Procure no nosso arquivo

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

JP na Libertadores Feminina: vitória emocionante da UA de Asunción em cima do Rampla

Olá pessoal!

Finalmente nessa quarta-feira consegui fazer meu cronograma funcionar direitinho para acompanhar uma rodada dupla pela Taça Libertadores da América Feminina. Para isso, nem dormi à noite para não correr risco de não acordar na hora. Saí de casa às 6 e meia da manhã e peguei um ônibus com destino à bela cidade de Santos para ver a definição do Grupo 2. As duas partidas aconteceriam no histórico Estádio Urbano Caldeira, a Vila Belmiro. E a primeira pedida do dia reuniu o time paraguaio da Universidad Autonoma de Asunción e o genial Rampla Juniors do Uruguai.


 

Escudos da Universidad Autonoma de Asunción e do Rampla Juniors. Reprodução: site oficial da UAA e distintivos.com.br .

Tive uma viagem sossegada, e a única coisa que me atrapalhou foi a previsão do tempo. Tinha visto em mais de uma fonte que teríamos um dia de frio e chuva em Santos. Fui preparado para tal temperatura, mas ao chegar lá vi que a coisa seria bem diferente. Já cheguei na Vila Belmiro com calor e sem o menor sinal de chuva... Ossos do ofício. Ao chegar na Vila, nem parecia que uma rodada dupla de um torneio importante como esse seria disputada por lá. Ninguém na rua, na frente do estádio ou nas redondezas.

Entrei na Vila faltando pelo menos quinze minutos para o começo do primeiro jogo, e somente quatro pessoas estavam nas cativas do estádio. E todas elas eram parte das delegações das equipes. Tudo bem que essa rodada inicialmente estava marcada para o Guarujá, mas não vemos jogos vazios assim nem na nossa Segundona, nos paulistas sub-20 e até mesmo os campeonatos sub-15/sub-17 tem mais público. Juntamente com a pífia veiculação de notícias desse campeonato na grande maioria da nossa imprensa, ficamos com a impressão que o torneio foi criado somente para que o Santos garanta mais uma taça na sua sala de troféus, pois ninguém ficou sabendo direito o que aconteceu nos outros jogos.


Time da Universidad Autonoma entrando em campo sem que nenhuma alma ocupasse os lugares vazios na Vila Belmiro. Foto: Fernando Martinez.

E foi a já citada "troca de sedes" que me complicou na programação dos jogos que estaria presente. Fora os problemas da semana passada, eu iria acompanhar a rodada de terça-feira, a última do Grupo 1, mas a mudança do local dos jogos por duas vezes me quebrou as pernas. A rodada era em Santos, mudou para o Guarujá e finalmente voltou para Santos na manhã da terça. Já imaginou se eu tivesse acordado e ido para o Guarujá? Teria batido com a cara na porta, sem chance de voltar rápido para a Vila. Esperamos que nas próximas edições o torneio possa ter melhor organização e tenha maior divulgação.

Bom, mas independente de qualquer problema, estava na Vila e o jogo iria começar. E desde que os times que disputariam a Libertadores foram anunciados, tinha programado assistir um jogo do fantástico Rampla Juniors. O time foi fundado em 1914 e é um dos mais legais do futebol uruguaio, já tendo sido considerado o terceiro maior time do país. Mas como o time masculino não dá as caras em terras paulistas, ver o time feminino era mais do que obrigatório. Já a Universidad Autonoma de Asunción existe desde 1979 e é uma referência estudantil na capital paraguaia.

Nem tentei entrar no gramado para fazer as fotos posadas, mas das cadeiras cativas da Vila Belmiro acabei conseguindo as fotos das duas equipes. E elas vem num ângulo diferente, mas o valor é o mesmo... até porquê provavelmente elas não serão publicadas em nenhum lugar além do JP:


Universidad Autonoma de Asunción (feminino) - Assunção/PAR. Foto: Fernando Martinez.


Rampla Juniors Fútbol Club (feminino) - Montevidéu/URU. Foto: Fernando Martinez.

Até a rodada anterior, as equipes fizeram campanhas bastante distintas nessa Libertadores Feminina. O time paraguaio venceu seus três jogos e com um empate terminaria a primeira fase na primeira colocação do Grupo 2. Já o Rampla saiu derrotado de campo em todos seus jogos, e mesmo sabendo que iria terminar o campeonato na lanterna da chave, queria aprontar uma em cima das paraguaias.

E confortavelmente sentado nas cadeiras cativas no meu primeiro jogo de dia que já vi na Vila Belmiro, vi que a equipe paraguaia era melhor dentro do campo de jogo mesmo sem seis titulares, todas descansando para a partida semifinal. Perto de mim, algumas jogadoras uruguaias não relacionadas para a partida animavam bastante o time dentro de campo, com gritos de incentivo e muita simpatia.


