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terça-feira, 1 de junho de 2021

São Bernardo FC campeão paulista da Série A2 2021

Texto e fotos: Fernando Martinez


O Campeonato Paulista da Série A2, o único disputado de ponta a ponta sem presença de torcida em todos os tempos, chegou ao seu final na noite de segunda-feira. O duelo decisivo entre Água Santa e São Bernardo FC, ambos recém-promovidos, aconteceu no Estádio Oswaldo Teixeira Duarte. Tudo porque o Distrital do Inamar, casa do Netuno, não tem iluminação e infraestrutura para a utilização do VAR, item obrigatório desde as quartas.

Não foi um torneio dos sonhos, longe disso. Ainda assim, dois times se destacaram desde o começo: Oeste e Água Santa. A equipe de Barueri voou, apresentou um futebol vistoso e foi líder em doze das quinze rodadas, somando absurdos 36 pontos. O Netuno liderou em duas jornadas, foi vice-líder desde a quinta rodada e encerrou sua participação sem perder nenhum compromisso. O Tigre do ABC ficou em quinto, treze pontos atrás do Rubrão e onze abaixo do escrete diademense. Uma performance apenas satisfatória.

Nas quartas o Oeste eliminou o XV de Piracicaba, o Água despachou a Portuguesa - com direito ao único revés - e o Tigre tirou o Atibaia. Na semi, tudo indicava que os favoritos ganhariam o acesso. O onze de Diadema pegou o Rio Claro e o rubro-negro enfrentou o clube de São Bernardo do Campo. Foi aí que o regulamento bizarro pediu passagem. Sempre achei que as melhores campanhas devem ter vantagem de dois empates em campeonatos com mata-mata. Acontece que no arbitral as agremiações decidiram que não haveria vantagem alguma e se dois jogos terminassem com igualdade de pontos, a vaga seria definida nos pênaltis. Típica situação que poderia gerar uma anomalia e deixar algum favorito no meio do caminho. Bingo!

O Netuno foi bem e conquistou o acesso contra o Azulão com um triunfo no interior e 2x2 no ABC. Já do outro lado, dois duelos com dois empates por 1x1 e definição na marca de cal. Um penal que bateu na trave eliminou o Oeste e colocou o SBFC na A1 de 2022. Numa competição de tiro curto eu entendo o desempate por pênaltis, só que em torneios longos não. Não faz sentido uma equipe com 74% de aproveitamento ser eliminada por uma com 51% e metade do número de vitórias.

Claro que a culpa é dos dirigentes que decidiram dessa forma, pois assinaram o regulamento, mas o fato é que não deixa de ser menos absurdo. Os baruerienses se tornaram o primeiro time desde o Rio Preto de 1976 a não serem promovidos com apenas uma derrota. Desde então, o América em 1999, Botafogo em 2000 e o Red Bull Brasil em 2014 subiram perdendo somente uma vez (além do Água Santa de 2021, claro). Bom, como esse não é um post da semi, vamos voltar ao contexto da decisão.

O São Bernardo FC comemorou muito o fato de voltar à elite após quatro anos. Em busca do seu terceiro título no profissionalismo - os outros foram a A2 de 2012 e a Copa Paulista de 2013 - enfrentariam o favoritismo total do adversário, ainda sem conquistar nenhum caneco oficial em certames da FPF. No sábado, um modorrento 0x0 no ABC e uma certeza: a peleja na casa lusitana precisava ter algo a mais de ambos os lados.

O dia 31 começou com uma grande notícia para o que vos escreve, algo bastante esperado desde o ano passado. Fui ao Canindé um pouco atrasado justamente por estar meio fora do ar. Cheguei no laço e, devidamente credenciado, logo estava na arquibancada da praça de esportes rubro-verde. Foi a minha quarta final sem torcida por causa da pandemia e repito: é ruim demais um estádio sem a presença de torcida em uma partida desse naipe.


Times entrando no gramado do Canindé para a final da Série A2 de 2021




Ah, que saudade de entrar em campo... mesmo sem fazer as imagens de perto, seguem os times posados com a foto dos capitães e do quarteto de arbitragem de longe

Na história do JP essa foi a sétima vez que marcamos presença no encontro decisivo da Série A2. A saber: Juventus 2x1 Noroeste em 2005, Santo André 2x0 Oeste em 2008, Monte Azul 3x2 Rio Branco em 2009, São Bernardo FC 2x2 União Barbarense em 2012, Portuguesa 0x1 Rio Claro em 2013 e São Caetano 2x1 Bragantino em 2017. Embora a melancolia do estádio vazio tenha tirado um pouco do brilho da noite, o jogo foi muito bom e merecia uma cancha lotada.

O Tigre teve a primeira boa chance aos cinco minutos. Rafael Costa entrou na área pela direita, foi derrubado por Oliveira e a árbitra deixou seguir. Na sequência, o onze local foi ligeiro e Bambam recebeu belo passe. O camisa 9 deu um drible seco no defensor e mandou um pombo sem asa, marcando um golaço. Muita comemoração que nada adiantou, já que Edina Batista foi chamada à cabine do VAR e marcou pênalti a favor do SBFC no início da jogada. O pessoal do Água Santa ficou revoltado, porém nada pôde fazer. Léo Castro bateu rasteiro e colocou o Tigre em vantagem.

