Texto e fotos: Fernando Martinez
Chegou o jogo 3000!
Não foi fácil a caminhada e nem achava que alcançaria a histórica marca ainda em 2019, mas ela finalmente veio. Após semanas de incerteza, no meio da semana acabei decidindo que o minha terceira milésima partida seria o duelo entre São Bernardo e Linense, minha volta ao Estádio Primeiro de Maio com o Bernô, pela terceira fase da Copa Paulista.
O primeiro jogo que vi foi em julho de 1983 (Corinthians 3x0 América na campanha alvinegra do bi estadual) e demorou para que eu começasse a me fazer presente nas canchas de forma assídua. Foi a partir de 1999, há exatos 20 anos, que isso aconteceu. O negócio foi ficando cada vez mais sério e em 2004, quando o Jogos Perdidos nasceu, se intensificou.. O #1000 chegou em abril de 2006 - CATS 1x1 Osasco FC pela Segundona - e o #2000 em junho de 2012 - Guarulhos 0x1 Nacional, também pela última divisão do estado -.
Depois dos 2000 cotejos rolou um leve desvio de percurso por causa da Copa do Mundo em 2014, a Copa do Mundo sub-17 em 2015 no Chile e a Olimpíada em 2016. A cabeça foi mudando e a mente se abriu de uma forma que ficou difícil voltar ao normal. Voltei... diferente, mas voltei. Em 2017 enfrentei o maior perrengue da vida e o pior momento só começou a passar de verdade no meio de 2018. O ritmo diminuiu, quase parou, porém segui na luta. As coisas deram uma leve arejada, o cenário pessoal melhorou em junho deste ano e o #3000, algo que parecia tão distante, chegou antes do que eu previa.
6 de outubro de 2019 e 3000 jogos vistos. Não é uma marca qualquer. Definitivamente
Não é fácil ver tanto jogo assim, tanto que apenas duas pessoas que conheço, a dupla Jurandyr e Milton, viu mais. Já entrei em muita roubada, fui ameaçado de agressão por uma massa em Campinas, jurado de morte em Mogi das Cruzes, vi abertura de Copa, final de torneio olímpico masculino e feminino, tomei chuvas absurdas, derreti debaixo de sol escaldante dezenas e dezenas de vezes, vi muitos jogos ruins, vários bons, alguns antológicos. Me fiz presente em 199 estádios de várias cidades espalhadas por nove estados do país além de Chile e Argentina e vi um total de 685 times diferentes. Daria fácil para lançar uns dois ou três livros bem interessantes a respeito.
O mais legal foi ter chegado nesse número com uma apresentação do Bernô no Primeiro de Maio. Minha última vez ali com o Vovô do ABC tinha sido em outubro de 2001, justamente a derradeira apresentação pela falecida Série B2 no revés contra o Monte Azul por 1x0. O JP acompanhou de perto as terríveis campanhas no sub-20 entre 2004 e 2009, a volta ao profissionalismo em 2010, o histórico título do sub-20 em 2011, anos complicados na última divisão entre 2012 e 2016 e o aguardado acesso em 2017.
Também acompanhamos de camarote toda a situação envolvendo o maior palco futebolístico da cidade, os inúmeros problemas com a prefeitura e por consequência com o São Bernardo FC. Desde a fundação do Tigre, em dezembro de 2004, o alvinegro só teve autorização para atuar no Baetão (e olhe lá). Na base do "nada como um dia após o outro" no começo dessa temporada o Cachorrão voltou a mandar seus compromissos na Vila Euclides. No primeiro semestre foram eliminados na primeira fase da Série A3 e acabaram decidindo encher o calendário disputando pela primeira vez a Copa Paulista.
