Procure no nosso arquivo

segunda-feira, 11 de agosto de 2025

Portuguesa perde para o Mixto nos pênaltis e se despede da Série D

Texto e fotos: Fernando Martinez


"The dream is over, what can I say?" ("O sonho acabou, o que posso dizer?)


A frase de John Lennon em sua música "God" resume bem o que foi a sessão vespertina do último sábado. A eliminação precoce da Portuguesa no Campeonato Brasileiro da Série D pelo esforçado Mixto foi um banho de água fria na torcida em uma temporada bem abaixo do esperado.

A derrota por 1 a 0 no duelo de ida não foi bem digerida, e boa parte dos torcedores e de quem acompanha o clube já esperava algo do tipo. A primeira fase da Portuguesa foi boa em termos de resultado, com a liderança isolada do Grupo A6, mas, pelo futebol apresentado, as dúvidas quanto ao futuro do clube eram enormes. Todas se tornaram certezas após quase duas horas e meia de futebol no Canindé.

Antes de falar do sofrimento coletivo no Estádio Oswaldo Teixeira Duarte, vale comentar que essa foi a primeira visita do Mixto à capital bandeirante em quase 39 anos. A última havia sido em uma derrota por 3 a 0 contra o Juventus, em 5 de outubro de 1986. Na história, foram 12 compromissos pelas quatro divisões, com um empate e 11 derrotas. No século 21, houve apenas dois duelos, ambos contra o extinto Guaratinguetá. Como eu só tinha visto os mato-grossenses na Copinha, a presença era obrigatória.


Torcida enchendo as dependências da casa lusitana antes da peleja


Visão geral do Canindé para o duelo decisivo entre Portuguesa e Mixto

A diretoria lusitana convocou os torcedores durante a semana e colocou ingressos gratuitos. Com isso, mais de nove mil pessoas marcaram presença. Entre o pessoal, um quórum alto de amigos: o trio Nilton, Pucci e Bruno, além dos recém-chegados Victor e Eduardo. Todo mundo colocando o Mixto na Lista.

O clima dentro do estádio estava sensacional. Fazia tempo que não sentia uma atmosfera tão boa por ali. O problema era a falta de confiança no próprio time. Comentei durante a semana com os amigos que a situação da Portuguesa em 2025 me lembrava muito o que aconteceu em 2021. Naquele ano, com jogos sem público por causa da pandemia, a Lusa também liderou sua chave e acabou eliminada nos pênaltis pelo Caxias.


Portuguesa SAF - São Paulo/SP


Mixto Esporte Clube - Cuiabá/MT


O árbitro gaúcho Roger Goulart, os assistentes também gaúchos Leirson Peng Martins e Claiton Timm, o quarto árbitro paulista Gabriel Henrique Meira Bispo e os capitães

Captei as imagens oficiais e fui acompanhar o ataque lusitano nos primeiros 45 minutos. Mas, sinceramente, se não tivesse lá teria dado na mesma. A atuação do time local foi pobre e decepcionante. Os comandados do questionado técnico Cauan de Almeida ficaram naquele famoso esquema de “ciscar” e nada produziram de efetivo. Não houve absolutamente nenhuma chance de gol durante toda a etapa inicial. Foi irritante ver uma equipe que precisava marcar apresentar um futebol tão apático.









No primeiro tempo a Portuguesa foi mal e não conseguiu criar praticamente nenhuma chance de gol

O pior foi que, no segundo tempo, o cenário pouco mudou. Custou para os atletas locais encontrarem um ritmo minimamente aceitável. A cada minuto, o pesadelo da eliminação ficava mais próximo. Somente aos 29 minutos os rubro-verdes criaram o primeiro bom momento: Lohan completou com a ponta da chuteira um cruzamento rasteiro da direita, e Mota fez milagre.

Quatro minutos depois, veio a primeira explosão de alegria da tarde. Após um bate-rebate dentro da área, Lohan viu a bola sobrando e fuzilou. Mota só acompanhou a finalização entrar no ângulo direito. Era o gol que, ao menos, levava a decisão aos pênaltis. O 1 a 0 não sossegou a Portuguesa, que quase definiu a vaga ainda no tempo regulamentar. Aos 42, a grande chance veio em cabeçada de Cauari na trave. Nos nove minutos de acréscimo, com o Mixto segurando o jogo na base da cera, ficou definido que tudo iria para as penalidades.