Armação de ataque paraguaio no começo da partida contra o Rampla Juniores. Foto: Fernando Martinez.


Chegada sem maior perigo do time uruguaio no primeiro tempo. Foto: Fernando Martinez.

O time da Universidad Autonoma dominou a partida desde o começo, mas pecava demais nas finalizações. A equipe do Rampla ficou encurralada no seu campo de defesa, sofrendo pressão e mais pressão. Ficava clara a diferença ténica das duas equipes. A única chance do Rampla viria em alguma bobeada do time paraguaio, e isso acabou acontecendo aos 18 minutos.


Uma chance do Rampla defendida pela goleira da Universidad Autonoma. Foto: Fernando Martinez.

Numa bobeada incrível da goleira Analia Garcete, a atacante Juliana Castro se aproveitou e tocou de leve para o fundo das redes e abriu o marcador para as uruguaias. As jogadoras nas cadeiras cativas fizeram muita festa, e todos se perguntaram se a zebra iria correr pela Vila Belmiro. Mas mesmo perdendo gols, o time vermelho era melhor, e era simples questão de acertarem o primeiro gol para virarem o marcador.


Boa chegada pelo alto das paraguaias no final do primeiro tempo. Foto: Fernando Martinez.

Finalmente então para a equipe paraguaia a virada veio ainda com dois gols na primeira etapa. Eles aconteceram aos 36 e 42 minutos, ambos com a atacante Irma Fiorentina. Os dois vieram em apagões gerais da zaga uruguaia, e a partida chegou no seu intervalo com a vantagem de 2x1 para a Universidad Autonoma. No intervalo fiquei morgando no mesmo lugar, pois o calor já era intenso em Santos.


Não foi refrigerante, suco ou até mesmo água o líquido mais consumido durante o jogo nas cativas, e sim o tradicional chimarrão, mesmo com o mormaço forte na Vila Belmiro. E na outra foto, as bandeiras do Rampla devidamente estendidas atrás de um dos gols do estádio santista. Fotos: Fernando Martinez.

A partida então recomeçou e foi ainda melhor do que na primeira etapa. Aos 7 minutos, a equipe do Paraguai fez um golaço de falta com uma precisão absoluta da jogadora Anabel Rodriguez, que chutou quase da lateral do campo e encobriu a goleira Luciana Goméz. Com 3x1 no placar, a equipe da Universidad abaixou a guarda, e o Rampla Juniores se aproveitou muito bem disso.


Chute de longe do time vermelho que foi desviado pela zaga do Rampla. Foto: Fernando Martinez.

Logo no minuto seguinte, o time uruguaio marcou o segundo gol, com a jogadora Yessica Moreno aproveitando rebote da goleira adversária e diminuindo. O tempo foi passando e o Rampla passou a acreditar que poderia deixar tudo igual no marcador. O time foi extremamente valente e mostrou uma disposição acima da média, mesmo sendo inferior tecnicamente.


Cruzamento da direita, em mais um ataque do time de Assunção. Foto: Fernando Martinez.

Então aos 39 minutos, para a festa completa do pessoal do time que estava nas cativas, o Rampla Juniores chegou ao empate. E ele veio em mais uma grande falha da zaga e da goleira paraguaias. E novamente o time uruguaio se aproveitou da bobagem e Yessica Moreno marcou seu segundo gol no dia e deixou tudo igual no placar. Foi legal ver a comemoração de todos por lá.


Jogadora do Rampla se preparando para chutar a bola beeem longe do gramado. Foto: Fernando Martinez.

Mas ao sofrer o empate, as paraguaias acordaram e foram para cima para tentar manter o 100% de aproveitamento na competição. Foram minutos de sufoco para o Rampla, e nos acréscimos da partida, para o desapontamento do pessoal que torcia para as uruguaias, a Universidad Autonoma passou de novo à frente do marcador. Numa jogada rápida pela esquerda, a bola foi cruzada e a atacante Irma Fiorentina aproveitou a zaga toda desarrumada e só teve o trabalho de escorar para o fundo do gol adversário, marcando seu terceiro gol na partida.


Detalhe do quarto gol das paraguaias, que decretou a quarta vitória do time em quatro jogos dessa primeira fase. Foto: Fernando Martinez.

Final de jogo: Universidad Autonoma 4-3 Rampla Juniors. Os dois times se despedem dessa primeira fase com 100% de aproveitamento... mas de forma positiva e negativa respectivamente. O time paraguaio joga agora contra o Everton do Chile, na primeira semifinal de sexta-feira no Pacaembu. Ao Rampla valeu mesmo ter participado desse histórico torneio, e valeu também ver a famosa raça uruguaia demonstrada em campo.

Mas esse foi o final somente do primeiro jogo do dia. Nem bem as equipes saíram do gramado, o outro jogo já estava para começar. Até daqui a pouco!

Abraços

Fernando

Nenhum comentário:

Postar um comentário