Texto e fotos: Fernando Martinez
A quarta-feira tinha a expectativa de ser o dia mais quente do ano até aqui, mas mesmo assim resolvi sair de casa conferir de perto um jogo perdido até a medula. Direto do CT alviverde em Guarulhos, o Palmeiras recebeu o genial Instituto AEFA do Mato Grosso do Sul na estreia da Copa do Brasil sub-17. Partida totalmente imperdível, com a carinha do JP.
O Instituto AEFA foi o campeão sul-mato-grossense sub-17 em 2022 depois de derrotar o Grêmio Santo Antônio, que eu vi contra o São Paulo em 2021, na decisão. Foi o primeiro título da equipe em sua história logo na estreia em torneios da FFMS. Fundado em 2007, o time tem um trabalho de base em Dourados, sua sede, e por enquanto não pretende se aventurar no profissionalismo. O AEFA quer dizer "Academia Escola de Futebol do Armandino", este o nome de um dos fundadores.
A Copa do Brasil sub-17 segue o mesmo esquema de anos anteriores. 32 participantes – os 27 campeões estaduais além dos cinco vices dos estados mais bem colocados no Ranking da CBF – jogando em mata-mata até a decisão. A primeira fase é em jogo único e o mando definido por sorteio. O Palmeiras ganhou o Paulista sub-17 ano passado e se garantiu para lutar pelo bi da Copa, já que em 2022 ganhou do Vasco da Gama na decisão.
SE Palmeiras (sub-17) - São Paulo/SP
Instituto AEFA (sub-17) - Dourados/SP
O árbitro Guilherme Nunes de Santana, as assistentes Izabele de Oliveira e Juliana Vicentin Esteves, o quarto árbitro Pablo Rodrigo Soares de Oliveira e os dois capitães
Estive nessa com a dupla Milton e Pucci. O CT fica no meio do nada, então a gente foi até a Estação Penha do Metrô e de lá pegamos um Uber. Chegamos rapidinho, sem crise. Quando me credenciei descobri que a peleja seria disputada sem a presença da torcida, com os portões fechados. Cortesia da péssima gestão da CBF, certamente a pior em eras, que agora pede estádios com capacidade de dois mil torcedores, entrada para a torcida visitante e outras coisinhas. Quem não se enquadrar, não terá torcida. Outro gol contra da entidade que não dá a mínima para o futebol brasileiro. Por sorte os amigos conseguiram acompanhar da rua junto com mais dezenas de barrados no baile.
Com apenas os fotógrafos no campo e toda a torcida do lado de fora, acompanhamos uma partida na base da sinfonia de uma nota só. O Palmeiras não tomou o menor conhecimento do AEFA e emplacou uma sonora goleada em cima da agremiação douradense. Nem o mais otimista torcedor ou dirigente do clube do Centro-Oeste esperava algo diferente.
Aos sete minutos Luighi foi derrubado na área e Rafael Coutinho abriu o placar em cobrança de pênalti. Os locais criaram várias chances, porém o marcador não foi alterado até os 33. Engatando uma quinta marcha na reta final da etapa inicial, o alviverde ampliou com o camisa 9 batendo na saída do goleiro aos 33. Aos 35, o zagueiro Benedetti fez de cabeça. Num replay da jogada, ele anotou o quarto, também de cabeça, aos 38. Luighi recebeu passe de Kauan Vítor aos 43 e tocou de leve, por cobertura.
O sol estava forte, mas quando o intervalo chegou já dava para perceber que pelos lados da Zona Leste a chuva tinha chegado. E não era qualquer chuva, e sim um dilúvio monstro que deixou o céu repleto de nuvens carregadas. A expectativa era saber em qual momento a tempestade ia chegar no CT. A esperança era que São Pedro segurasse a onda pelo menos até a hora de ir embora.