Esporte Clube São Bernardo - São Bernardo do Campo/SP
Clube Atlético Linense - Lins/SP
O árbitro Rodrigo Pires de Oliveira, os assistentes Luis Alexandre Nilsen e Thiago Henrique Alborghetti e os capitães dos times
Gigio Sareto, diretor do Bernô, e Felipinho com a camisa comemorativa pelos 50 jogos do atleta no clube do ABC
Eles passaram até certo ponto de forma tranquila pela primeira fase com a terceira colocação no Grupo 4. Na segunda, terminaram na liderança do Grupo 4, à frente de Ferroviária, Atibaia e Taubaté, três equipes de divisões superiores. Nas duas primeiras rodadas da terceira fase, dois 0x0, em casa contra o XV de Piracicaba e fora contra o Comercial. A missão agora era vencer o lanterna Linense e terminar o turno na zona de classificação. Nada mal para um time da terceirona estadual.
Já tinha visto um São Bernardo x Linense em 15 de abril de 2001, o primeiro jogo em casa do alvinegro na fatídica B2. O Elefante fez 3x0 sem nenhuma dificuldade e ao final daquele certame conquistaram o acesso para a Série B1, iniciando as promoções que os levaram à Série A1 em 2011. O clube interiorano chegou no céu e, 18 anos depois, o caminho deles voltou a cruzar com o Bernô.
Na esteira da minha comemoração pessoal, pude assistir uma senhora partida de futebol, contrariando o péssimo nível do futebol brasileiro em todos os seus torneios na atualidade. Foram muitas chances de gol, bastante disposição, entrega total dos atletas, vários gols e luta durante todo o tempo. Não vi nenhum time nessa edição da Copa Paulista criar tantas oportunidades como o São Bernardo criou nos 90 minutos.
Em apenas seis minutos o onze local já vencia por 2x0 e tinha chegado perto do terceiro. O primeiro tento saiu aos três em cabeçada perfeita de Johnny escorando escanteio da direita. Aos quatro, Felipinho avançou pela esquerda e rolou, mas os avantes chegaram milésimos de segundo atrasados. Aos seis, o mesmo Felipinho, que completou 50 apresentações com a camisa do Bernô, resolveu a parada sozinho driblando o zagueiro e finalizando com precisão da entrada da área.
Os locais continuaram em cima dos visitantes e não os deixavam respirar. Mais duas boas chegadas aconteceram, aos 10 e 15 minutos, antes do primeiro ataque do Elefante aos 18. Aos 19, contando com uma falha da zaga alvinegra, o Linense diminuiu com Bruno Moura fazendo de cabeça. Na sequência, Felipinho quase fez o terceiro aos 28 num lance onde o goleiro Reynaldo salvou a pátria. Giovanni Pavani aos 30 e Johnny aos 31 também chegaram perto de ampliar.
Como quem não faz toma, o Linense conseguiu o empate meio sem querer aos 33 com Fabio Junior - não o cantor, claro -. Sem desespero, quase o São Bernardo passa novamente à frente aos 41 porém o chute de Carlinhos, um tirambaço da esquerda, bateu na trave. O eletrizante tempo inicial terminou com a igualdade em 2x2 e o nível alto. Os comandados de Renato Peixe precisavam acertar o pé na segunda etapa caso quisessem vencer a primeira na terceira fase.
Lance do primeiro gol da manhã, marcado de cabeça por Johnny, 9 do Bernô
Felipinho em grande ataque pela esquerda
O mesmo Felipinho momentos antes de ampliar a vantagem do São Bernardo aos seis do primeiro tempo
Bola viajando dentro da área do Linense
Zagueiro do Elefante cortando cruzamento na área
Quando o árbitro recomeçou o jogo, foi o Linense quem criou o primeiro lance de perigo. Léo Torres fez bela tabela com Pedro e a finalização, apesar da meta desguarnecida, saiu pelo alto. Foi quando os visitantes eram melhores que o São Bernardo passou de novo à frente do marcador. Em falta no bico da área, Bruno Cruz acertou um chutaço e a barreira abriu. A bola passou no meio dos atletas e pegou o goleiro Reynaldo desprevenido, entrando no canto direito.
