Texto e fotos: Fernando Martinez
Na base da organização perfeita, logística funcional e uma pequena ajuda dos amigos, no domingo o JP armou a sua cobertura mais importante em todos os tempos na rodada dupla que definiu a Copa do Mundo sub-17 do Brasil. No Estádio Walmir Campelo Bezerra, o Bezerrão, a jornada se iniciou com a decisão do terceiro lugar, um duelo europeu entre a seleção da Holanda e a da França.
Cheguei no Distrito Federal sábado e no domingo cedo assisti um jogo perdidaço do Candangão Feminino entre CRESSPOM e Real, uma espécie de "esquenta" para a grande jornada no Gama. Na companhia da dupla Caio/Raul fizemos um almoço rápido e dali seguimos ao palco da decisão. Diferente do que tinha visto ali nas quatro matérias que fiz durante a primeira fase, a movimentação em torno da cancha era grande e o número de profissionais foi bem maior. A sala de imprensa que parecia tão grande ficou pequena. Pelo menos o ar-condicionado continuou funcionando direitinho.
Poste próximo do estádio do Gama com o banner decorativo da Copa do Mundo sub-17
A magistral fachada do belo Bezerrão na minha terceira e última rodada dupla ali no Mundial
As bandeiras dos quatro semifinalistas da Copa do Mundo sub-17 de 2019 tremulando no Bezerrão
Quando me dirigi ao gramado o campo ainda não estava tomado, porém já começava a receber um bom público. O público oficial foi de 1.232 pagantes e todos viram uma ótima partida que coroou a belíssima performance dos rapazes da terra da Torre Eiffel no Mundial. Na fase inicial a França terminou na liderança do Grupo C fazendo uma campanha perfeita com 100% de aproveitamento. Eu vi de perto o triunfo deles em cima do Chile por 2x0 em Goiânia e, mesmo sem ter a melhor impressão naquela tarde, sabia que eram um dos grandes candidatos ao título.
Nas oitavas eles aplicaram um sonoro 4x0 na Austrália e nas quartas fizeram uma apresentação de gala contra a ótima seleção da Espanha, a minha favorita ao caneco. A Fúria abriu o placar no Estádio Olímpico de Goiânia e depois o que se viu foi um massacre impiedoso. Com todos os gols marcados por atletas diferentes, humilharam os ibéricos com um insano 6x1. Na "final antecipada" contra os donos da casa pela semifinal, chegaram fácil aos 2x0 no começo e seguraram o marcador até os 17 da etapa final. Com uma reação épica, o Brasil virou a contagem e eliminou o selecionado tricolor.
O adversário dos atuais campeões do mundo na decisão de terceiro lugar foi a Holanda, seleção com um retrospecto muito mais complicado. Eles foram derrotados nos dois primeiros compromissos - 0x3 contra o Japão e um 1x3 versus Senegal que contou com cobertura do JP em Cariacica - e a vaga só pintou com o 4x0 em cima dos Estados Unidos na última rodada. Entraram como o quarto melhor terceiro colocado. Nas oitavas eliminaram a poderosa Nigéria e fizeram 4x1 no Paraguai nas quartas. Na semifinal, um injusto 1x1 contra o México apesar de terem sido melhores nos 90 minutos e triste derrota nos pênaltis.
Eu preferia que os holandeses tivessem ido à final por ser um antigo fã da Laranja Mecânica. De qualquer forma gostei bastante de ver esse embate europeu, certamente um confronto que não devo assistir novamente. Ah, vale lembrar que ambas estavam na mesma chave no Campeonato Europeu sub-17 da UEFA. No último dia 9 de maio, em Dublin, os franceses fizeram 2x0. No domingo, novo triunfo em tarde antológica de Arnaud Kalimuendo-Muinga, atleta do Paris Saint-Germain.
Holanda e França posadas antes da decisão do terceiro lugar da Copa do Mundo sub-17
O céu no Distrito Federal na tarde/noite que definiu a Copa do Mundo sub-17
O sol reinava absoluto no céu da capital federal quando a ação começou. Dei azar e escolhi os piores lugares. Fui castigado pelo astro-rei e queimei até a alma. Aos seis minutos já estava em processo de cozimento quando Soppy avançou pela direita e cruzou na área. Os defensores afastaram mal e a bola sobrou livre para Mbuku. Pena que o atleta chutou fraco e Raatsie pegou com tranquilidade. A Holanda tinha uma postura defensiva e, de forma surpreendente, inaugurou o placar aos 14 na primeira chegada. Taylor lançou Taabouni com perfeição. O meia entrou sozinho na área e deu uma cavadinha sutil na saída de Semedo, colocando sua seleção em vantagem.
