Texto e fotos: Fernando Martinez
Foi exatamente uma semana longe dos estádios. Voltei à programação na manhã de domingo com o início da fase semifinal do Campeonato Brasileiro Feminino. Em mais uma sessão de futebol no Estádio Paulo Machado de Carvalho (aqui não falamos o bisonho nome atual), o São Paulo recebeu o Corinthians tentando manter a boa fase nos duelos anteriores da temporada.
As equipes se enfrentaram três vezes em 2025 e o time do Morumbi não perdeu. Na final da Supercopa, o Tricolor foi campeão nos pênaltis. Na primeira fase do nacional empataram por 1 a 1 e no Paulista veio outro triunfo são-paulino por 2 a 1, com uma virada épica e gols aos 49 e 50 do segundo tempo. Justamente por isso, as alvinegras estavam com o São Paulo engasgado. E não havia melhor hora para quebrar essa escrita.
Dormi pouco e acordei amassado no domingo cedo. Sem ânimo para ir a pé até o Pacaembu, optei por um Uber, que me deixou na entrada de imprensa, no glorioso portão 23. Bom, a entrada de imprensa para todos, menos para quem manda no São Paulo. Algum ser nefasto decidiu que aquele não seria o portão, mesmo sendo o caminho natural para o gramado. Com muita falta de educação, um funcionário do clube disse que eu precisaria ir até o portão 16, do outro lado. Decisão absurda, para dizer o mínimo.
Dei a volta e fui até o local indicado. Depois da reforma, só tinha passado ali na eliminação lusitana contra o Botafogo/PB pela Copa do Brasil e bateu de novo a saudade de como era antes, nos tempos de estádio municipal. Sigo achando que a reforma matou boa parte do charme do velho campo paulistano. Desci toda a escadaria e só na beira do gramado consegui me credenciar. Isso já com o sol brilhando forte, contrariando a previsão de máximas de 20 graus e céu nublado.
São Paulo Futebol Clube (feminino) - São Paulo/SP

Sport Club Corinthians Paulista (feminino) - São Paulo/SP

A árbitra Daiane Muniz, as assistentes Daniella Coutinho Pinto e Leandra Aires Cossette, a quarta árbitra Marianna Nanni Batalha e Maria Eduarda Silva Pires e as duas capitãs
Enfim, fiz as imagens posadas e fui escolher um lugar. Ia ficar no ataque local, mas os gandulas foram orientados a permanecer na frente das placas de publicidade. Com isso, atrapalhariam as fotos. Questionei e disseram que não poderiam sair dali. Ótimo, só que não. Mais um tijolinho no muro de absurdos do protocolo definido pelo São Paulo. Fui então para a lateral esquerda do ataque corintiano e, apesar de outro gandula ficar na frente dos fotógrafos torcendo como se estivesse na arquibancada, gritando e xingando, a escolha acabou sendo boa.
O Corinthians começou com tudo e logo aos três minutos abriu o marcador. A zaga local afastou mal a bola, que parou nos pés de Gi Fernandes. A camisa 23 cruzou com perfeição e Jaqueline, livre de marcação, cabeceou no canto direito. As alvinegras seguiram melhores e Johnson quase ampliou aos 25 minutos, em lance que Kaká salvou a pátria do Tricolor.
O São Paulo tentou assustar em contra-ataques, mas não teve sucesso. A melhor chance foi em chute de longe de Maressa que Nicole mandou pela linha de fundo. No mais, o Corinthians se segurou com propriedade e no intervalo o placar mostrava a vantagem parcial do escrete visitante.
O Corinthians começou o jogo com tudo

Logo aos três minutos, as visitantes abriram o marcador com Jaqueline
Mais lances da etapa inicial no Pacaembu
Mudei de lado na etapa final e fui, de novo, seguir o ataque corintiano. Os gandulas pendurados nas placas, atrapalhando quem quisesse ficar ali, se tocaram e ficaram atrás de onde eu estava, menos mal. Dali vi o São Paulo voltar melhor do que o adversário.
O Tricolor teve ótimas chances para empatar, mas pecou no último toque. Aline Milene teve o primeiro grande momento, porém finalizou fraco. Isa Guimarães teve duas oportunidades, ambas tirando tinta do travessão. A pressão era local, mas quem marcou foi o Corinthians. Com o relógio marcando 31 minutos, Jaque Ribeiro cruzou da direita. Vic Albuquerque tentou um chute cheio de estilo e errou gloriosamente. Só que a bola bateu nela e encontrou Dayana Rodriguez livre. Ela pegou de primeira em um voleio sensacional e colocou no canto de Carlinha. Um golaço.
Na segunda etapa, os dois times tiveram bons momentos
Dois detalhes do segundo tento corintiano. Vic Albuquerque deu uma espirrada de taco monumental e a bola ficou limpa para Dayana Rodríguez. Ela emendou um voleio sensacional e ampliou a vantagem
A vitória por 2 a 0 deixou o Corinthians com a mão na vaga para a final do Brasileiro Feminino
O São Paulo sentiu o golpe e, apesar de tentar reduzir o prejuízo, não conseguiu chegar às redes. O Corinthians esperou o tempo passar e, ao final dos 90 minutos, confirmou uma vitória gigantesca. O 2 a 0 faz com que as comandadas de Lucas Piccinato possam perder por um gol de diferença e ainda assim estarão na nona final de Brasileiro Feminino seguida. O Tricolor precisa vencer por três. Se ganhar por dois, a decisão vai aos pênaltis.
Missão nada fácil, ainda mais considerando que as alvinegras perderam apenas dois jogos em 2025, ambos com gols sofridos depois dos 49 do segundo tempo. A partida decisiva será no Estádio do Canindé, domingo, 10h30. Se tudo der certo, pretendo estar lá. Certamente será uma peleja com ótimo público.
Foi isso. Vamos tentar animar durante a semana para que as coberturas sejam mais frequentes. O grande lance é que estamos já na contagem regressiva para uma viagem que promete ser antológica. Vai ter muito time novo e locais nunca antes visitados. Mas falarei disso mais para frente.
Até a próxima!
Ficha Técnica: São Paulo 0-2 Corinthians
Local: Estádio Paulo Machado de Carvalho (São Paulo); Árbitra: Daiane Muniz/SP; Público: 3.246 pagantes; Renda: R$ 41.553,30; Cartões amarelos: Maressa, Aline Milene, Jaqueline, Andressa Alves, Jhonson e Nicole; Gols: Jaqueline 3 do 1º e Dayana Rodríguez 31 do 2º.
São Paulo: Carlinha; Bruna Calderan, Kaká, Anny (Carol Gil) e Bia Menezes; Maressa, Robinha (Serrana) e Camilinha (Karla Alves); Isa, Aline Milene (Vitorinha) e Giovanna Crivelari (Nathane). Técnico: Thiago Viana
Corinthians: Nicole; Gi Fernandes, Thaís Ferreira, Mariza e Tamires; Dayana Rodríguez, Duda Sampaio (Gabi Zanotti) e Vic Albuquerque (Letícia Monteiro); Andressa Alves (Yaya), Jaqueline (Eudimilla) e Jhonson (Gisela Robledo). Técnico: Lucas Piccinato.
Nenhum comentário:
Postar um comentário