Os visitantes sentiram o golpe e ficaram alguns minutos perdidos. Aos 15, o árbitro marcou pênalti quando um atleta local foi derrubado dentro da área. Johnny bateu bem e ampliou a vantagem para 4x2. Agora não restava outra alternativa ao Linense senão se mandar ao ataque. Aos 24, Fábio Junior chutou de longe e Junior Souza defendeu bem. No rebote, a pelota foi tocada no segundo pau e Dyogenes finalizou na trave. O arqueiro do Cachorrão também foi responsável pelo maior milagre da manhã aos 32 quando defendeu um tiro á queima-roupa de Léo Torres na pequena área.
Bola estufando a rede visitante no terceiro gol do onze do ABC
Felipinho se desvencilhando da marcação dura dos defensores do Linense
Johnny em outra chance perigosa no segundo tempo
Aos 16, o camisa 9 do Bernô fez o quarto tento de pênalti, o segundo dele na partida
O triunfo deixou o Bernô em situação muito boa pensando na vaga na semi-final da Copa Paulista
Conforme o fim da peleja ia se aproximando, o ânimo do Linense ia sumindo. Nessas, dando uma aula de contra-ataque, a equipe do ABC fechou a goleada aos 45 minutos com o terceiro tento do camisa 9 Johnny. Um grande "hat trick" de um dos atletas preferidos (!) da torcida do Bernô. A festa dos presentes foi enorme. Entre os pagantes, Renato Rocha, o amigo-abelha, Ricardo Pucci e a dupla Pedro Faian e Thiago Teixeira, os quatro sem dúvida abrilhantando a minha comemoração pessoal.
O placar final de São Bernardo 5-2 Linense coroou o meu jogo de número 3000 de forma antológica, pois foi o melhor que vi em 2019. O triunfo do alvinegro também foi o primeiro nessa fase e pensar na classificação é algo bastante palpável. Se vencerem o próximo compromisso - contra o mesmo Linense fora de casa - a classificação vai ficar perto. Já disse e repito: é muito bom ver o Bernô em grande forma!
O placar final de São Bernardo 5-2 Linense coroou o meu jogo de número 3000 de forma antológica, pois foi o melhor que vi em 2019. O triunfo do alvinegro também foi o primeiro nessa fase e pensar na classificação é algo bastante palpável. Se vencerem o próximo compromisso - contra o mesmo Linense fora de casa - a classificação vai ficar perto. Já disse e repito: é muito bom ver o Bernô em grande forma!
Foi isso. Voltei à capital de boa e sem pressa, feliz por ter chegado numa marca que poucos podem se orgulhar ao redor do mundo. Agora a meta é tentar ver 4000 jogos até o jubileu de ouro em 2026. É uma previsão ousada, mas bem possível de acontecer. Enquanto tiver saúde e ânimo, o show não vai parar.
Até a próxima!
_________________________
Ficha Técnica: São Bernardo 5-2 Linense
Competição: Copa Paulista; Local: Estádio Primeiro de Maio (São Bernardo do Campo); Árbitro: Rodrigo Pires de Oliveira; Público: 139 pagantes; Renda: R$ 795,00; Cartões amarelos: Wesley, Bruno Cruz, Mariano (Sao), Taira, Bruno Moura, Lucas Ybon, Patrick, Dyogenes, Fabio Junior (Lin); Gols: Johnny 3, Felipinho 6, Bruno Moura 18 e Fabio Junior 33 do 1º, Bruno Cruz 6, Johnny (pênalti) 16 e 44 do 2º.
São Bernardo: Junior Souza; Gabriel Souza, Dema, Marcelo e Carlinhos (Messias); Wesley, Bruno Cruz, Vinicius Barba e Giovanni Pavani (Mariano); Johnny e Felipinho (Ruhan). Técnico: Renato Peixe.
Linense: Reynaldo; Bruno Moura (Diego), Patrick, Fabio Junior e Taira; Balestra (Dyogenes), Léo Torres, Pedro e Gustavo (Valdir); Matheus Araújo e Thiago. Técnico: José Donizete.
_____________
https://globoesporte.globo.com/sp/futebol/noticia/audax-x-tajiquistao-em-osasco-foi-o-jogo-mais-aleatorio-do-ano-e-a-gente-pode-provar-video.ghtml
ResponderExcluir