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sábado, 2 de novembro de 2019

JP na Copa do Mundo sub-17 (parte 8): Brasil faz o básico e está nas oitavas

Texto e fotos: Fernando Martinez


Encerrado o eletrizante encontro entre Angola e Canadá, o glorioso Estádio Walmir Campelo Bezerra, o Bezerrão, foi palco do duelo entre o Brasil e a genial Nova Zelândia, fechando a segunda rodada do Grupo A da Copa do Mundo sub-17. Jogo em que a favoritismo estava todo do lado tupiniquim e ninguém imaginava que a seleção oceânica pudesse surpreender. O terceiro encontro entre essas duas seleções em todos os tempos. Nos dois anteriores, duas vitórias brasileiras.

Essa foi a primeira vez que vi um ótimo público na competição. Exatamente 14.158 pessoas pagaram ingresso e acompanharam o segundo capítulo da tentativa de o escrete canarinho conquistar seu quarto título (os anteriores foram em 1997, 1999 e 2003). Na história do mundial o Brasil é a seleção que tem mais partidas disputadas, mais vitórias e a que marcou o maior número de gols. Apesar das estatísticas a favor, a grande campeã da categoria é a Nigéria com seus cinco títulos.

A Nova Zelândia está na Copa do Mundo sub-17 pela oitava vez. Cinco vezes foi eliminada ainda na fase inicial e três nas oitavas. No campeonato sub-16 da OFC do ano passado conquistaram o título em cima do glorioso selecionado de Ilhas Salomão, que vocês viram aqui no JP na derrota contra a Itália também no Distrito Federal. Na estreia se deram mal contra os angolanos e a esperança de classificação passava por um improvável triunfo contra o time local.



Brasil e Nova Zelândia antes do segundo duelo de ambos no Bezerrão

O Brasil aplicou um inapelável 4x1 contra o Canadá na jornada anterior e ninguém em sã consciência acreditava que saíssem de campo sem os três pontos. Por motivos óbvios o número de fotógrafos foi acima do que tinha visto nos compromissos anteriores e eu novamente dei um azar enorme. Escolhi a esmo um dos lados e, obviamente, na etapa inicial os comandados de Guilherme Dalla Dea atacaram do outro. Acabou que vi pouco da ação e acompanhei de longe a maior parte dos lances dignos de registro.

Agora, preciso registrar que foi sensacional estar dentro de campo nessa apresentação do Brasil. A seleção sempre é protagonista em todos os torneios, adultos ou de base, há décadas, então apesar de não torcer desde a Copa de 1998, ver o uniforme verde e amarelo de dentro do gramado deu uma sensação diferente, totalmente inédita. Confesso que nunca imaginei que teria essa oportunidade na vida.

Depois que o árbitro da Guatemala trilou seu apito e iniciou os trabalhos demorou para que os brasileiros engrenassem. Talvez eu esteja sendo crítico demais, o fato é que foram quinze minutos com um aproveitamento ofensivo menor do que na estreia e isso preocupou os presentes. Nada que o tempo não resolvesse, pois aos 18 o marcador foi inaugurado com Kaio Jorge completando cruzamento de Gabriel Veron.

Os neozelandeses responderam à altura aos 26 minutos. Randall encheu o pé e Matheus Donelli, goleiro do Corinthians, espalmou evitando o empate. A peleja seguiu em banho-maria até os 41 minutos, quando Yan fez o favor e tomou o cartão vermelho após dar uma pisada desleal em Garbett. Ter dez contra onze não era uma situação de assustar contra os All Whites, porém o alerta amarelo foi ligado. Qualquer vacilo poderia se tornar fatal.


Adam Hillis (5) roubando a bola de Talles Magno (11)


Patryck (6) em lance na esquerda do ataque brasileiro


Jesse Randall (9) sob a forte marcação dos defensores brasileiros


Kris Naicker (3) se mandando ao ataque ganhando de Gabriel Veron (7) na corrida


Boa defesa de Matheus Donelli, arqueiro do Brasil, em tiro de longe da Nova Zelândia


Matthew Garbett (11) dominando no campo de defesa neozelandês


Luan Patrick (4) dominando com estilo no final do primeiro tempo

Por motivos óbvios me mantive na posição que estava e acompanhei o ataque mandante na etapa final. Acontece que o jogo seguiu apertado e com um sofrimento além do esperado. Os oceânicos de novo chegaram próximos do empate aos nove minutos. Stameic lançou Strong na esquerda e ele cruzou na direção de Van Hattum. O camisa 14 tocou de chapa e a pelota passou perto do gol de Matheus Donelli. O domínio, por incrível que pareça, era da Nova Zelândia.

