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sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Velo Clube campeão paulista da Série A3 2020

Texto e fotos: Fernando Martinez


A edição 2020 do Campeonato Paulista da Série A3 vai ser lembrada de um lado pela longa parada em virtude da pandemia (e nem tem como ser diferente) e de outro pelo acesso do Velo Clube e, principalmente, do São Bernardo, um novo capítulo no renascimento do time do ABC. Além disso, nenhum dos dois tinha sido campeão de um torneio profissional da FPF. Na quente tarde do último dia 17, a história estava prestes a ser escrita no Estádio Primeiro de Maio com a grande decisão do terceiro nível estadual.

Somados, as duas agremiações contavam seis vice-campeonatos através dos tempos: O Bernô dois, a segunda divisão de 1939 (antes da criação da FPF atual) e a quarta de 2017. Já o Velo contava com quatro: segundona de 1978, terceirona de 1954 e 1991 e a quarta de 2010 (cada uma teve um nome oficial diferente, eu apenas simplifiquei tudo para terem uma ideia exata). No encontro de ida, os rio-clarenses quebraram uma invencibilidade de 12 jogos do alvinegro e venceram por 2x1. Agora, o rubro-verde precisava apenas de um empate para quebrar a longa escrita.

Essa foi a minha quarta final de Série A3. A primeira foi em 2005 quando estive no Grêmio Barueri 1x1 Palmeiras B que definiu o certame. Já em 2017 - Nacional 0x1 Inter de Limeira - e 2019 - Audax 2x2 Monte Azul – marquei presença apenas no primeiro duelo. Contando o extenso arquivo do JP, batemos cartão de 2008 a 2012 sem interrupções com as saudosas coberturas do Orlando nos títulos de Flamengo, Votoraty, Red Bull, Penapolense e Rio Branco.




Sim, não é o padrão do Jogos Perdidos, mas mesmo assim seguem as fotos oficiais de São Bernardo, Velo Clube e do quarteto com os capitães da grande decisão. Como disse o profeta, mais vale um pássaro na mão do que dois voando


São Bernardo e Velo Clube, os dois novos integrantes da Série A2 para a execução do Hino Nacional antes da final da A3 2020

Confesso que estava com uma expectativa boa no geral. Imaginava que o São Bernardo seria capaz de mostrar o bom futebol que foi a tônica dos comandados de Renato Peixe em toda a competição. Ledo engano. Apenas um time foi ao gramado, o muito bem montado Velo Clube. O escrete da Grande São Paulo iniciou os trabalhos buscando fazer aquele abafa e ficou com a bola nos pés nos primeiros cinco minutos. A melhor chance foi uma cabeçada pelo alto e parou por aí.

Como quem não quer nada, os visitantes mostraram suas credenciais e definiram o triunfo em cerca de 20 minutos. Lucas Duni, o maior nome da tarde, abriu o marcador aos seis quando arrancou em velocidade do seu campo de defesa, ganhou de três adversários e tocou na saída de Maurício. O Bernô sentiu o golpe e sofreu o segundo, também com Lucas Duni, aos nove.



O São Bernardo até começou tentando atacar o Velo nesses dois momentos. Mal sabíamos que seriam os únicos


Detalhe do belíssimo gol de Lucas Duni que abriu o caminho para o título do Velo


O mesmo Lucas Duni fez o segundo gol aos nove minutos em outra ótima jogada pessoal


Victor Sapo buscando o impossível com o placar já mostrando 0x3

O alvinegro estava atordoado, cambaleando nas cordas. O golpe fatal aconteceu aos 21 minutos quando Diego Henrique escorou e ampliou a vantagem velista. Agora o Vovô do ABC precisava marcar quatro vezes para levar a decisão aos pênaltis. Não sei o que aconteceu, mas em nenhum momento chegaram passou perto de fazer pelo menos o gol de honra. Parece que tinham mandado uma feijuca monstro e todos se arrastaram em campo.

O que poderia ser uma final emocionante se tornou um jogo monótono, totalmente definido e com cerca de intermináveis 70 minutos a serem jogados. Obviamente o Velo fez o que tinha que fazer, porém a inoperância do irreconhecível Bernô deixou tudo chato demais. Eu contava os segundos para tudo acabar rápido. Nem o papo do técnico local no intervalo que fez tanta diferença contra o Comercial ajudou a mudar o panorama nos últimos 45 minutos.




No segundo tempo o Velo Clube se segurou e o São Bernardo, jogando abaixo da média, pouco produziu

O placar final ficou em São Bernardo 0-3 Velo. Foi o maior triunfo de uma equipe atuando fora de casa na história da terceira divisão paulista, que é disputada desde 1954. Sem dúvida um feito gigantesco e um título merecidíssimo. Dos lados do Bernô ficou o gosto amargo de perderem um caneco em casa. Pelo menos (e o mais importante) o objetivo principal já tinha sido conquistado.

Desde que o futebol voltou em meio à pandemia eu não tinha visto nenhuma entrega de taça in loco com o estádio vazio. Posso dizer que foi uma das coisas mais sem graça que já vi na vida. É fato que o público ainda não pode retornar assim como é fato que futebol sem torcida mata a essência do esporte. A entrega dos troféus foi tão insossa que será facilmente esquecida pelo que vos escreve no futuro. No fim, o que contou de verdade foi marcar a presença.



A nada animada entrega do troféu de vice-campeão ao São Bernardo. A missão foi cumprida, mas ficou aquele gosto amargo na boca pois praticamente não entraram em campo no ABC



Sim, o Velo merece toda a comemoração e a festa é legítima. Mas é fato que celebração num estádio vazio em meio a tudo que estamos vivendo é algo que não tem nenhuma graça. Nunca tinha visto uma festa de título tão murcha antes (mentira, o Portuguesa 0x1 Rio Claro na A2 de 2013 foi muito pior)

Deixo os parabéns ao Velo Clube e ao São Bernardo, e ambos podem ter a certeza de que terão coberturas do JP durante a Série A2 de 2021. Voltando à programação normal, o futebol seguiu com tudo na terça-feira com nova rodada da Copa Paulista. Foi uma tarde cheia de gols na capital.

Até lá!

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Ficha Técnica: São Bernardo 0-3 Velo Clube

Local: Estádio Primeiro de Maio (São Bernardo do Campo); Árbitro: Thiago Lourenço de Mattos; Público e renda: Portões fechados; Cartões amarelos: Dudu, Willian, Felipe, Victor Sapo, Christian; Gols: Lucas Duni 6, 9 e Diogo Henrique 22 do 1º.
São Bernardo: Maurício; Erwin (Francisco Alex), Dante (Luiz Fernando), Alexandre e Iago (Eliandro); Dudu (Lucas Gomes), Osvaldir, Willian e Felipe; Victor Sapo e Raul (Yuri). Técnico: Renato Peixe.
Velo Clube: Felipe Garça; Everton, Diogo Henrique, Léo Gobo e Janilson; Niander, Eurico, Paranhos (Alexandre) e Felipinho; Lucas Duni (Frank) e Igor Eto'o (Christian) (Kayo). Técnico: Cléber Gaúcho.
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