Texto e fotos: Fernando Martinez
Comecei as coberturas do futebol pandêmico do mês de novembro em grande estilo. Pelo Campeonato Brasileiro Feminino da Série A2, o Estádio Conde Rodolfo Crespi recebeu o confronto entre Juventus e América Mineiro, válido pela terceira rodada da primeira fase do Grupo D. Tinha perdido a estreia grená no meio de março bem quando o futebol parou em todo país (4x0 contra o Atlético/GO) e agora não podia ficar de fora.
As duas equipes emplacaram duas goleadas nas primeiras rodadas e a promessa era de uma grande apresentação no histórico gramado da Rua Javari. Apesar dos portões fechados e a ausência dos vários amigos, dessa vez tive a companhia do grande Edson de Lima, de longe o maior incentivador da categoria. Diferente da grande massa que acha que o futebol feminino começou no ano passado, ele faz seu trabalho brilhante há anos.
As duas equipes posando para as fotos oficiais antes da partida junto com a imagem das capitãs com o quarteto de arbitragem
Acabamos assistindo o melhor jogo desde que retornei aos gramados. Foram cinco gols, vários momentos de perigo, muita movimentação e emoção até o último segundo. No mar de pelejas sem graça e modorrentas que temos acompanhado, juventinas e americanas proporcionaram um espetáculo bastante interessante. Mil vezes isso do que aquelas partidas cheias de craques, técnica, "nós táticos" e um murcho 0x0 sem chutes no gol.
O América começou animado e aos quatro minutos Jéssica Beiral obrigou a goleira Michelle a fazer boa defesa em chute cara-a-cara. O Juventus respondeu aos 12 com Karol Mineira. A camisa 9 ganhou da marcação, invadiu a área pela direita e chutou cruzado, colocando as locais em vantagem. As meninas visitantes não perderam a calma e aos 18 quase saiu o empate em cobrança de falta primorosa de Thay. Michele fez milagre e mandou pela linha de fundo.
Os times continuaram muito bem alternando boas investidas. Aos 29, de novo a atacante Karol Mineira chutou cruzado e agora foi a vez da goleira americana Deka fazer ótima defesa. Aos 42, numa bola recuada (que a meu ver não aconteceu) a árbitra marcou tiro livre indireto dentro da área paulista. Thay rolou e Lidy acertou um chute magnífico, colocando a pelota no ângulo direito. Foi com o 1x1 que o tempo inicial terminou.
Karol Mineira (9), atacante grená, ganhando a corrida contra as marcadoras Thaís (4) e Sabrina (22)
O América depois de sofrer o primeiro gol se aproveitou do recuo grená e criou bons momentos em busca do empate
Um lance raro no futebol: gol que saiu depois de tiro livre indireto dentro da área. Lidy marcou e comemorou muito
Bati aquele plá com a rapaziada presente, todo mundo animado com os primeiros 45 minutos. Mal sabíamos que a partida ficaria ainda mais emocionante. As mineiras voltaram com tudo e encurralaram as grenás. Thay quase virou o placar aos sete num lindo lance de cobertura. Pouco depois, aos 12, o América marcou. Carol se aproveitou de um vacilo monstro de Bia Cardoso e da goleira Michelle, passou pelas duas atletas sem dificuldade e só teve o trabalho de fazer o seu com a meta livre. A partir daí as donas de casa se desesperaram e os ataques rarearam. Bom para as americanas, pois elas continuaram em cima das defensoras e por duas vezes chegaram próximo de ampliar a vantagem.
Conforme o relógio andava, parecia que o Juventus não teria forças de chegar pelo menos ao empate. Já imaginávamos que a invencibilidade no torneio estava com hora marcada. Nem os oito minutos de acréscimo dados pela árbitra Adeli Mara Monteiro parecia que seriam suficientes. É, só que aí pintou aquela velha máxima que o jogo só acaba quando termina.
O cronômetro estava no 50º minuto quando Karol Mineira recebeu passe na direita e cruzou dentro da área. Uma das zagueiras falhou e o passe chegou em Priscila Edite. A camisa 7 aproveitou o vacilo e chutou no canto esquerdo, deixando tudo igual. A invencibilidade estava garantida, porém as meninas locais queriam mais. A bola foi lançada no campo de defesa visitante e eram duas americanas contra uma juventina. As duas bateram cabeça, Marcella dominou e, da entrada da área, finalizou no canto direito. Era o terceiro gol mandante, decretando uma nova virada improvável e histórica.
Priscila Edite (7) em ataque do Juventus no começo do segundo tempo
O segundo tempo foi mais movimentado na Rua Javari
O chute de Marcella e a alucinada comemoração do terceiro gol que decretou uma virada absolutamente improvável na Javari
O Juventus 3-2 América/MG foi muito bom, acima da média. Além disso marcou um triunfo importante para as grenás confirmarem o primeiro lugar do Grupo D ao término da primeira fase. Agora estão nove pontos à frente do Foz e do próprio América com seis. Semana que vem rola outro duelo complicado, agora entre as paulistas e as paranaenses. Um empate praticamente confirma de vez a vaga do escrete da Moóca na segunda fase.
Voltaremos com a programação durante a semana com a estreia da versão enxutaça da Copa Paulista. Tem Nacional de novo na pauta livre do JP.
Até lá!
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Ficha Técnica: Juventus 3-2 América/MG
Local: Estádio Conde Rodolfo Crespi (São Paulo); Árbitro: Adeli Mara Monteiro/SP; Público e renda: Portões fechados; Cartões amarelos: Alê Brito, Bia Cardoso, Jaqueane Correa; Gols: Karol Mineira 12 e Lidy 42 do 1º, Carol 12, Priscila Edite 50 e Marcella 52 do 2º.
Juventus: Michelle; Renata, Sabrina Ramos, Késsilyn e Deza (Alê Brito); Bia Cardoso (Marcella), Priscila Edite, Mafê (Louyse Cristine) e Iara Araújo; Karol Mineira e Thaís Gabrielle (Martinha). Técnico: Welington Souza.
América/MG: Deka; Nandão, Thaís e Lidy; Carol (Duda), Thay, Keké (Gegê) e Leka; Jéssica Beiral (Danny), Giovanna e Sabrina (Flávia Mota). Técnica: Jaqueane Correa.
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