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quarta-feira, 28 de dezembro de 2005

Fútbol Argentino, volume IV: Sacachispas

Buenas!

Pessoal, como prometido, vou prosseguir com mais um relato de minhas aventuras nas terras portenhas. Depois de um dia prazeroso e tranqüilo na Villa Devoto e Caseros, resolvi voltar ao sul de Buenos Aires. Já havia estado no extremo sul, quando no primeiro dia de viagem visitei a Villa Lugano, para conhecer o Yupanqui e CA Lugano.

Dessa vez a meta era visitar três bairros próximos um do outro e conhecer mais quatro clubes. Precisamente a aventura se passou pela Villa Soldati, sede do Sacachispas; Flores, sede do extinto Deportivo Espanhol e Nueva Pompeya sedes do estádio do San Lorenzo e do Deportivo Riestra. E numa situação meio inusitada e não planejada, ainda acabei indo parar na cidade de Laferrere e conhecendo o Deportivo Laferrere. Bom, como esse dia acabou sendo um tanto quanto cheio, vou ter que contar a história em partes.

Saindo do hotel, estranhei bastante o espanto do porteiro, quando eu disse que iria para a Villa Soldati. Como eu acho os argentinos um tanto quanto assustados e eu já havia me surpreendido positivamente com a temida Villa Lugano, segui destemido.

Esse nome Soldati é de difícil pronúncia, seria mais ou menos [solidat]. Lingüística à parte, vamos com a aventura: no centro de Buenos Aires peguei um coletivo que me levaria direto ao bairro em questão. Depois de quase uma hora no ônibus, comecei a perceber uma desertificação assustadora nas ruas e eu não via a hora do motorista anunciar meu desembarque.

Finalmente essa hora chegou e desci numa avenida quase fantasma. O cenário era o seguinte: avenida larga, nenhum carro passando, carros desmanchados por todo o canto, nenhum estabelecimento aberto e ninguém para se perguntar. Sabe aquele clima meio Bronx de filme estadunidense... era exatamente isso.


Pichação, ou "pintadas" como dizem por lá, num muro da Villa Soldati. Foto: Emerson Ortunho.

Saí andando para um lado por intuição e só depois de uns dez minutos encontrei alguém para perguntar. Felizmente eu estava no caminho certo e pertinho do Sacachispas. Bem próximo do estádio entrei numa rua cheia de grupos de mendigos, que estavam deitados pelo chão e em volta de fogueiras, eram pelo menos quatro grupos. Não pareciam hostis, mas pensei em recuar, dar a volta no quarteirão, sei lá... tentar outro caminho. Pensei um pouco e percebi que não havia saída, a volta no quarteirão poderia ser ainda pior. Segui em frente e só fui abordado por um que me pediu um cigarro, disse que não fumava e mesmo assim ele agradeceu... finalmente cheguei ileso ao Estádio Beto Larrosa, do Sacachispas Fútbol Club.


Entrada principal do estádio Beto Larrosa. Foto: Emerson Ortunho.

Dado o relato acima, nem preciso dizer que o Sacachispas é um clube modesto. Fundado em 17/10/1948, os Lilás disputam a Primeira C (quarta divisão), alternando boas e más campanhas nos últimos anos.


Portão dos fundos do estádio, notem a rua de terra batida. Foto: Emerson Ortunho.

Não havia uma alma viva em volta do estádio e estava tudo fechado. Quando eu já estava pensando em ir embora, apreceu uma garota, muito "hermosa" por sinal. Para minha surpresa ela se dirigiu para a porta principal e tirou uma chave para abrir o estádio. Corri para solicitar minha entrada e descobri que ela era a filha do "canchero", assim sendo ela chamou seu pai e eu adentrei a "la cancha".


Arquibancada localizada atrás de um dos gols. Foto: Emerson Ortunho.


Banco de reservas e cabine de imprensa. Foto: Emerson Ortunho.


Arquibancada principal do estádio. Foto: Emerson Ortunho.


Vista do gol dos fundos do estádio. Foto: Emerson Ortunho.

Depois de uma conversa básica sobre futebol brasileiro e argentino com o "canchero", ainda conheci a pequena sede social do clube e obtive informações de como chegar ao meu próximo destino: o Estádio Nueva Espanha, do Deportivo Espanhol, que fica no bairro Flores. Para minha surpresa, da porta do estádio do Sacachispas dá pra se avistar o estádio do Deportivo, porém não era tão perto assim, e foi outra aventura, mas essa história fica para o Volume V, ok?

Abrazos!

Emerson

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