Texto e fotos: Fernando Martinez
Na terça-feira tive o enorme orgulho de acompanhar a rodada dupla do Campeonato Paulista da Série A2 que definiu os dois promovidos para a A1 em 2018. Por ser uma rara chance de ver a história sendo escrita, não tinha como perder essa oportunidade. A jornada começou no Estádio Distrital do Inamar com o duelo entre Água Santa e Bragantino.
No duelo de ida, o Braga fez 1x0 e jogava por um empate para conseguir a promoção. Já o time de Diadema precisava vencer por dois gols de diferença e, caso a vitória fosse pela contagem mínima, a decisão iria pros pênaltis. O destaque mais uma vez foi a grande presença de público em plena terça à tarde: 6.907 pagantes que lotaram as ruas ao redor da cancha.
Esporte Clube Água Santa - Diadema/SP
Clube Atlético Bragantino - Bragança Paulista/SP
Os capitães dos times junto ao árbitro Luiz Flávio de Oliveira, os assistentes Daniel Paulo Ziolli e Evandro de Melo Lima e o quarto árbitro Roberto Pinelli
Na companhia do bissexto seu Natal, cheguei na casa do Água pouco antes do apito inicial, porém com tempo suficiente para captar as fotos oficiais sem problema. O clima dentro e fora de campo era de uma daquelas decisões clássicas e mesmo sabendo que as divisões de acesso atuais são bem diferentes das que rolavam até os anos 80, foi muito legal fazer parte desse cenário.
A primeira grande chance da tarde foi do Braga, isso aos 11 minutos. Rafael Chorão chutou de longe e Richard defendeu bem, mandando pela linha de fundo. Nos minutos seguintes a partida ficou concentrada no meio de campo. O time diademense teve a bola mais tempo nos pés, só que sem criar oportunidades.
Foi a partir dos 25 minutos que o onze local colocou as manguinhas de fora. Primeiro numa finalização de Julinho que Gilberto salvou e depois com Rafael Toledo chutando na lua após a pelota sobrar na pequena área. Aos 31, num contra-ataque do Massa Bruta, Rafael Grampola chutou forte e Richard espalmou.
Foi no último lance do tempo inicial que a torcida do Água Santa pôde soltar o grito da garganta e comemorar muito o primeiro gol da tarde. Julinho cruzou da esquerda, Diogo cabeceou na trave e no rebote William Batoré só teve o trabalho de colocar no fundo da rede e igualar o "jogo de 180 minutos".
William Batoré e a firme marcação da zaga do Bragantino
Diogo Campos tentando (sem sucesso) o domínio dentro da área
Ataque do Água Santa pela direita
Cabeçada de Diogo no último lance do tempo inicial. No rebote, William Batoré abriu o marcador
Já no segundo tempo vi um dos momentos mais surreais em tantos anos de futebol. O árbitro Luiz Flávio de Oliveira prendeu o pé no gramado, desabou e ficou estirado durante um ataque do Bragantino. Quando ele tentou se levantar, não conseguiu, e logo os que estavam próximos dele notaram a gravidade da situação.
No lance, o árbitro quebrou o tornozelo (!) e a peleja ficou paralisada por sete minutos até que Roberto Pinelli passou a ser o árbitro principal. Voltando à ação, só deu Água Santa até o último momento. Aos 15 Renan Rocha fez belíssima defesa depois de uma cabeçada certeira e Rafael Toledo teve o gol inteiro à sua disposição, mas mandou a pelota quase fora do estádio.
Os locais passaram todo o tempo dentro do campo de defesa visitante, mas não conseguiram transformar esse imenso domínio no segundo gol. Renan Rocha fez três ótimas intervenções que impediram que a partida fosse decidida no tempo regulamentar, uma delas à queima-roupa aos 43 minutos. Sem alteração no marcador, o 1x0 levou a decisão da vaga na A1 para os penais.
Ambulância retirando o árbitro Luiz Flávio de Oliveira do gramado. Roberto Pinelli entrou em seu lugar
A última meia hora de jogo foi toda do Água Santa. Aqui, um rápido ataque pelo meio
Bola viajando pela área do onze visitante
Renan Rocha em mais uma belíssima defesa à queima-roupa, impedindo o acesso do Água no tempo regulamentar
Aproveitando a deixa, vale dizer que essa foi a primeira decisão de vaga na A1 na cobrança de pênaltis em quinze anos. A última havia sido no rebolo de 2002 entre Francana e Portuguesa Santista, quando essa permaneceu na divisão principal e a Veterana perdeu uma chance de ouro que nunca mais aconteceu.
O ambiente era pesado, carregado, repleto de tensão. Rafael Grampola, Vítor e Guilherme Mattis converteram as três primeiras cobranças do Massa Bruta, enquanto Romão, Róbson e Raphael Toledo fizeram do time de Diadema. Na quarta cobrança Wellington fez pro Braga, mas Bruno Smith bateu mal e mandou a bola pra fora. Ficou a cargo de Rodrigo Paulista o penal decisivo. Com uma batida precisa no canto direito, o sonho bragantino foi realizado.
Bruno Smith chutou pra fora o quarto pênalti do Água Santa
Rodrigo Paulista chutou no canto direito e garantiu o acesso do Bragantino para a A1 em 2018
Festa entre jogadores e comissão técnica pelo acesso do Massa Bruta
O placar final de Água Santa 1-0 Bragantino (3-5) recolocou o time de Bragança Paulista na principal divisão do estado após dois anos. Esse foi o quarto acesso da história do clube (a saber, os três primeiros foram em 1965, 1988 e 2005, esse último com cobertura do blog na época). Os pênaltis que interromperam o sonho em 2016 na derrota para o Batatais agora valeram o acesso.
Foi genial ver a festa de jogadores, comissão técnica e alguns torcedores que invadiram o gramado (todos detidos pela PM posteriormente) na minha frente. Só que nem tive como ficar muito por ali, já que tinha jogo às 19 horas e não podia vacilar. Peguei o caminho da roça no Possante 558 com destino à São Caetano do Sul.
Até lá!
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