Procure no nosso arquivo

segunda-feira, 4 de novembro de 2019

JP na Copa do Mundo sub-17 (parte 10): EUA e Japão em noite sem gols em Cariacica

Texto e fotos: Fernando Martinez


Fechando a penúltima rodada dupla do JP na majestosa cobertura da primeira fase da Copa do Mundo sub-17 do Brasil, o magnífico Estádio Kléber Andrade recebeu a peleja entre Estados Unidos e Japão, duas seleções que já estavam na minha Lista desde tempos mais antigos, no complemento da segunda rodada do Grupo D em Cariacica. Chance de ouro dos asiáticos garantirem a presença nas oitavas de final com antecedência.

Quando a preliminar entre Holanda e Senegal terminou eu aproveitei a hora de descanso e fui dar uma olhada melhor nas dependências do estádio. Olha, só confirmei que é tudo mesmo de primeira categoria realmente. A parte alta tem uma visão incrível do gramado e os acessos são bastante espaçosos. Deixo novamente os parabéns aos responsáveis, pois o lugar é incrível demais. Como o calor ainda estava forte, fui até a sala de imprensa aproveitar sem cerimônia o fortíssimo ar-condicionado.

Fui nesse momento que me senti em Tóquio, Yokohama ou qualquer grande cidade do país oriental. O que tinha de jornalista ali falando japonês não era brincadeira. Não tinha visto tantos profissionais de um país fora o Brasil marcando presença até então durante o Mundial. Os voluntários que estavam nas redondezas sofreram com o inglês falado pela rapaziada do outro lado do mundo. Vale também destacar que a federação japonesa foi a única que fez um "media guide" com informações dos convocados a ser distribuído entre os que estavam cobrindo o torneio. Material simples, porém, de fundamental ajuda.



Mais dois detalhes da genial arquibancada do Kléber Andrade, um dos estádios mais sensacionais que já visitei


O paredão que faz parte da arquitetura do estádio com a decoração da Copa do Mundo sub-17. Uma espécie de "concha acústica" que amplifica o som


O simples porém eficiente Media Guide da seleção japonesa distribuído na sala de imprensa. Pena que somente eles tiveram essa iniciativa

Devidamente refrescado e com muita informação debaixo do braço, voltei ao campo pois estava na hora de acompanhar o terceiro duelo entre japoneses e norte-americanos na história da Copa do Mundo sub-17. Nos dois anteriores, em 1995 e 2001, triunfos orientais e tudo indicava que estavam prestes a conquistar o terceiro. O 3x0 em cima da Holanda na rodada inicial impressionou todo mundo e a ideia era vencer de novo e conquistar um lugar entre as 16 melhores seleções. A oitava participação do Japão na Copa foi conquistada com o título do Campeonato sub-16 da AFC. A melhor posição no mundial foi a chegada nas quartas em 1993 e 2011.

Os Estados Unidos foram mal na estreia e tomaram um 4x1 do Senegal. O escrete da terra do Tio Sam é figurinha carimbada na Copa do Mundo sub-17 e possuem o maior número de participações em todos os tempos junto com o Brasil. Eles ficaram de fora apenas da edição de 2013 nos Emirados Árabes Unidos quando foram eliminados por Honduras no qualificatório da CONCACAF. Em 2018 carimbaram o passaporte com um 3x0 contra o Panamá. Minha torcida era toda a favor dos panamenhos, claro, mas não adiantou. No Mundial, a melhor campanha registrada foi um quarto lugar em 1999. No JP, quatro matérias: duas no Pan de 2007 - 2x1 contra a Venezuela e derrota para o México por 2x0 - e duas no Mundial sub-17 do Chile - derrotas por 2x0 contra a Nigéria e 4x1 sofrido contra os donos da casa em Viña del Mar - em 2015.



Estados Unidos e Japão posados antes do apito inicial. Detalhe que os japoneses posaram perto demais e por pouco não consigo fazer a foto direito

A expectativa era grande, acontece que eu estava com uma pulga atrás da orelha. Quando iniciei a inesquecível turnê com a dupla Bruno/Caio, analisamos o cronograma e listamos várias possibilidades de jogos com maior chance de goleada, com mais emoção e partidas com cara de zero a zero. Dos doze programadas, escolhemos dois deles tendo a possibilidade grande de um placar em branco: México x Paraguai e esse Estados Unidos x Japão. Os 30 anos de janela fizeram efeito e infelizmente acertamos a previsão na mosca.

