SANTA MARINA AC
Escudo do Santa Marina AC. Foto: Fernando Martinez.
Olá
Hoje tenho o orgulho de contar no post da série "Uma Volta ao Passado" um pouco da história de um clube que disputou apenas um ano no futebol profissional no estado de São Paulo, mas que deixou saudade e até hoje é lembrado com nostalgia pelos amantes do futebol paulista. Falo do Santa Marina Atlético Clube, fundado por funcionários da antiga Vidraria Santa Marina em em 15 de agosto de 1913 e que disputou a quarta divisão paulista no longínquo ano de 1960. Visitei o clube em março passado, após um jogo do Nacional e tive a companhia do seu Natal, do David e do amigo Rodrigo Colucci.
Fachada atual do Santa Marina Atlético Clube, na Zona Oeste paulistana. Foto: Fernando Martinez.
Muito antes do time se aventurar pelo profissionalismo, o clube já era respeitado nas categorias de base e em outros esportes. O SMAC tinha uma invejável sede social, com instalações para a prática do boxe, luta greco-romana, halterofilismo, quadra de futebol de salão e um campo de futebol com arquibancada. Além disso, um grande salão de festas também fazia parte dessa sede.
Entrada da antiga Vidraria Santa Marina, em foto da primeira metade do século XX. Reprodução: Fernando Martinez.
Time juvenil do Santa Marina, posando para foto em 15 de agosto de 1942. Reprodução: Fernando Martinez.
Foto da delegação do Santa Marina se apresentando no Estádio Nicolau Alayon, do Nacional AC. Nessa época, o clube estava sendo reformado e o Naça emprestou suas dependências para a utilização do SMAC. Reprodução: Fernando Martinez.
Desde o começo da história do clube, as categorias de base fizeram campanhas memoráveis em amistosos e torneios amadores da capital. O Santa Marina também possui uma espetacular história no boxe amador, com uma enormidade de títulos e nomes de lutadores de sucesso que ainda ecoam pelo clube. O legal é que muitas dessas histórias estão brilhantemente retratadas em murais que ficam na sede atual do SMAC.
Categoria de base do Santa Marina se apresentando no Estádio do Pacaembu, ainda com sua fantástica concha acústica. Reprodução: Fernando Martinez.
Depois de tanto acontecimento importante no amadorismo, o clube resolveu arriscar o profissionalismo em 1960, na quarta divisão estadual. Naquele ano, os times foram divididos em quatro chaves, e o Santa Marina acabou na "Série Brasília", e os outros times do grupo também não disputam o profissionalismo atualmente: Cerâmica de São Caetano do Sul, Rigesa, Volkswagen Clube, Corinthians de Santo André, Itatiba, Esporte Clube São Bernardo, Lapeaninho e Floresta.
O primeiro jogo do time foi no dia 26 de junho de 1960, um domingo, quando perdeu de 7x3 para o Floresta de Amparo. O primeiro jogo em casa foi na semana seguinte, em 03 de julho, quando perdeu de 4x2 para o Cerâmica. A primeira vitória do time foi jogando no seu próprio estádio no dia 24 de julho, quando ganhou de 2x1 do bom e velho Bernô. E após 16 rodadas, o time ficou na última colocação da sua série, com 12 derrotas e apenas 4 vitórias. A equipe marcou 23 gols e sofreu 32, terminando o certame com um saldo negativo de 19 gols.
Time do Santa Marina posado em seu estádio nos anos 80. O estádio, com arquibancadas cobertas era a menina dos olhos do pessoal, mas infelizmente não existe mais, pois a empresa gestora praticamente o desapropriou. Reprodução: Fernando Martinez.
Após essa aventura no profissionalismo, o time voltou às suas origens amadoras, e nunca mais jogou futebol profissional. Mas a história de sucesso nas categorias de base continuou e continua até hoje, mesmo com o clube não tendo mais todo o espaço que tinha anteriormente à sua disposição. Por toda a história, o clube perdeu muito do seu terreno original, e as instalações atuais do clube nem chegam perto do tamanho que o SMAC já teve um dia.
