Texto e fotos: Fernando Martinez
Quarta-feira foi um dia especial para a torcida da Portuguesa. Após anos de campanhas horríveis e muita humilhação, finalmente puderam comemorar a volta do time a um calendário nacional com a conquista da Copa Paulista. Foi um título bastante merecido e que veio depois do segundo triunfo contra o Marília no Estádio Oswaldo Teixeira Duarte.
O Canindé estava vazio, cortesia da pandemia que parece não ter fim. Independente disso, quem acompanhou a partida ao vivo e em cores pela internet e pela televisão comemorou como se estivesse lá. Se os grandes e boa parte dos fãs de futebol praticamente não dão nenhuma importância para a Copa, a massa lusitana que sofre desde o criminoso rebaixamento de 2013 viu no certame uma espécie de redenção. Um pequeno oásis de alegria em meio a uma situação (ainda) complicada.
Tudo foi possível com dois ingredientes básicos: bom trabalho e organização. Os comandantes da agremiação centenária perceberam que a edição 2020 seria sui generis, um torneio de exceção, de tiro curto e com participantes não tão fortes como em anos anteriores. Os lusos aproveitaram a deixa e chegaram na decisão com uma campanha avassaladora: doze jogos, nove vitórias, dois empates e apenas uma derrota. Tirando o revés contra o Água Santa - que por pouco não encerrou prematuramente a trajetória lusitana - apresentações sólidas e seguras.
Ah, que saudade de fazer as fotos oficiais numa decisão. Mas tudo bem, o que vale é que temos os registros no JP mesmo de longe
Na semi, o empate por 1x1 no ABC e o tranquilo triunfo por 3x0 em casa contra o São Bernardo FC recolocou a Portuguesa no cenário nacional em 2021. Acontece que a Copa do Brasil não era o foco, e sim a Série D do Brasileiro. Sem o título, nada feito. Aí a sorte deu as caras e o XV de Piracicaba, o outro grande favorito, foi eliminado pelo Marília. O receio de pegar o Nhô Quim na final ficou no papel. O MAC com certeza seria um difícil oponente, mas todos se encheram ainda mais de confiança.
O duelo de ida teve triunfo paulistano por 2x1. Um empate bastaria dentro de casa. Cheguei cedo no palco da peleja e encontrei ali os amigos Mário, Cristiano Fukuyama e Edson de Lima, o maior conhecedor do futebol feminino no estado. A expectativa era grande e ninguém ali, exceto os dirigentes do clube alvi-azul, cogitava outro resultado se não o título.
Dentro de campo, nenhuma surpresa. A primeira etapa foi toda da Lusa. As chances criadas deixaram claro que os locais não deixariam a zebra passear na cancha rubro-verde. Maykinho criou dois bons momentos com duas grandes defesas de Igor Castro. O Marília pouco atacou e somente Diogo Calixto, em lance isolado, levou perigo. A pressão deu resultado aos 37 minutos quando Adilson Bahia abriu o placar em cobrança de pênalti e ampliou a vantagem.
A favorita Portuguesa foi dona do primeiro tempo da decisão. Não deu sopa para o azar e chegou ao 1x0 em gol de pênalti de Adilson Bahia
A gente já sabia que a missão mariliense seria quase impossível, o que não impediu que as duas equipes fizessem um segundo tempo aberto e bem agradável de assistir. A Portuguesa foi perigosa e o Marília não se entregou em nenhum minuto. Diego Jussani aos cinco e Adílson Bahia aos oito finalizaram na trave. Aos 13, Giovani driblou dois marcadores e mirou certeiro no canto... 2x0. Na saída de bola o MAC diminuiu com bonito gol de Léo Couto. Ele mesmo quase empatou na sequência e Dheimison defendeu com precisão. Raphael Luz respondeu com estilo e fez 3x1 aos 20 minutos. Os visitantes não abaixaram a cabeça, marcaram o segundo com Diogo Calixto aos 37 e Caíque aos 43 por pouco não deixou tudo igual.
No tempo final a peleja ficou ainda mais animada e, mesmo sofrendo dois gols, a Lusa não correu maiores riscos por ter vencido o duelo de ida. O título ficou em ótimas mãos
O Portuguesa 3-2 Marília foi justo e recolocou o escrete rubro-verde no Brasileiro da Série B após quatro anos. Em 2017 a preparação foi horrorosa e a eliminação veio na primeira fase. Em 2021 esperamos que os erros sejam corrigidos e que possam entrar na disputa de forma competitiva. Além disso a sala de troféus do Canindé ganha novo item. Ao MAC, a certeza de que fizeram uma belíssima campanha e a presença inédita na Copa do Brasil.
O Marília foi vice mas merece todos os parabéns. Nem o torcedor mais fanático esperava a classificação para um certame nacional depois de tanto tempo. Já a Portuguesa comemora demais o retorno à Série D. Quem sabe não tenha sido o ponto de partida do esperado retorno...
A comemoração dos atletas e da comissão técnica no gramado foi enorme, porém como disse aqui na matéria da decisão da A3 entre São Bernardo e Velo Clube, a falta de torcida no estádio deixa tudo com gosto esquisito. Se estivéssemos vivendo dentro da normalidade, imaginem como teria sido a festa na arquibancada. Independente disso, as medalhas e taças foram entregues e eu fui ao campo - de máscara e com aquele banho de álcool em gel, claro - tirar uma foto com o troféu.
Essa foi a última cobertura do Jogos Perdidos antes do Natal. Só que o ano não acabou e antes do réveillon tem final do sub-20 e fase decisiva do nacional da categoria por aqui.
Até lá!
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Ficha Técnica: Portuguesa 3-2 Marília
Local: Estádio Oswaldo Teixeira Duarte (São Paulo); Árbitro: José Cláudio Rocha Filho; Público e renda: Portões fechados; Cartões amarelos: Geovani, Maykinho, Joãozinho, Júnior Santos, Léo Couto, Arthur Gaúcho, Diogo Calixto; Gols: Bahia (pênalti) 37 do 1º, Geovani 13, Léo Couto 14, Raphael Luz 20 e Diogo Calixto 38 do 2º.
Portuguesa: Dheimison; Feijão, Jussani, William Magrão e Vinicius; Caíque, Walfrido (Fabricio), Raphael Luz (Raphael Toledo) e Maykinho (Lucas Douglas); Bahia e Geovani (Joãozinho). Técnico: Gegê (AT).
Marília: Igor Castro; Denis Leite (Bruno Oliveira), Geninho, Arthur Gaúcho (Lucas Lino) e Diogo Calixto; Felipe Cordeiro (Dionathan), Júnior Santos e Léo Couto (Eric Di Maria); Luan Gama, Orlando Júnior e Gustavo Nescau. Técnico: Guilherme Alves.
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