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terça-feira, 2 de julho de 2019

Após 61 anos, Nacional vence a Portuguesa em jogos oficiais

Texto e fotos: Fernando Martinez


Com a Copa América na reta final, no sábado outra Copa, a Copa Paulista, fez sua estreia no Jogos Perdidos em 2019. No Estádio Nicolau Alayon, o Nacional recebeu a Portuguesa pela segunda rodada da primeira fase. Foi o oitavo confronto desde que voltaram a se enfrentar em 2007 e a oitava vez que marcamos presença.

O Naça fez uma ótima estreia e venceu o Taubaté atuando no Vale do Paraíba. Já o time do Canindé, que não se apresentou na sua casa, tomou um 3x0 monstro do Desportivo Brasil. A torcida, já ressabiada com a fraca campanha na A2, não gostou. Um novo resultado ruim e os ânimos certamente ficariam mais agitados. Podemos dizer que o favoritismo era um pouco maior para o lado dos donos da casa.


Nacional Atlético Clube - São Paulo/SP


Associação Portuguesa de Desportos - São Paulo/SP


Capitães dos times junto com o árbitro Thiago Lourenço de Mattos, os assistentes Vladimir Nunes da Silva e Enderson Emanoel da Silva e o quarto árbitro Rogério Adalberto da Silva

Quem acompanha o blog sabe que o Nacional ostentava um enorme tabu contra o rubro-verde. A última vitória tinha sido em 1977 num amistoso (3x1 na Comendador Souza). Já em compromissos oficiais o último triunfo datava no longínquo ano de 1958 (4x2, também na Zona Oeste) em duelo válido pelo Paulistão. Mal sabíamos que estávamos prestes a ver essa marca ser quebrada depois de tanto tempo de espera.

Embora atuando longe dos seus domínios, foi a Lusa quem começou a peleja criando as melhores chances. João Gurgel logo aos três minutos cobrou falta com perigo e Felipe Lacerda fez boa defesa. Na sequência Vilares por pouco não marcou em chegada pelo alto que assustou os zagueiros tricolores. A insistência deu resultado aos 21. Em cruzamento da direita a bola chegou no meio da área e Gerley emendou de primeira, no contrapé do arqueiro nacionalista.

O calor estava forte e o árbitro fez a parada técnica. Quando a ação recomeçou, a Portuguesa tentou segurar a vantagem e isso se mostrou um erro fatal. O Nacional equilibrou as forças e passou a ter suas oportunidades. Aos 40 saiu o gol de empate em cruzamento de Matheus Lu e boa cabeçada de Éder Paulista. No último lance quase saiu a virada quando Léo Fioravanti salvou gol certo do mesmo Éder Paulista e na sobra Gabriel Mendes não concluiu.


Patrick (4) cortando ataque nacionalista


Zagueiro lusitano prestes a interceptar investida local


Boa defesa de Rafael, goleiro rubro-verde


Comemoração de Ederson Camillo no gol que empatou a peleja

A partida caiu de produção na etapa final. As equipes mostraram péssima qualidade nos passes e estavam desesperadas demais. Foram quinze minutos fracos até Caio Mendes quebrar o gelo finalizando bem e Rafael Páscoa praticar boa intervenção. Aos 24 novo ataque local em outro ótimo chute de Éder Paulista e nova defesa precisa do goleiro visitante. A emoção, que não tinha aparecido com destaque até então, resolveu dar as caras de vez e transformou os últimos minutos em momentos que serão lembrados por um bom tempo.

O relógio mostrava 42 minutos jogados quando Gabriel Mendes levantou da esquerda. A pelota foi na direção de Rogério Maranhão. O camisa 5 enganou o zagueiro com um drible de corpo genial, saiu livre e tocou na saída de Rafael Páscoa. Um golaço. A comemoração foi enorme na arquibancada. Acontece que a Portuguesa não se deu por vencida e aos 46, numa péssima e desatenta saída de bola local, Hudson ficou com o domínio e mandou na área. Thiago subiu no terceiro andar e deixou tudo igual.

Foi a vez da torcida lusitana comemorar como se não houvesse amanhã. Quem estava do lado nacionalista não se conformava com a displicência dos atletas de defesa e com o empate nos acréscimos. O fantasma de 61 anos sem triunfos em cima do adversário parecia ser invencível. Só que dessa vez ele seria vencido a qualquer custo. Aos 49 minutos Vinícius fez belíssima jogada individual pela direita, cortou dois zagueiros e finalizou de canhota. Rafael Páscoa pulou, porém, não conseguiu impedir o terceiro gol do Nacional. Novamente a festa mudou de lado, agora pela última vez.


Disputa de bola no meio de campo


O contraste dos uniformes em bola levantada na área nacionalista


Ataque da Portuguesa pela esquerda


Depois do apito final os atletas lusitanos não aceitaram bem a derrota e partiram para cima do quarteto de arbitragem

O resultado de Nacional 3-2 Portuguesa quebrou o imenso tabu ferroviário contra o escrete rubro-verde. Foram 60 anos, 11 meses e 12 dias sem triunfos em jogos oficiais. Época que eu estava longe de vir ao mundo. Acompanhar um momento assim é um dos motivos que faz a vida de jogos perdidos valer a pena. Tudo bem que a festa se transformou numa briguinha legal sem muitas consequências - alô, Zé Rodrix – entre vencedores e vencidos, nada que tirasse o brilho da vitória. Quando a poeira baixou os comandados de Ricardo Silva celebraram com propriedade. O Naça agora é líder do Grupo 3 junto com o Juventus e a Lusa é a lanterninha.

Junho foi corrido com catorze coberturas, correrias surreais e muitas mudanças. Nessa semana fico um pouquinho sossegado e no sábado que vem farei minha despedida da Copa América na decisão do terceiro lugar.

Até lá!

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Ficha Técnica: Nacional 3x2 Portuguesa

Competição: Copa Paulista; Local: Estádio Nicolau Alayon (São Paulo); Árbitro: Thiago Lourenço de Mattos; Público: 553 pagantes; Renda: R$ 6.740,00; Cartões amarelos: Rogério Maranhão, Caio Mendes, Gabriel Mendes, Allan, Éder Paulista, Rodrigo Sam (Nac), Jonatas Paulista, Hudson (Por); Gols: Gerley 21 e Éder Paulista 40 do 1º, Rogério Maranhão 42, Luiz Thiago 46 e Vinícius Faria 49 do 2º.
Nacional: Felipe Lacerda; Negueba, Guilherme Souza (Felipe Gregório), Rodrigo Sam e Caio Mendes (Vinícius Faria); Rogério Maranhão, Matheus Lu, Allan e Gabriel Mendes; Éder Paulista (Washington) e Denner. Técnico: Ricardo Silva.
Portuguesa: Rafael Pascoal; Hudson, Léo Fioravanti, Patrick e Cesinha; Jonatas Paulista, Luiz Thiago, Rodrigo Vilares (Caíque Félix) e Gerley; Matheus Rodriues (Nairton) (Maicom) e João Gurgel. Técnico: Zé Maria.
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