Jogo perdidaço bem legal no CT de Guarulhos com o Instituto AEFA na pauta
Gol de Rafael Coutinho abrindo o placar em cobrança de pênalti
Outros lances do primeiro tempo com ótima atuação do Palmeiras
A segunda etapa começou com sol de um lado e tempo fechado do outro. Dentro de campo, o Palmeiras seguiu implacável. Aos oito minutos Rafael Coutinho fez o sexto em novo pênalti e aos 10 foi a vez de Jhonathan Bernardo pintar o sete na saída do goleiro do AEFA. Aos 14 Hugo recebeu presente de Jhonathan e fez 8 a 0. Sete minutos depois saiu o nove em finalização rasteira de Luís Arthur. Os dois dígitos eram uma realidade, só que o alviverde passou a desperdiçar várias oportunidades.
O sol se foi, as nuvens se multiplicaram e nada de chuva. O Palmeiras seguiu jogando sem muito pique, já satisfeito com o resultado. Nessa sequência de gols perdidos, destaque para Kauã, goleiro do Instituto. O camisa 41 salvou pelo menos cinco ou seis conclusões que tinham endereço certo. Se não fosse a atuação do jovem atleta, o triunfo seria por uma margem bem maior.
Apenas nos minutos finais os jogadores da casa retomaram o ímpeto inicial. O décimo saiu aos 42 com Kaio Teixeira aproveitando com passe de Kauan Vítor. Na saída de bola, Luís Arthur recebeu lançamento de Rafael Coutinho, driblou o arqueiro e fechou a fatura, milagrosamente sem nenhuma gota de chuva no CT guarulhense.
Nuvens negras ao fundo. A torcida passou a ser para não chover até o apito final
Rafael Coutinho marcando 6 a 0 no começo do segundo tempo
Lance no meio de campo entre Palmeiras e AEFA
Esse era o céu nos minutos finais no CT. Não sei como, mas não caiu nenhuma gota de chuva até sairmos do local. Sorte pura
O Palmeiras 11-0 Instituto AEFA mostra bem a diferença técnica entre os dois clubes. Apesar do revés, o time do Centro-Oeste está no caminho certo. Fazer futebol de base fora dos grandes centros não é nada fácil e merecem todos os aplausos. Já sobre o verde, eles são favoritos, de novo, a ganharem todos os títulos possíveis em 2023. Nas oitavas, pegam o Azuriz, que eliminaram o Ska Brasil nos pênaltis.
A ventania após o apito final era insana, nível Twister, filme catástrofe dos anos 90. Na saída do CT encontrei a dupla Caio e Renato e com eles peguei uma carona. Não ia ver mais nada pois achei que não daria tempo. De última hora fiz as contas e vi que talvez conseguisse chegar na rodada noturna. Deu. Pena que a média de gols do dia caiu absurdamente.
Até lá!
Ficha Técnica: Palmeiras 11-0 Instituto AEFA/MS
Local: CT de Futebol Academia 2 (Guarulhos); Árbitro: Guilherme Nunes de Santana/SP; Público e Renda: Portões fechados; Cartão amarelo: Rafael Coutinho; Gols: Rafael Coutinho (pênalti) 8, Luighi 33, Benedetti 35, 38 e Luighi 43 do 1º, Rafael Coutinho (pênalti), Jhonatan Bernardo 10, Hugo Vendramini 14, Luís Arthur 21, Kaio Teixeira 42 e Luís Arthur 43 do 2º.
Palmeiras: Cesar (Kauan Lima); Vítor Reis (Jhonatan Bernardo), Benedetti (Pedro Gilmar) e Fellipe Jack; Kauan Firmo, Uberaba (Kaio Teixeira), Rafael Coutinho e Kauan Vitor; Kidani, Riquelme Fillipi (Luis Arthur) e Luighi (Hugo Vendramini). Técnico: Rafael Paiva.
Instituto AEFA: Cauã; Luiz Henrique, França (Cléberson), Fraga (Zé) e Fanaia (Capacete); Nicolas (Wevertton), Bateria, Albino (Jhon) e Kauã (Geremias); Matheus e Pietro. Técnico: José Nascimento.
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