Os diademenses buscaram pressionar o adversário tentando deixar tudo igual o quanto antes. Tiveram só uma oportunidade, aos 30 minutos em finalização de longe de Luan Dias que passou perto da trave. Oliveira impediu o segundo tento dois minutos depois quando Rafael Costa chutou da entrada da área e o camisa 1 desviou pela linha de fundo. No apagar das luzes, o escrete visitante ampliou. Lucas Ferron recebeu em profundidade na direita e mandou cruzado. A pelota desviou na zaga no meio do caminho e enganou Oliveira. O intervalo chegou com o 0x2 estampado no marcador.




A comemoração pelo gol de Bambam pouco antes do lance ser anulado. No pênalti marcado pelo VAR, Léo Castro abriu o placar e comemorou bastante com seus companheiros




Momentos do primeiro tempo da decisão. O São Bernardo atacou duas vezes com perigo e fez dois gols. 100% de aproveitamento nas investidas

O Água Santa sabia que não restava opção para a etapa final a não ser atacar e afastar o nervosismo, tão presente nos primeiros 45 minutos. Conseguiram! O São Bernardo criou um único momento, com ótima defesa de Oliveira em tiro de Léo Castro aos 31, e se defendeu sem a menor cerimônia. Os locais promoveram uma blitz que falhou no último toque. Foi em uma bola parada que as coisas começaram a melhorar. Dadá Belmonte bateu falta com perfeição aos 21 minutos e diminuiu cheio de estilo.

Aos 35, em jogada individual sensacional de Lelê, pintou o empate. O atacante driblou três zagueiros até ser derrubado por Patrick na linha da pequena área. Pênalti. Dedé Belmonte, ele de novo, bateu no canto esquerdo e igualou. Sentindo que o ambiente estava favorável, o Netuno foi em busca da virada. Bambam acertou um sem pulo aos 45 e quase fez o terceiro. Nos acréscimos Gabriel Gasparotto se transformou em um dos personagens da noite. O goleiro fez duas defesas absolutamente sensacionais em finalizações de Lelê e Bambam e impediu que o título fosse decidido no tempo normal.


Investida do Netuno pela esquerda. No segundo tempo, apenas o clube de Diadema atacou


Detalhe do belíssimo gol de falta de Dadá Belmonte. Gabriel Gasparotto pulou mas não tinha como fazer a defesa


Duelo de camisas 10 no gramado do Canindé. Pelo lado do Água Santa, Luan Dias. Do lado do Tigre, Gionnotti


Dadá Belmonte deixou tudo igual de pênalti aos 37 da etapa final



Os times tentaram alterar o placar após o 2x2, mas a decisão foi para os pênaltis

Com o empate por dois gols, tudo ficou para ser decidido nos pênaltis. Foi sorteado que o Água Santa iniciaria as batidas no gol da esquerda. Giovanni Pavani chutou na trave e Patrick pela linha de fundo. Carlos Alberto, Rafael Costa, Bambam e Lucas Ferron deixaram a disputa em 2x2. Dieyson jogou na arquibancada e Eduardo Diniz colocou o Tigre na frente, 3x2. Dadá Belmonte, o artilheiro da noite, fez 3x3. Tiago Luís, o "Messi Brasileiro" teve a missão de encerrar tudo na última cobrança, a décima. O tiro foi forte e a bola resvalou no travessão antes de morrer no fundo da rede.


O pênalti perdido por Dieyson que foi parar na arquibancada



Tiago Luís, o "Messi Brasileiro", se preparando para chutar e marcando o gol do título do São Bernardo FC

O resultado de Água Santa 2-2 São Bernardo FC (3x4) deu o segundo caneco da A2 ao escrete amarelo e preto do ABC. Os números não foram bons, somente seis vitórias em 21 jogos e um aproveitamento de 49%, porém o que vale é que, de acordo com o regulamento, colocaram novo troféu na coleção além de estarem na elite em 2022. Ao Água Santa, a certeza de que o trabalho foi muito acima da média. O vice não tira o brilho da campanha. No ano que vem a meta é chegarem à Série D.


A merecida festa do São Bernardo FC pelo segundo título de A2 na história



A entrega das taças para o vice e para o campeão da Série A2 de 2021

Fiquei acompanhando a festa asséptica e sem graça no gramado, animada para quem estava perto e desinteressante para quem estava longe como eu. Sinceramente não vejo a hora de que tudo volte ao normal. Não foram muitas coberturas da A2 na atual temporada pois a imprensa durante várias rodadas não teve acesso aos estádios. Espero que em 2022 a maior parte da população esteja vacinada e que o público retorne aos campos. Antes disso, temos longos meses pela frente.

Até a próxima!

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Ficha Técnica: Água Santa 2x2 São Bernardo FC (3x4)

Local: Estádio Oswaldo Teixeira Duarte (São Paulo); Árbitra: Edina Alves Batista; Público e renda: Portões fechados; Cartões amarelos: Oliveira, Luís Ricardo, Bruno Costa, Rodrigo Souza, Gabriel Gasparotto, João Carlos, Natan; Gols: Léo Castro (pênalti) 11 e Lucas Ferron 45 do 1º, Dadá Belmonte 21 e (pênalti) 37 do 2º.
Água Santa: Oliveira; Luís Ricardo, Helder (Luiz Eduardo), Bruno Costa e Rhuan (Dieyson); Marzagão, Luan Dias (Carlos Alberto) e Tauã (Giovanni Pavani); Dadá Belmonte; Bambam e Lelê. Técnico: Sérgio Guedes.
São Bernardo FC: Gabriel Gasparotto; Lucas Ferron, Genílson, Patrick e Pará; Natan, Rodrigo Souza, Rafael Costa e Gionnotti (Ruan); João Carlos (Eduardo Diniz) e Léo Castro (Tiago Luís). Técnico: Ricardo Catalá.
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