Texto e fotos: Fernando Martinez
Não foi fácil ver a atuação italiana na estreia da Copa do Mundo sub-17 contra Ilhas Salomão. A Azzurra foi indolente e, mesmo sem muita vontade, goleou por 5x0, resultado que amenizou um pouco o incômodo de ver atletas tão desanimados. Mal sabia que o fechamento da jornada inicial do Grupo F seria ainda pior. No gramado do belo Estádio Walmir Campelo Bezerra, o Bezerrão, México e Paraguai fizeram um daqueles confrontos que poderiam durar uma semana que todo mundo já saberia o resultado.
Quando montamos o cronograma da Magical Mystery Tour por todos os estádios e sedes do mundial analisamos as doze partidas e duas delas carregavam uma possibilidade maior de 0x0, o placar mais sem sentido do futebol. Um deles foi o jogo entre mexicanos e paraguaios e o outro terá matéria publicada em breve. Resumindo: acertamos em cheio as previsões. Pena que não temos esse poder de adivinhação jogando na loteria.
Não vou mentir que acho o México uma das seleções mais sem graça do planeta junto com a Nigéria. Tenho vontade de visitar o país e se possível colocar alguns times na Lista, mas a seleção em si é muito sem sal. Claro que, com base da Lei de Murphy, já os vi em tudo que é competição: Pan de 2007, Copa das Confederações, amistoso internacional no Allianz Parque e também na Olimpíada. Isso sem contar as várias apresentações da equipe feminina no Pacaembu. Não adianta, por mais que eu me esforce não rola química.
Para agravar a percepção negativa, os meninos da terra do Chaves só eliminaram seleções que eu nunca vi na disputa do torneio sub-17 da CONCACAF. Na primeira fase ficaram à frente de Trinidad & Tobago, Jamaica e Bermuda. Nas oitavas, tiraram Porto Rico até chegarem na decisão da vaga contra El Salvador, sonho de consumo pessoal desde os anos 80. Não teve nem graça pois a vitória por 5x1 os colocou no mundial pela 14ª vez na história. Vale lembrar que eles foram campeões duas vezes, em 2005 (em cima do Brasil) e 2011, além do vice de 2013.
Do outro lado tivemos um dos nossos mais conhecidos vizinhos, cujo selecionado só entrou na minha Lista em 2017 e que, apesar de não ser a mais sensacional equipe do continente, é sem dúvida bem legal. A classificação foi garantida com o terceiro lugar no Sul-Americano. Na primeira fase eles passaram sufoco e chegaram na última rodada precisando de uma combinação de resultados. Tudo deu certo e a tal combinação ainda por cima eliminou o Brasil. Na segunda fase o cenário foi menos pior e o empate com o Chile na rodada derradeira os colocou pela quinta vez na Copa. A melhor participação aconteceu em 1999 quando chegaram nas quartas.
Entre a goleada italiana e o encontro latino-americano passei um bom tempo me refrescando no poderoso ar condicionado da área de imprensa. O local estava bastante vazio a não ser pela presença de dois ou três fotógrafos do país norte-americano, alguns voluntários da FIFA e um rapaz com camisa da Globo. Tirando isso, um mar de espaços vazios e um sossego completo. Daria para ter tirado uma soneca esperta, porém eu preferi não me meter nessa pois por conta do cansaço eu corria um grande risco de acordar somente depois da peleja.
Mexicanos e paraguaios posando para as fotos oficiais
Detalhe das bandeiras das seleções do Grupo F tremulando no Bezerrão
Por conta da lambança que os engravatados da FIFA fizeram na preliminar, dei uma leve sugestão para que fizessem o esquema da mesma forma como estavam fazendo em Goiânia. A proposta foi levada em conta e tudo mudou no jogo de fundo. Quando as seleções entraram em campo, a organização foi bem mais eficiente e o procedimento foi feito de forma precisa e rápida. Assim, não tive problema para captar as fotos posadas das duas seleções.
Já sentadinho no meu lugar resolvi acompanhar, sei lá por qual motivo, o ataque mexicano no primeiro tempo. A rapaziada até começou bem e chegou dentro da área sul-americana algumas vezes. Aos 19 minutos o camisa 10 Israel Luna chegou a abrir o marcador, porém o tento foi anulado pois o atleta estava impedido. O Paraguai respondeu aos 29 com um bom chute de Diego Torres e defesa importante de Eduardo Garcia. Foi o que houve de importante na etapa inicial.
