Opa,
No meio da semana os amantes do futebol "perdido" puderam se deleitar com três pelejas sensacionais na Grande São Paulo. Graças à Copa do Brasil, torneio que tem na sua primeira fase algo sempre muito esperado pelo pessoal do JP, vimos confrontos inéditos e insólitos. O primeiro rolou na terça-feira e colocou frente a frente as equipes da Portuguesa e do Naviraiense duelando no Estádio Osvaldo Teixeira Duarte.
Vindo de um empate sem gols no jogo de ida, aonde de forma absurda entrou em campo com um time reserva (!), a Lusa precisava vencer para garantir sua vaga na próxima vaga do certame. O time sul-matogrossense precisava de um empate com gols para se garantir e enfrentar o Paysandu na segunda fase.
Mas além de jogar contra os paulistanos, o Naviraiense jogava contra o fraquíssimo histórico de atuações dos times de seu estado na história do campeonato. Tirando a boa campanha do Comercial em 1994 (quando alcançou as quartas-de-final), o que se viu desde que o Operário foi eliminado na primeira fase de 1989 pelo Blumenau foi uma série de fracassos retumbantes.
Doze equipes do estado já participaram da competição. Elas estiveram presentes em 44 "mata-matas", e em apenas seis deles (!) a agremiação sul-matogrossense saiu-se vitoriosa. A última delas em 2009, quando o Misto de Três Lagoas eliminou o Campinense. Contra paulistas, foram oito duelos com sete derrotas (entre elas o famoso 10x0 do Santos contra o Naviraiense em 2010) e uma isolada classificação do CENE contra o União Barbarense em 2004.
Apesar de tudo isso, a esperança de uma histórica classificação contra uma equipe da primeira divisão nacional existia, pois a Portuguesa ainda estava juntando os cacos do massacre sofrido apenas três dias antes na Série A2 Paulista. O 7x0 sofrido para o Comercial, a quinta maior goleada recebida pelo rubro-verde na sua existência, deixou enormes sequelas pelos lados do Canindé. O técnico Péricles Chamusca foi mandado embora, e a torcida não estava disposta a dar trégua aos atletas.
Quando as equipes entraram em campo ficou claro que a sova de Ribeirão Preto ainda ecoava forte nas alamedas do clube, já que a Portuguesa fez uma apresentação simplesmente lamentável. O time não jogou nada, os jogadores estavam perdidos em campo e nada deu certo. Para piorar a situação local, o time de Naviraí fazia um jogo digno.
A Lusa fez um jogo pífio contra o Naviraiense, mostrando baixíssima qualidade ofensiva. Foto: Fernando Martinez.
O resultado desse ambiente surreal é que a peleja foi muito, mas muito fraca, com certeza um dos piores jogos que acompanhei até aqui no ano. O intervalo terminou sem a abertura do marcador e nada indicava que o placar pudesse ser alterado também no tempo final. Na arquibancada, os amigos Mílton, Paulo "Shrek", Sérgio e o ressurgido das cinzas Estevan já se preocupavam com a chance de disputa de pênaltis, fato que faria todo mundo perder o metrô (o jogo foi marcado para o nojento horário das 21h50).
Mais uma chegada infrutífera do time paulistano. Foto: Fernando Martinez.
Enquanto batíamos aquele papo sempre genial, a peleja voltou a se arrastar no tempo final. A Portuguesa conseguia cometer uma das piores partidas dos últimos tempos, deixando seus torcedores fora de si. Assim como quem não quer nada, o Naviraiense viu que o bicho não era tão feio e passou a tentar a sorte no campo ofensivo.
O melhor lance do jogo: a torcida batendo uma bola nas arquibancadas com muito mais qualidade do que os jogadores da Portuguesa. Foto: Fernando Martinez.
Aos 26, para a felicidade da sua animada torcida que marcou presença no Canindé, Paulo Sérgio avançou pela esquerda e chutou rasteiro. O chute foi fraco, mas o goleiro Glédson demorou 74 minutos para cair e viu a bola morrer calmamente no fundo do gol. Se a situação já estava ruim, depois de estar atrás no placar tudo piorou de vez.
Bola alçada na área do time sul-matogrossense no tempo final. Foto: Fernando Martinez.
O gol de empate marcado por Flecha Arraya aos 31 não foi capaz de aplacar a fúria da torcida lusitana. Jogando com o freio de mão puxado, a Lusa não foi capaz de virar o jogo e levar a vaga. No final, o placar de Portuguesa 1-1 Naviraiense marcou uma histórica classificação para o Jacaré do Cone Sul e também para o estado. Junto com as eliminações para o Icasa e para o Bangu, respectivamente em 2009 e 2011, essa precoce despedida rubro-verde fecha uma trilogia de fracassos surreais em apenas cinco anos de disputa.
Festa dos jogadores do Naviraiense com sua torcida pela histórica classificação no Canindé. Foto: Fernando Martinez.
A festa foi enorme entre os jogadores, comissão técnica e torcida do time visitante. Ainda nos vestiários, dirigentes renovaram o contrato de todos os atletas num justo reconhecimento pelo que aconteceu nos 180 minutos da primeira fase. E pensar que tem gente "entendida" do ramo infestando importantes veículos de comunicação e defendendo com unhas e dentes uma elitização do futebol tupiniquim, imaginando que somente as equipes "grandes" são importantes. Ridículo, para dizer o mínimo.
E enquanto a festa comia solta nos vestiários sul-matogrossenses, a coisa fora do estádio estava tensa. Torcedores protestaram com veemência e arranjaram confusão com o monte de policiais militares que faziam a segurança da peleja. Ficamos ali um bom tempo acompanhando o circo pegar fogo antes de voltarmos para casa.
A noite foi bem dormida, já que a quarta-feira prometia com uma sensacional rodada dupla no ABC também pela Copa do Brasil.
Até lá!
Fernando
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