Texto e fotos: Fernando Martinez
Terminada a primeira fase da Copa São Paulo de Futebol Júnior, sobraram 64 equipes em busca do caneco. Tinha a ideia de assistir o máximo de jogos possível do mata-mata, só que infelizmente a tabela feita pela FPF foi terrível para quem curte uma rodada dupla ou tripla. Em meio a várias opções legais, resolvi ir ao Estádio Osvaldo Teixeira Duarte pro insólito, inédito e histórico duelo entre Portuguesa e São Paulo do Amapá.
O time paulistano manteve os 100% de aproveitamento no Grupo 32 após vencer América Mineiro, Teixeira de Freitas e Remo, algo que não acontecia desde a vencedora campanha de 2002. Além disso, quebrou o jejum de três anos sem triunfos na Copinha. Pode parecer pouco, mas pelos lados do Canindé isso significa muita coisa.
Do outro lado estava o conto de fadas dessa edição do torneio. O tricolor amapaense terminou na vice-liderança do Grupo 31 e deu ao estado uma situação inédita na história da competição. Nunca os sete clubes que representaram o estado conquistaram uma classificação, isso somando catorze participações. Escrevi aqui na matéria do triunfo contra o Nacional que não seria absurdo pensar em vaga e no fim isso se confirmou.
Associação Portuguesa de Desportos (sub-20) - São Paulo/SP
São Paulo Futebol Clube (sub-20) - Macapá/AP
Capitães dos times e quarteto de arbitragem
Até que o público foi razoável por conta do dia e horário (quatro da tarde de uma sexta-feira) e quem foi viu muita movimentação por parte do onze local. Grande parte dos presentes achava que a missão lusitana seria fácil, só que na hora em que a pelota rolou não foi bem assim.
Não que a Portuguesa não tenha criado chances, até porque ela criou bastante, o problema real foi o último toque. Aos 14 minutos Davi teve ótima oportunidade pra abrir o marcador num lance onde a bola bateu na trave. Os visitantes se seguravam bem na defesa e aos 30 quase marcaram em rápido contra-ataque.
Aos 33, outra finalização no travessão do São Paulo. No minuto seguinte, grande defesa de Rai e, no rebote, Matheus França chutou e fez o primeiro gol. Sem maiores emoções nos minutos restantes do tempo inicial, ele foi encerrado com o 1x0 paulista. Por causa do sol me mandei do gramado e fui até as cabines de imprensa ver do alto os últimos 45 minutos.
Rai praticando boa defesa num dos primeiros ataques da Portuguesa na partida
Lance no campo de ataque lusitano
Apesar de ter criado várias chances no tempo inicial, a Portuguesa só fez um gol
O camisa 2 do São Paulo sofrendo com a marcação rubro-verde
Ao lado do amigo Ricardo Espina vi o onze rubro-verde retornar a campo perdendo um caminhão de gols. Nos primeiros quinze minutos, o arqueiro amapaense já tinha feito duas defesas sensacionais. A partida seguiu com amplo domínio local, porém o 1x0 ainda era o placar. Isso não deixava a Lusa ficar totalmente tranquila.
O São Paulo jogava por uma oportunidade. Ela apareceu aos 37 minutos, quando o árbitro marcou pênalti. Ronald bateu, Matheus quase defendeu e a pelota foi pro fundo da rede paulistana. O gol de empate foi um banho de água fria dentro e fora do gramado. Meio atordoada com o golpe, a Portuguesa fez uma pressão na base do bumba-meu-boi nos minutos derradeiros, sem resultado prático.
Visão geral do Canindé antes do início do segundo tempo
Gol de empate do tricolor amapaense em pênalti cobrado por Ronald
Na base do bumba-meu-boi a Lusa ainda tentou fazer o segundo gol, só que a peleja foi pros pênaltis
Quando a peleja chegou ao final, o 1x1 estampado no marcador deixou a torcida incrédula e com medo do que estava prestes a acompanhar na "loteria dos pênaltis". Brunetti iniciou a disputa fazendo o primeiro da Lusa. Luís Fernando cobrou e Matheus defendeu. João Lucas e Arthur fizeram. O rubro-verde Maurício mandou na trave e Richard fez. Com três pênaltis batidos pra cada um, 2x2 no marcador.
Mateus Tavares fez o terceiro da Lusa e Dennys chutou na trave. Ficou nos pés de Matheus França a oportunidade de colocar a Portuguesa na terceira fase da Copinha depois de oito anos. Ele cobrou seu pênalti com muito sangue frio e classificou os donos da casa.
Dennys chutou na trave a quarta cobrança do São Paulo
Mateus Tavares cobrou seu pênalti com perfeição e colocou a Portuguesa entre as 32 melhores equipes da Copinha
O placar final de Portuguesa 1 (4) - 1 (2) São Paulo/AP se não foi de encher os olhos do torcedor lusitano, pelo menos garantiu a presença na terceira fase, aonde irão fazer um repeteco da fase inicial versus o América Mineiro. Do outro lado a tristeza da derrota mas a certeza que viveram um momento único na capital paulista.
Atletas do São Paulo do Amapá agradecendo a belíssima campanha do time na Copa São Paulo. Parabéns, molecada!
Num país aonde apenas poucos clubes tem cobertura decente da "mídia especializada" e temos centenas e mais centenas de agremiações passando perrengue e sendo motivo de chacota, o que o São Paulo do Amapá fez merece ser louvado durante muito tempo. Deixo os parabéns a todos os envolvidos na campanha tricolor e que isso sirva como inspiração pro futebol local. Fora que além de tudo isso, é legal demais ver a história ser escrita diante dos nossos olhos.
Até a próxima!
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