Atual quadra de futebol de salão dentro do clube. Foto: Fernando Martinez.
Detalhes da gloriosa sala de troféus do Santa Marina Atlético Clube. Foto: Fernando Martinez.
Hoje em dia pertencente a um grupo francês, a Vidraria derrubou as duas vilas de empregados que mantinha, que eram chamadas de Vila Nova e Vila Velha. Perdeu dois grandes lagos que tinha, pois ambos foram aterrados para dar lugar aonde hoje existe a TV Cultura. Além disso, perdeu parte da sua propriedade quando foi cortada ao meio na construção da Avenida Ermano Marchetti e além disso o fundo da empresa, que era no Rio Tietê, foi perdido quando da construção da Marginal. Em virtude disso, o espaço foi ficando cada vez mais escasso, e para não sumir, a Vidraria foi consumindo o grande espaço social e esportivo do clube.
Outra visão da sala de troféus do clube. Foto: Fernando Martinez.
Mais taças conquistadas pelo SMAC em toda sua história. Nessa visita podemos comprovar a história dourada do clube da Zona Oeste paulistana. Foto: Fernando Martinez.
Atualmente o espaço social do Santa Marina Atlético Clube é aonde funcionava a antiga Vidrobrás. E no pequeno espaço (se compararmos com o antigo) os abnegados sócios do SMAC construíram um campo de areia, uma quadra de futebol de salão, um salão de jogos e a nova sede social. Ali que se encontram os murais com fotos que citei. Taças, troféus e muitas memórias fazem parte do lugar, coisa que raramente acontece nos clubes que visitamos. O clube ainda tem um nome forte nas categorias menores e não desiste de lutar.
Murais com centenas de fotos da gloriosa história do SMAC. Foto: Fernando Martinez.
Detalhe do campo de areia do Santa Marina, aqui com a visão para a fábrica. Foto: Fernando Martinez.
Mas a situação atual do Santa Marina é um tanto quanto preocupante, pois a empresa francesa que toma conta do local insiste em apertar cada vez mais o espaço destinado à parte social. Além disso, dão uma ajuda de custo ao clube de apenas 400 reais ao mês, valor impossível de fazer qualquer coisa, por mínima que seja. E o clube vai sendo tocado por abnegados e apaixonados do esporte e que lutam para que uma memória paulistana tão bonita seja apagada do mapa.
Visão do centro do campo aonde as categorias de base do Santa Marina ainda desfilam. Foto: Fernando Martinez.
E a visão de um dos bancos de reserva, com a bela paisagem de um final de sábado à tarde. Foto: Fernando Martinez.
Por isso tudo a volta do time ao profissionalismo é praticamente impossível, mas as categorias de base e o futebol dos veteranos ainda se fazem presente nos sábados a tarde e domingos cedo no campo de areia do Santa Marina Atlético Clube. Ficamos felizes de poder ver e conhecer um pouco mais dessa história incrível e torcemos desde já para que o clube não desapareça, pois seria triste demais ver uma agremiação quase centenária fazer parte somente dos livros de história e da memória de poucos. E o JOGOS PERDIDOS não deixa que essa história se apague, pelo menos em nossas páginas.
Até a próxima
Fernando
Por favor, há referencias sobre Victório Amadei e George Amadei ?
ResponderExcluirMeu pai jogou muito tempo no Santa marina e meu avô foi um dos fundadores em 1913 ,Desidério Amadei
Por favor, há referencias sobre Victório Amadei e George Amadei ?
ResponderExcluirMeu pai jogou muito tempo no Santa marina e meu avô foi um dos fundadores em 1913 ,Desidério Amadei .Tenho medalha de campeão do meu pai de 1942
Local maravilhoso, até hoje vou nas festas com o meu pai, pois tem
ResponderExcluirmuitos amigos. Meu pai é o Roberto Frediani, jogou nos anos 70, morava na brasilandia e tinha um grande bigode.
Excelente matéria! Sou Adriano Porto, meio campista 91. Tive a honra de jogar no SMAC nos anos de 2005 a 2007, com os treinadores Osvaldo e Neno. Saudades, fiz boas partidas e gols pelo clube.
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