Texto e fotos: Fernando Martinez
A sessão noturna de futebol do sábado foi um daqueles jogos especiais que temos o prazer de assistir de vez em quando. Falo da grande final do Campeonato Paulista da Série A2 entre os recém-promovidos São Caetano e Bragantino. O palco foi o Estádio Anacleto Campanella, cancha que reviveu seus melhores dias.
Há quatro anos não pintava uma final de A2 aqui no blog, mas ao longo de nossa história, marcamos presença em cinco decisões. Logo no primeiro ano, isso em 2005, contei a história do Juventus campeão em cima do Noroeste. As três coberturas seguintes foram do Orlando: Santo André x Oeste em 2008, Monte Azul x Rio Branco em 2009 e São Bernardo FC x União Barbarense em 2012. Em 2013, eu vi a Portuguesa levantar o caneco jogando contra o Rio Claro no Canindé.
Comecei a acompanhar o Azulão ainda nos anos 90 e tive o prazer de acompanhar de perto aquele período incrível do clube. Vi o time decidir a Copa João Havelange, a Libertadores e também quando conquistou o Paulistão. Fora isso, fui inúmeras vezes no Anacleto com direito a momentos geniais. O ocaso da equipe afastou a torcida do local, então foi muito legal ver o local recebendo um bom número de torcedores.
Aliás, dessa vez não teve problema pro pessoal entrar nas dependências da cancha. As filas que vi na terça-feira contra o Rio Claro não se repetiram. Tirando um funil absurdo feito pela PM (sempre com seus 100% de aproveitamento numa performance incrível), não teve problema para os 6.372 torcedores ocuparem as arquibancadas.
Taças para o campeão e para o vice da Série A2 2017
Associação Desportiva São Caetano - São Caetano do Sul/SP
Clube Atlético Bragantino - Bragança Paulista/SP
Os capitães das equipes e o quinteto de arbitragem da peleja composto por Marcelo Aparecido de Souza, Anderson José Coelho, Bruno Salgado Rizo, Salim Fende Chavez e Fabrício Porfírio de Moura
Falando da partida, o Azulão chegou a essa peleja ostentando a melhor campanha da A2 por ter um gol a mais do que o Água Santa. Jogando em casa, o São Caetano buscava o segundo título na história da competição. O primeiro foi com a máquina de 2000 que tinha Túlio e Adhemar no comando do ataque e que derrotou o Etti Jundiaí na decisão.
Já o Massa Bruta buscava sua terceira conquista em todos os tempos. O primeiro caneco foi conquistado num inesquecível duelo contra o Barretos no Pacaembu em 1965 (procurem a história do "trem da fome" pela internet, é genial) e em 1988, quando derrotou o Catanduvense no embrião do grupo que foi campeão da divisão principal em 1990.
Se as finais de hoje não tem o mesmo glamour e significado que tinham até os anos 80, inclusive em se tratando da cobertura da "grande mídia", é fato que essa foi muito boa. Isso mesmo com uma garoa que se transformou num dilúvio digno dos dias mais quentes do verão e que perdurou por todo o tempo inicial.
Tentando segurar a mochila, a máquina e o guarda-chuva ao mesmo tempo, e tendo um insucesso enorme na tentativa de não me molhar, acompanhei um Bragantino melhor durante grande parte dos primeiros 45 minutos. O gramado pesado segurou bem a onda.
Apesar do bom futebol do Massa Bruta, a primeira grande chance foi do Azulão. Aos 10 minutos Alex Reinaldo cobrou falta da direita, Ermínio desviou e Sandoval apareceu e marcou o primeiro tento da noite. O problema foi que o assistente anulou o gol alegando impedimento que não aconteceu. Erro grave.
Depois desse lance o onze do ABC não chegou perto do gol defendido por Renan Rocha. Por outro lado, o Braga estava animadíssimo e o setor defensivo local teve muito trabalho. Gilberto, Bruno Oliveira e Rafael Grampola foram responsáveis por grandes momentos que deixaram a animada torcida visitante esperançosa.