A primeira chance real de gol tupiniquim aconteceu somente aos 32 em tiro de longe de Daniel Cabral que Paulsen desviou. Dois minutos depois, mesmo sem merecer, o Brasil fez 2x0 num grande vacilo defensivo do adversário. A bola foi recuada até Paulsen, o arqueiro comeu mosca e perdeu o domínio. Talles Magno agradeceu o presente e ampliou a vantagem. Em outro vacilo dos defensores, agora aos 45, saiu o terceiro. Um dos zagueiros deu um bisonho passe que chegou nos pés de Diego Rosa. Ele avançou sozinho por todo o campo de defesa, entrou na área e tocou na saída do goleiro.


Daniel Cabral (5) em ótima ofensiva pela direita. Jesse Randall (9) assiste de longe


Mesmo com um a menos, o Brasil foi melhor do que a Nova Zelândia em todo o tempo final


Talles Magno (11), um dos destaques da seleção, em investida pelo meio


Bola zanzando perigosamente dentro da área da seleção oceânica


O chute de Diego (17) no terceiro gol brasileiro, o último do segundo triunfo na Copa do Mundo sub-17


Com a vitória, o Brasil se classificou de forma antecipada às oitavas junto com Angola

O Brasil 3-0 Nova Zelândia foi muito mais complicado do que o placar mostra. Sorte que a classificação veio de forma antecipada e que tem espaço de sobra para o futebol melhorar até o mata mata. Ninguém quer perder a chance do tetra atuando em casa. Na última jornada do Grupo A o duelo será contra Angola, também garantida nas oitavas, em busca da liderança da chave. Neozelandeses e canadenses jogam por uma possível terceira vaga.

Antes de me mandar do Bezerrão fiquei um tempinho apreciando o visual do lugar, já me imaginando ali no dia 17 de novembro, data da grande final. Dei uma passadinha na concorrida sala de imprensa antes de encontrar a dupla Bruno e Caio do lado de fora. Fizemos uma parada rápida numa padaria próxima do portão principal comprar meu jantar já que não daria tempo de fazer uma refeição decente em virtude dos compromissos profissionais da madrugada. Me virei com pacotes de cheetos falseta e um refrigerante de abacaxi.


Última visão do Distrito Federal (por enquanto), antes de seguirmos até Vitória para a terceira a última sequência de coberturas na primeira fase da Copa do Mundo sub-17

Dormi pouco e não rolou tomar café da manhã. No implacável andar do relógio consegui apenas arrumar a mala. Deixei o glorioso Hotel Nacional, já com saudade do período em que me senti em 1971, e me mandei até o aeroporto. Dali atravessei parte do espaço aéreo brasileiro com destino a um local que nunca tinha visitado: o Espírito Santo. Era a hora da terceira e última escala da gloriosa cobertura do Jogos Perdidos na Copa do Mundo sub-17. Tinha estádio novo e duas seleções novas na pauta. O que eu não sabia é que a agenda teria uma inesperada brecha para uma peleja fora do Mundial em Vitória.

Até lá!

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Ficha Técnica: Brasil 3x0 Nova Zelândia

Local: Estádio Walmir Campelo Bezerra (Brasília/DF); Árbitro: Mario Escobar (Gua); Público: 14.158 pagantes; Cartões amarelos: Daniel Cabral, Diego, Luan Patrick, Henry Hamilton, Jackson Simpkin; Gols: Kaio Jorge 20 do 1º, Talles Magno 36 e Diego 46 do 2º.
Brasil: Matheus Donelli; Yan Couto, Henri, Luan Patrick e Patryck; Daniel Cabral, Talles Costa (Garcia), Peglow (Sandry) e Talles Magno; Gabriel Veron e Kaio Jorge (Diego). Técnico: Guilherme Dalla Dea.
Nova Zelândia: Alex Paulsen; Kris Naicker, Jackson Simpkin, Adam Hillis (Brad Wilson), Campbell Strong e Harry Bark (Nathan Lobo); Henry Hamilton (Keegan Jelacic) e Marko Stamenic; Jesse Randall, Matthew Garbett e Oskar Van Hattum. Técnico: Jose Figueira.
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