Santiago Munoz (9) encarando a marcação paraguaia
Rodrigo Melgarejo (3) correndo atrás de Santiago Munoz (9) no campo de defesa sul-americano
Detalhe do gol mexicano que foi anulado pela arbitragem
Santiago Munoz (9), sempre ele, em investida pela esquerda
Bola alçada dentro da área do Paraguai
Wilder Viera (6) sofrendo com a marcação de avante do México
Para variar, em jogo do México sempre pinta alguém com as geniais máscaras de luta-livre
Resolvi mudar o ângulo das imagens e subi até as cabines de imprensa nos últimos 45 minutos pois queria acompanhar a peleja com nova perspectiva e também fazer fotos de um ângulo diferente, já acreditando que nada mudaria no marcador. O escrete tricolor foi melhor do que o adversário... bom, melhor naquelas, já que chance de gol de verdade não teve. Os nossos vizinhos emplacaram aquela pressão insossa e bem sem vergonha. Aos 24, Eugenio Pizzuto foi expulso e o México ficou com um a menos.
Mesmo com dez a melhor oportunidade foi norte-americana. Decorridos 30 minutos, a bola foi cruzada da esquerda, passeou por toda a área tendo o camisa 19 Ali Avila como alvo. Rolando Ortiz, 5 do Paraguai, tirou o doce da boca da criança, mandando pela linha de fundo. Na sequência da jogada o jogador mexicano bateu com tudo na trave, gerando uma grande preocupação dentro e fora de campo. Felizmente nada de pior aconteceu com ele.
Diego Torres (20) em bom lance de perigo pelo alto no tempo final
O segundo tempo foi recheado de cruzamentos na área das duas seleções
O Paraguai atacando pela direita na parte final da partida
As duas seleções até tentaram, mas não teve jeito... foi o meu primeiro 0x0 na Copa do Mundo sub-17
Placar final de Paraguai x México, meu primeiro 0x0 no Mundial
Nesse cenário completamente árido de emoções o placar final foi aquele que pensamos lá quando soubemos que iríamos assistir esse duelo: Paraguai 0x0 México. Definitivamente não foi uma boa estreia de ambos. Só que como Ilhas Salomão deve perder de ambos, até uma eventual derrota contra a Itália deixará os dois com quatro pontos e plenas condições de chegarem nas oitavas ao menos com a terceira colocação. Foi ruim para quem assistiu, mas não foi catastrófico pensando no decorrer do certame.
Somente com o almoço de muitas horas antes, saí da portentosa cancha na companhia da dupla Caio/Bruno morrendo de fome. Por ser uma segunda-feira, foi difícil encontrar um bom restaurante aberto em Brasília. Tivemos que recorrer novamente ao mundo encantado do fast food. De bom, foi que voltarmos ao hotel rapidinho e pude finalmente ter uma ótima noite de sono após alguns dias praticamente sem dormir nada.
Metade da viagem tinha chegado ao fim e felizmente o fôlego estava longe de acabar. A programação da terça-feira foi a mais intensa pois, além de ver o selecionado verde e amarelo em ação, foi o único dia que pude colocar três seleções novas na minha Lista, algo que, nessa altura do campeonato, não acontece com tanta regularidade.
Até lá!
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Ficha Técnica: Paraguai 0x0 México
Local: Estádio Walmir Campelo Bezerra (Brasília/DF); Árbitro: Georgi Kabakov (Bul); Público: 710 pagantes; Cartões amarelos: Rodrigo Melgarejo, Rodrigo Lopez, Diego Torres, Fabrizio Peralta; Cartão vermelho: Eugenio Pizzuto 24 do 2º.
Paraguai: Angel Gonzalez; Santiago Ocampos (Ulises Lezcano), Rodrigo Melgarejo, Gaston Benitez e Rolando Ortiz; Wilder Viera, Fabrizio Peralta, Fernando Ovelar (Matias Segovia), Junior Noguera (Rodrigo Lopez) e Diego Torres; Fernando Presentado. Técnico: Gustavo Morinigo.
México: Eduardo Garcia; Emilio Lara, Alejandro Gomez e Rafael Martinez; Victor Guzman, Eugenio Pizzuto, Josue Martinez e Bryan Gongalez (Bruce El-Mesmari); Santiago Munoz, Israel Luna (Joel Gomez) e Efrain Alvarez (Ali Avila). Técnico: Marco Ruiz.
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