Na etapa final a equipe rubro-verde melhorou e encurralou o Mixto no campo de defesa


A primeira grande chance da partida foi aos 29 do segundo tempo e teve brilhante defesa de Mota



Aos 33, o gol da Portuguesa em tiro indefensável de Lohan à queima-roupa


Festa da torcida lusitana em busca do segundo gol



A Lusa teve chance de ampliar depois do 1 a 0. Na segunda foto, cabeçada que bateu na trave

O fantasma de 2021 surgiu forte logo na primeira cobrança. Cristiano, um dos destaques lusitanos, mandou sua batida quase fora do estádio. Gilvan, Geovani e Guilherme Portuga marcaram na sequência, deixando o placar em 2 a 1 a favor do Mixto após duas séries de chutes. A terceira cobrança rubro-verde foi péssima: Eduardo Biazus, cheio de marra, cobrou mal e Mota defendeu. Na sequência, Dionathã converteu, e o time do Mato Grosso abriu 3 a 1, restando dois chutes para cada lado.

Somente um milagre levaria a disputa para as cobranças alternadas. E, no futebol, às vezes eles acontecem. Igor Torres anotou, Daniel Vançan chutou nas mãos de Bruno Bertinato, Pedro Henrique marcou o terceiro e, na batida que poderia ser a última, Paulo Miranda, aquele mesmo ex-Vasco da Gama, mandou pela linha de fundo.

O Canindé explodiu pela segunda vez na tarde/noite. Era tudo que a Portuguesa precisava para manter vivo o sonho de classificação e acesso. Só que Matheus Nunes, camisa 17, telegrafou a batida, e Mota defendeu de novo. Gabriel Justino bateu o sexto pênalti do Mixto e não vacilou: 4 a 3 para o alvinegro de Cuiabá, classificado para a terceira fase da Série D.


O pênalti perdido por Matheus Nunes e defesa de Mota


Gabriel Justino bateu firme e colocou o clube do Mato Grosso nas oitavas





A comemoração dos atletas do Mixto pela classificação para a terceira fase da Série D

O silêncio foi quase total a não ser pela comemoração da torcida alvinegra. Além da eliminação, do fim da temporada ainda no meio de agosto e da decepção estampada em cada rosto, provavelmente testemunhamos a última partida da Portuguesa no Canindé. Com a promessa de fechamento do estádio em breve, não sei se veremos o clube paulistano de volta ali em 2026. Triste, para dizer o mínimo.

Resta a esperança de que a SAF abra os olhos, saia do pedestal e entenda que fazer futebol profissional não é brincadeira. Também não adianta pensar apenas em scout, dados frios de computador e inteligência artificial para montar elenco e, principalmente, escolher técnico. Foram muitos erros na temporada, e a torcida espera que, no próximo ano, quem comanda o clube saiba corrigi-los.

Pouco mais de 12 horas após a eliminação lusitana, retornei ao Canindé para um jogo do mata-mata do Brasileiro Feminino em campo neutro. O clima não poderia ter sido mais diferente.

Até lá!

Ficha Técnica: Portuguesa 1-1 Mixto (3-4)

Local: Estádio Oswaldo Teixeira Duarte (São Paulo); Árbitro: Roger Goulart/RS; Público: 9.176 pagantes; Renda: R$ 123.420,00; Cartões amarelos: Barba, Dionathã, Alexandre, Lucas Isotton, Uesley Gaúcho, Geovani, Juninho e Carlos Frederico (PF-Mix); Cartão vermelho: Tauã 35 do 2º; Gol: Lohan 33 do 2º.
Portuguesa: Bruno Bertinato; Talles, Gustavo Henrique, Eduardo Biazus e Pedro Henrique; Tauã (Keven Coloni), Barba (Cauari), Guilherme Portuga e Cristiano; De Paula (Igor Torres) e Lohan (Matheus Nunes). Técnico: Cauan de Almeida.
Mixto: Mota; Joazi, Felipe Santiago, Daniel Felipe e Daniel Vançan; Alexandre (Juninho) (Paulo Miranda), Felipe Manoel, Uesley Gaúcho (Geovani) e Raynan (Gabriel Justino); Dionathã e Emerson (Gilvan). Técnico: Lucas Isotton.
Obs: A expulsão de Tauã foi depois que ele havia sido substituído.


Nenhum comentário:

Postar um comentário