no terceiro minuto pintou o primeiro grande momento quando Ruan Ribeiro acertou a trave de Young.
Aos oito o marcador foi aberto. Gabriel Veron aproveitou um presentaço do escrete são-paulino, avançou, deu um drible maravilhoso em Guilherme e chutou forte no canto direito. Um golaço que deixou tudo igual no "jogo de 180 minutos". Só que o Palmeiras não estava satisfeito e continuou atacando sem piedade. Aos 15, quase Ruan Ribeiro faz o segundo de cabeça.
O tricolor tentou atacar, porém seus atacantes estavam travados além da conta e erraram muitos passes. Na boa e bem mais inspirados, os avantes da casa deram um enorme trabalho à zaga visitante. A peleja foi seguindo nesse panorama e a única oportunidade real a favor dos são-paulinos aconteceu aos 40 em chute de longe de Léo que passou próximo da trave direita.
Não querendo se complicar, três minutos depois Gabriel Silva recebeu na intermediária e arriscou. Young até tentou, mas não teve como fazer a defesa. Antes do intervalo chegar o Palmeiras já fazia o resultado que lhe dava o título. Por motivos óbvios pensei que o São Paulo iria atacar o tempo todo na etapa final tentando pelo menos levar a decisão aos pênaltis.
Vanderlan (11) cabeceando em direção ao gol do São Paulo
Bom ataque palmeirense pela direita
Disputa de bola pelo alto no meio de campo
Visão geral de uma quente tarde na capital com detalhe especial para o tobogã, provavelmente vivendo seus últimos dias
Gabriel Silva comemorando seu gol, o segundo do verde, com a torcida presente no Pacaembu
Fiquei do mesmo lado do campo pensando em ver boas chegadas do time que tinha vencido todos os seus compromissos no torneio até então. Bom, eles até chegaram, mas praticamente com nenhum perigo efetivo. Foi aquele chove-não-molha clássico, com todo mundo ciscando e não fazendo nada de objetivo. Para piorar, o Palmeiras assustava bem nos contra-ataques.
A única chance realmente importante saiu aos 42 minutos. Em falta na direita, a bola foi levantada na área e Pablo, sozinho, tocou de cabeça. A pelota passou perto da trave esquerda. Era o gol que colocaria a final na marca de cal. Se não entrou nesse lance, todos tiveram a certeza que não entraria mais. O resultado de Palmeiras 2-0 São Paulo deu o segundo título da Copa do Brasil sub-17 ao alviverde (o primeiro foi em 2017, também no Pacaembu, contra o Corinthians e com direito a cobertura do JP). Conquista que merece todos os méritos. Ao tricolor, o amargo gosto do vice, outra vez contra o grande rival.
No tempo final o São Paulo não conseguiu fazer a pressão necessária para pelo menos levar a decisão aos pênaltis
Escanteio a favor do time do Morumbi na direita do ataque
Duas investidas aéreas a favor do escrete tricolor
Após a comemoração foi a hora da entrega das medalhas e do troféu. O destaque ficou por conta do desânimo completo dos aspones da CBF que estavam cumprimentando os atletas. Pareciam que eles estavam quebrando pedras debaixo do sol do meio-dia, tamanha a má vontade que tiveram no palco. Se me pagarem metade do salário deles, prometo que faço com muito mais animação e alegria. Também vale registrar o número de lives nas redes sociais feitos pelos jogadores verdes. Haja 3G para o enorme número de postagens por minuto.
A comemoração palmeirense pela conquista do bi da Copa do Brasil sub-17
O óbvio abatimento são-paulino no pódio contagiou a rapaziada da CBF no palco. Ô povo desanimado
A festa pela conquista alviverde no gramado do Pacaembu
Fiquei um bom tempo ali captando a alegria imensa do clube paulistano e depois de bons minutos conversando com os amigos presentes peguei o caminho da roça. Esse foi o jogo #2997 da minha lista e com certeza o #3000 vai sair no próximo final de semana. Resta saber qual será, já que ainda não tenho a menor ideia de qual peleja terá essa honra.
Até a próxima!
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Ficha Técnica: Palmeiras 2-0 São Paulo
Competição: Copa do Brasil sub-17; Local: Estádio Paulo Machado de Carvalho (São Paulo); Árbitro: Douglas Marques das Flores (SP); Público: 1.559 presentes; Renda: Portões abertos; Cartões amarelos: Henri (Pal), Theo, Pablo (Sao); Gols: Veron 8 e Gabriel Silva 44 do 1º.
Palmeiras: Bruno Carcaioli; Garcia, Henri, Jonathan e Renan; Naves (Daniel Alves), Vitinho, Ruan Ribeiro (Marcelinho), Vanderlan (Bruno Menezes) e Veron (Miticov); Gabriel Silva (Daniel Melo). Técnico: Artur Itiro.
São Paulo: Young; Flávio (Nathan), Guilherme (Cachoeira), Luizão e Gabriel (Patrick); Pablo, Léo (Theo) e Pedrinho; Pagé (João Adriano), Marquinhos e Talles Wander (Cauê). Técnico: Rafael Paiva.
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