Na etapa inicial, os asiáticos se mostraram mais organizados e tentaram sem sucesso chegar perto do gol adversário. Os raros momentos em que entraram na área dos Estados Unidos não registraram nenhum lance digno de registro. Aos norte-americanos restou rifar cruzamentos sem direção. Foram 47 minutos de baixíssimo nível técnico. Teve gente na arquibancada que dormiu sem pestanejar.


Yamato Wakatsuki (9) em ataque japonês pelo meio


Sohki Tamura (15) sofrendo falta de George Bello (3) na entrada da área


Nicolas Carrera (4) tirando a bola de dentro da área norte-americana


Bom ataque de Yamato Wakatsuki (9) pela direita


O goleiro Chituru Odunze se jogando em cima de Nicolas Carrera (4) para afastar a pelota

No segundo tempo a coisa melhorou. Aos três minutos Jasson bateu colocado e Suzuki deu rebote nos pés de Pepi. O camisa 9 fez o gol tocando meio sem querer. O VAR, sempre estragando a festa dos pobres mortais, mostrou que ele estava “somente” três metros impedido e o tento foi anulado. Aos 15, Nishikawa recebeu de Fujita e arriscou da meia-lua. A finalização passou perto da meta defendida por Odunze.

Nishikawa se mostrou o atleta mais perigoso do Japão e teve outra boa oportunidade aos 25. De novo o tiro saiu pela linha de fundo. Três minutos depois Wakatsuki escorou de cabeça levantamento da direita e obrigou Odunze a fazer uma belíssima defesa, evitando o gol da seleção azul e branca. O mesmo Wakatsuki teve a última grande chance da noite nos acréscimos. Novamente Odunze foi bem e manteve o zero no placar.


Levantamento dentro da área dos Estados Unidos no começo do tempo final


Atleta norte-americano subindo no segundo andar tentando mandar aquela cabeçada na bola


Jun Nishikawa (10) em finalização do Japão na entrada da área


Sohki Tamura (19) avançando pela esquerda. Na sua cola, Adam Saldana (16)


Escanteio a favor do selecionado asiático


Nicolas Carrera (4) marcando firme o camisa 9 Yamato Wakatsuki

Os dois times poderiam estar em campo até agora que certamente o marcador estaria inalterado como começou: Estados Unidos 0x0 Japão. O empate deixou o onze nipônico na vice-liderança do Grupo D com quatro pontos, dois atrás do líder Senegal. Na última rodada ambos se enfrentariam e um empate classificaria os japoneses. Os norte-americanos estavam com um ponto e a Holanda com nenhum. Um triunfo contra os laranjas os deixariam na luta por uma vaga nas oitavas. Os holandeses precisavam vencer a qualquer custo e torcer para entrarem como um dos melhores terceiros colocados.


Placar final de EUA x Japão, meu segundo 0x0 na Copa do Mundo sub-17


O Kléber Andrade parece uma nave espacial do lado de fora. Uma arquitetura única

Esse foi o final da penúltima missão do Jogos Perdidos na Copa do Mundo sub-17 do Brasil em sua fase inicial. A noite estava longe de acabar quando saí do estádio com os amigos e segui até o belo hotel localizado a cerca de um quilômetro dali na boa. Foi um achado. Recém-construído, tinha tudo funcionando perfeitamente, um belo chuveiro, uma cama maravilhosa e um ar-condicionado, objeto essencial em viagens assim, poderoso, além de um preço menor do que poderia imaginar. A pedida da madrugada foi uma bela pizza e aquela Coca-Cola marota, já que precisava ficar alerta até sete da matina.

No dia seguinte, era hora de despedida no mundial.

Até lá!

_________________________

Ficha Técnica: Estados Unidos 0x0 Japão

Local: Estádio Kléber Andrade (Cariacica/ES); Árbitro: Guillermo Guerrero (Ecu); Público: 3.878 pagantes; Cartão amarelo: Nicolas Carrera.
Estados Unidos: Chituru Odunze; Joseph Scally, George Bello, Nicolas Carrera e Kobe Hernandez-Foster; Daniel Leyva, Gianluca Busio, Adam Saldana e Ethan Dobrelaere; Ricardo Pepi (Giovanni Reyna) e Andres Jasson (Griffin Yow). Técnico: Raphael Wicky.
Japão: Zion Suzuki; Kaito Suzuki, Riku Handa, Shinya Nakano e Taiga Hata; Joel Chima Fujita, Shunsuke Mito (Keita Nakano), Hikaru Naruoka e Sohki Tamura (Kohshiro Sumi); Yamato Wakatsuki e Shoji Toyama (Jun Nishikawa). Técnico: Yoshiro Moriyama.
_____________

© 2021

Nenhum comentário:

Postar um comentário