É, só que o São Caetano não é um time qualquer, e aos 39 minutos, no seu segundo ataque realmente perigoso, saiu o primeiro gol. Alex Reinaldo cobrou falta na área, Renan Rocha afastou mal e Paulinho Santos encheu o pé, fazendo seu segundo gol na A2.
Gol legal do São Caetano anulado pelo assistente número 2 aos dez minutos do primeiro tempo
Bola viajando perigosamente dentro da área do Bragantino
Disputa de bola na lateral esquerda do ataque local
Lance do gol que abriu o placar no ABC com o goleiro Renan Rocha saindo para afastar a pelota, que sobrou livre para Paulinho Santos
Já não aguentava mais tomar tanta chuva e finalmente ela deu uma trégua durante o intervalo. Foi a melhor coisa que poderia ter acontecido, já que sem o dilúvio, o tempo final foi ainda melhor. O alvinegro voltou mandando uma blitz esperta e Rafael Grampola teve ótima chance no primeiro minuto, porém mandou pra fora.
O camisa 9 do Braga não desanimou e aos três fez uma pequena obra-prima. Edson Sitta chutou da entrada da área e a bola saiu mascada, pelo alto. Ela sobrou para Rafael, que emendou uma belíssima bicicleta e deixou tudo igual no Anacleto. Um gol raro de se ver que levou até a torcida do Azulão a reverenciar o momento.
Nos minutos seguintes o que se viu foi um São Caetano mais incisivo e um Bragantino apostando nos contra-ataques. O ritmo estava tão intenso e o futebol apresentado por ambos tão bom que o gol poderia sair de qualquer lado. Para a alegria da ensopada torcida local, ele saiu pro Azulão.
Aos 21 minutos, num cruzamento pela esquerda, o camisa 11 Carlão dividiu com o zagueiro Gilberto e Régis, o heroi do acesso contra o Rio Claro, pegou a sobra, colocando a pelota no canto esquerdo de Renan Rocha. Aos 27 Alex Reinaldo cobrou falta com perigo e quase fez o terceiro.
A partir desse momento os visitantes tentaram fazer uma pressão tentando pelo menos levar a decisão pros pênaltis. Apoiado por sua torcida, o São Caetano segurou bem a onda e ao término dos 50 minutos pôde comemorar uma conquista muito esperada para todos que acompanham a agremiação.
Sem chuva, o segundo tempo foi ainda melhor do que o primeiro
Rafael Chorão levantando a bola na área do Azulão
Comemoração pelo gol de Régis, o segundo dos donos da casa
Renan Rocha fazendo grande defesa em cobrança de falta de Alex Reinaldo
A zaga do Braga teve bastante trabalho com o rápido ataque do São Caetano
O placar de São Caetano 2-1 Bragantino consagrou o clube do ABC como o grande campeão da Série A2 de 2017. Junto com o título ainda rolou uma premiação de 280 mil reais e uma vaga na Copa do Brasil de 2018, competição que não disputa desde 2013, mesmo ano em que foi rebaixado da A1. A meta agora é chegar na Série D na disputa da Copa Paulista.
A festa foi muito legal entre jogadores, comissão técnica e familiares dos envolvidos (dessa vez, não rolou invasão do campo por parte da torcida). No palco montado pra festa, aquele desfile dos dirigentes da FPF e, claro, do monte de gente que você nunca vê durante o ano, somente nos momentos de glória. Falo daquele povo que manda no futebol, mas nunca vai aos estádios.
Comemoração dos atletas do Azulão com a torcida no Anacleto Campanella
O Bragantino recebendo medalhas e troféu pelo honroso vice-campeonato
A festa do São Caetano com a taça do merecido título da Série A2 de 2017
Com essa cobertura finalizo os trabalhos do blog na A2 de 2017, em mais um ano (o quinto seguido) aonde todos os participantes foram devidamente mostrados. Aparecer no dia do acesso e na final é a maior moleza, difícil mesmo é perambular por todos os cantos desde a primeira rodada tomando chuva, passando calor e gastando uma bala num esquema que você não vê nem em grandes veículos da imprensa. Apenas o Jogos Perdidos sendo Jogos Perdidos.
Até a próxima!
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