Texto e fotos: Fernando Martinez
Sábado começou bastante promissor com temperatura agradável e promessa de bom jogo pelo Campeonato Paulista da Série A3. Abrindo a segunda fase, o União Suzano receberia o Comercial de Ribeirão Preto no Estádio Francisco Ribeiro Nogueira, um duelo absolutamente imperdível.
Saí de casa na boa, sem pressa, lendo uma ótima biografia do AC/DC e curtindo o céu nublado. Cheguei em Suzano, peguei aquele Uber maroto e faltando uma hora para o apito inicial, já estava na cancha. Detalhe: não haveria a presença de torcida, cortesia do última partida realizada ali, o 0x0 contra o Noroeste em 19 de março.
Os torcedores noroestinos que compareceram no Suzanão naquele dia não foram autorizados e entrar no setor visitante pois o local, pelo menos essa foi a desculpa oficial, estava sem banheiro (lembrando que os banheiros químicos da Copinha viraram saudade). Um vacilo de todos os lados: da FPF que permitiu a realização de jogos nessa situação desde o começo do torneio e do União Suzano e da prefeitura que não fizeram as adequações pedidas.
O Norusca colocou a boca no trombone e o estádio foi interditado em seguida. Na semana tentaram abrir um portão meia-boca do lado oposto para a entrada da torcida visitante. Não deu certo. Não sei também se alguém da diretoria do USAC tentou levar para outra cidade, tipo Mogi das Cruzes. A realidade foi que a torcida não ocuparia as arquibancadas em um duelo superimportante.
União Suzano e Comercial posados para o que seria um confronto genial (e surreal) na Grande São Paulo
Quarteto de arbitragem com o árbitro Lucas Canetto Bellote, os assistentes Vitor Carmona Metestaine e Ricardo Luis Buzzi e o quarto árbitro Diego Augusto Fagundes. Junto com eles, claro, os capitães
Quando fui ao gramado encontrei amigos fiscais da FPF e emendamos um bom papo. Por volta das 14h45, alguém se tocou que a ambulância UTI não estava lá, apenas a ambulância remoção (pelo regulamento, são necessárias uma de cada). Aí começou o show de absurdos que seguiu por cerca de uma hora.
O delegado da FPF seguiu com o protocolo com a promessa do pessoal do USAC de que "a ambulância está chegando". Beleza. Times em campo, hino nacional e fotos posadas, tudo certo. Peguei meu banquinho e aguardei a chegada do veículo mais esperado da tarde. Vinte minutos depois, pintou no horizonte uma ambulância UTI que visivelmente foi arranjada de última hora. Parecia que estava tudo bem, mas esqueceram de um pequeno detalhe: faltava um médico dentro do veículo.
Começou então uma enorme correria atrás de um doutor. Os dirigentes ligavam para Deus e o mundo atrás de um. O quarto árbitro ouviu várias vezes "o fulano está chegando, o GPS disse que ele estará aqui em oito minutos", "o beltrano está na Santa Casa, logo logo chega", "o sicrano está no quarteirão de trás, deve estar aqui em seis minutos"... porém ninguém apareceu. Chegou ao ponto de Integrantes da direção irem até a rua próxima abordar todos os carros que estavam passando. Nenhum era dos tais médicos.
O árbitro Lucas Canetto Bellote esperou a meia hora regulamentar e ainda deu uma colher de chá já que a rapaziada garantia que o médico estava "do lado". Ele aguardou novos 15 minutos e depois outros 10. Passados 55 minutos, ele largou mão e decidiu encerrar tudo sem mesmo ter começado. Em dois minutos atletas e comissão técnica já estavam nos vestiários. O médico, ou melhor, OS médicos (dois, no caso) entraram juntos no estádio às 16h05. Fuén.
Antes do jogo, uma animada queda de braço fez o pessoal passar o tempo na lateral do gramado
Conversa entre o quarto árbitro, o delegado da partida e dirigentes do USAC
A gloriosa ambulância UTI chegou depois de 20 minutos, mas não tinha médico
O árbitro comunicando a todos que não iria mais esperar pela chegada do médico. Não haveria jogo em Suzano
Enfim, foi absolutamente lamentável ter passado por uma situação dessas novamente. Um show de amadorismo e lenga-lenga que pode custar a vaga do USAC na semifinal. Acredito que pelo menos desde 1994 essa é a primeira vez que isso acontece em uma fase decisiva da terceira divisão. Que os diretores do União aprendam que um Plano B, e até um Plano C, é sempre necessário.
Fiquei bem revoltado com o ocorrido, ainda mais gastando uma grana de Uber na ida e na volta. Saí do Francisco Marques Figueira e encontrei o amigo Nílton no portão de entrada e não demorei para pegar o caminho da estação da CPTM, não antes sem uma boquinha merecida.
Voltei à ativa no domingo de manhã no meu retorno ao Parque São Jorge após muito tempo. Teve clássico paulistano no Brasileiro Feminino no meu primeiro jogo na Fazendinha em 2022.
Até lá!
Nenhum comentário:
Postar um comentário