A França empatou sete minutos após num lance típico de vídeo game. Altikulac recebeu passe na esquerda, chegou na linha de fundo e cruzou para trás. Kalimuendo-Muinga tocou de chapa e meteu no canto direito. Raatsie nem pulou. No decorrer do tempo inicial, muitos passes errados, ação concentrada no meio de campo e poucas chances de perigo. Foi com o 1x1 que o intervalo chegou. Como minha ideia era acompanhar o setor ofensivo francês, os últimos 45 minutos foram bem piores, pois fiquei cara-a-cara com o sol. Não foi fácil.
Nianzou Kouassi (5) tocando de cabeça no meio de atletas holandeses
Youri Regeer (13) afastando o perigo com a marcação de Lucien Agoume (6)
Youri Regeer (13), Johann Lepenant (20), Ki-Jana Hoever (2) e Nathanael Mbuku (11) em momento do tempo inicial
Adil Aouchiche (10), um dos destaques do selecionado francês, se livrando de Ki-Jana Hoever (2)
Arnaud Kalimuendo-Muinga, camisa 7 da França, depois de marcar o seu primeiro gol na tarde
Devyne Rensch (4) se preparando para sair da grande área e Waniss Taibi (17) tentando fazer o corte
Pelo menos os atletas do escrete azul melhoraram e pintou um monte de ataque legal perto de mim. Logo aos três minutos Mbulu acertou a trave. Aos nove, em jogada ensaiada laranja que deu errado, a virada. Waniss Taibi aproveitou saída errada de Raatsie e mandou um passe açucarado para Kalimuendo-Muinga. Ele avançou e finalizou sem dificuldade aos 9. O camisa 7 estava com fome e aos 16 completou seu hat-trick. Aouchiche mandou um tiro de longe, Raatsie defendeu, a pelota bateu no travessão e no rebote, de peixinho, o artilheiro da tarde fez.
Ele estava impossível e aos 23 sofreu pênalti. Pouco depois o árbitro verificou que o atacante estava impedido e voltou atrás na marcação. Aos 28 o arqueiro laranja mostrou serviço em finalização de Taibi e evitou o quarto gol. A Holanda só assustou aos 36 quando Bannis entrou na área e chutou à queima-roupa. Semedo foi bem e espalmou. Nos minutos finais, a peleja caiu de produção pois todo mundo sabia que o terceiro lugar já tinha dono.
Lucien Agoume (6) e Sontje Hansen (7) no começo do tempo final
Desarme preciso de Youri Regeer (13) contra Nathanael Mbuku (11)
A Holanda tentou, mas não conseguiu armar bons ataques contra a forte seleção frances
Duas chegadas perigosas do artilheiro da tarde, Arnaud Kalimuendo-Muinga. Primeiro em chute com a direita e depois mergulhando para fazer o terceiro tento da França
Depois do 3x1, os franceses chegaram perto de fazer mais gols com o camisa 18 Isaac Lihadji. O atacante mostrou serviço em cima da zaga da Holanda
O placar final da decisão do terceiro lugar da Copa do Mundo sub-17. A França confirmou seu favoritismo e garantiu o bronze
O Holanda 1-3 França colocou os azuis no pódio da edição 2019 da Copa do Mundo sub-17, o melhor resultado no torneio desde o título de 2001. A rapaziada dos Países Baixos ficou na quarta posição e não igualaram o terceiro lugar de 2005, no Peru. Apesar do título perdido, os franceses possuem uma geração que pode dar bastante trabalho na Copa do Mundo da América do Norte em 2026 e nos 100 anos de Mundial em 2030. Ou quem sabe alguém já não pinte no Catar em 2022...
Preliminar encerrada. Agora era a hora da final, a partida mais importante da competição e da história do Jogos Perdidos. Não é toda hora que acompanhamos do gramado uma final de campeonato da FIFA com título da seleção verde e amarela. Foi genial.
Até lá!
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Ficha Técnica: Holanda 1x3 França
Local: Estádio Walmir Campelo Bezerra (Brasília/DF); Árbitro: Andreas Ekberg (Sue); Público: 1.232 pagantes; Gols: Mohamed Taabouni 15 e Arnaud Kalimuendo-Muinga 22 do 1º, 9 e 17 do 2º.
Holanda: Calvin Raatsie; Ki-Jana Hoever, Devyne Rensch e Anass Salah Eddine; Kenneth Taylor, Ian Maatsen e Youri Regeer; Sontje Hansen, Mohamed Taabouni, Naci Unuvar (Naoufal Bannis) e Jayden Braaf (Soulaiman Allouch). Técnico: Peter Van Der Veen.
França: Darren Lima Semedo; Chrislain Matsima, Nianzou Kouassi, Melih Altikulac (Timothee Pembele) e Brandon Soppy; Lucien Agoume, Adil Aouchiche, Waniss Taibi e Johann Lepenant (Naouirou Ahamada); Arnaud Kalimuendo-Muinga e Nathanael Mbuku (Isaac Lihadji). Técnico: Jean-Claude Giuntini.
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