Texto e fotos: Fernando Martinez
Quando o futebol voltou no meio da pandemia o acesso da imprensa ficou muito mais restrito (e chato também). Por um tempo achei que acompanhar o Campeonato Brasileiro da Série D era uma missão impossível. Eis que me informei melhor e, pelo menos na última divisão nacional, a coisa é bem menos complicada do que imaginava. Por isso consegui ver de perto o último compromisso do São Caetano no Estádio Anacleto Campanella. O adversário da despedida foi o genial São Luiz de Ijuí, o time 715 da minha Lista.
A Série D teve a sua primeira edição disputada em 2009. Até 2012 vi poucos jogos e a coisa realmente engrenou somente entre 2013 e 2017. Nesse período foram 27 coberturas em dez cidades diferentes com um total de 15 times novos. Em 2018 e 2019 tudo voltou à estaca zero e os participantes foram apenas equipes "de longe". Em 2020 a expectativa era enorme e tinha planejado várias viagens. Então chegou à pandemia e ferrou tudo... acabou que não vi nada e me contentei com essa partida isolada. Melhor do que nada.
Sem ninguém para fazer as fotos posadas dos times, somente os capitães e o quarteto de arbitragem posaram. Uma pena
Falar do momento do Azulão é complicado. As atividades pós-pandemia foram retomadas com a manutenção da campanha de sucesso na Série A2 Paulista. As boas apresentações culminaram no acesso para a A1 em 2021 e com o título, ao derrotar o São Bento na decisão. Enquanto a reta final do estadual rolava, a Série D começou e foi aí que a coisa ficou feia.
O que se viu foi um show de performances ruins e, somente doze dias depois de ser campeão, o São Caetano sofreu um 9x0 em casa contra o Pelotas. A maior derrota de um paulista na história dos nacionais e de longe e maior vergonha da agremiação do ABC. Tudo porque os titulares se recusaram a entrar em campo em virtude dos salários atrasados. Assim, a base foi acionada e deu no que deu. Como desgraça pouca é bobagem, tudo piorou quando nem se deram ao trabalho de viajar até Itajaí e foram derrotados pelo Marcílio Dias por WO.
Esse apenas é o retrato de uma gestão horrorosa e cheia de problemas. De todos os envolvidos, os atletas são os menos culpados, pois ninguém é obrigado a trabalhar sem receber. Triste mesmo é ver tantos sonharem com a Série D e o Azulão, que conquistou o direito de participar de forma merecida após o título da Copa Paulista de 2019, fazer esse papelão absurdo. Ninguém tem a menor ideia do que pode acontecer na Série A1 do ano que vem.
Os paulistas chegaram na penúltima rodada na lanterna do Grupo 8, empatados em número de pontos com o Atlético Tubarão, porém com saldo de gols pior. O São Luiz, fundado em 1938 e que absurdamente ainda não fazia parte da minha Lista, disputa uma das três vagas restantes (o Novorizontino já está classificado) na segunda fase. Como todo mundo sabia que o alvirrubro ia vencer, restava somente saber de quanto.
Eu vi o Anacleto Campanella cheio na era de ouro do Azulão e estar lá com ele às moscas foi estranho. Tirando meia dúzia de dirigentes locais, não tinha fotógrafo ou jornalista na parte coberta da cancha além de mim. Perfeito para ilustrar o clima de velório que se viu no gramado. Os donos da casa foram dominados completamente pelo escrete gaúcho e a derrota não foi nada surpreendente.
O São Caetano entrou em campo tentando fazer um jogo um pouco mais digno do que todos que vem fazendo na Série D. Mas o cenário terrível e absurdo em que o clube se encontra não deu muita margem para algo de positivo
Primeiro foi Hugo Almeida, depois Juba. De pênalti, o São Luiz chegou fácil aos 2x0 no placar
O São Luiz resolveu tudo no primeiro tempo. Os dois primeiros tentos foram de pênalti com Hugo Almeida aos 25 e Juba aos 34 minutos. Matheus fez o terceiro aos 37 num verdadeiro golaço. Fora isso, perderam oportunidades de marcar pelo menos o dobro antes do intervalo chegar. Pelos lados do Azulão, atuação sempre ruim.
A inspiração que o São Luiz teve durante os primeiros 45 minutos ficou nos vestiários. A atuação visitante na etapa final caiu bastante de produção. Tudo bem, eles já tinham conquistado três pontos super importantes pensando na classificação, mas poderiam ter mostrado um futebol um pouco mais animado. Valeu de verdade para colocá-los no rol de times vistos.
No segundo tempo a partida caiu demais de produção. Com o estádio vazio e sem emoções em campo, foi complicado manter os olhos abertos
O São Caetano 0x3 São Luiz fez o alvirrubro pular para a terceira colocação do Grupo A8 com os mesmos 20 pontos do Pelotas e atrás por ter menos gols de saldo. Na última rodada o clube de Ijuí recebe o Atlético Tubarão e deve sacramentar sua classificação sem maiores dificuldades. O Azulão se despede do certame contra o Caxias longe de casa. Bem provável que encerrarão a campanha com novo revés.
No domingo a saga dos jogos perdidos continuou com uma hoje raríssima rodada dupla. Desde os tempos em que o mundo não estava no atual nível de insanidade isso não acontecia.
Até lá!
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Ficha Técnica: São Caetano 0-3 São Luiz/RS
Local: Estádio Anacleto Campanella (São Caetano do Sul); Árbitro: Fabio Santos de Santana/AC; Público e renda: Portões fechados; Cartões amarelos: Matheus Santos, Arthur, William, Paulinho Santos, Tássio; Gols: Hugo Almeida (pênalti) 25, Juba (pênalti) 34 e Matheus 37 do 1º.
São Caetano: Arthur; Lucas Saturnino, Gustavo, Matheus Santos e Matheus Eduardo (Ruan); Douglas (Gian), Braz, João Gurgel (Markson) e William; Rafael Menezes (Emerson Lima) e Filipe (Kaique). Técnico: Fabinho Félix.
São Luiz: Rafael Roballo; Itaqui, Silvio, Jadson e Gabriel Araújo; Rafael Jataí (Wagner), Juba (Jhonatan), Paulinho Santos e Fernando (Tássio); Hugo Almeida (Dionata) e Matheus (Everton). Técnico: Anderson de Lazari.
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