EC MOGIANA
Escudo do EC Mogiana. Fonte: Arquivo Fernando Martinez.
Opa,
Tenho o prazer de anunciar agora mais um post da série "Uma Volta ao Passado". E justamente vamos com parte da história de um clube especialíssimo: o Esporte Clube Mogiana e seu Estádio Doutor Horácio Antônio da Costa. Atualmente ele é chamado de CERECAMP e que serve como palco para os jogos do Campinas FC. Mas muita gente nem deve saber que ali foi a casa de uma equipe famos na cidade de Campinas.
O Esporte Clube Mogiana foi fundado em 7 de junho de 1933, e três meses depois a equipe fazia o seu primeiro jogo, uma vitória de 2x0 em cima do 8ºBCP. A partir de 1936, a equipe passou a disputar regularmente a Liga Campineira de Futebol em clássicos disputadíssimos contra seus maiores rivais, Guarani e Ponte Preta, mas infelizmente para o clube o título nunca veio.
Em 21 de abril de 1939, a equipe inaugurou o ainda incmpleto Estádio Doutor Horácio da Costa numa partida contra o Esporte Clube Vallinhense. O time ferroviário venceu por 3x0. A inauguração oficial do estádio aconteceu em 14 de julho de 1940, quando empatou com o Uberaba Esporte Clube e o jogador Gabardinho, do Uberaba, teve a honra de ser o autor do primeiro gol oficial da casa mogiana.
Escudo do Esporte Clube Mogiana publicado em 1947 no jornal "Gazeta Esportiva". Reprodução: Fernando Martinez. [260411]
Time campeão da 1ª Taça Cidade de Campinas em 1948. Na ordem: Magalhães, Mineiro, Orestes, Piva, Balila, Chiquinho, Geraldo, Retião, Jaburu, Genarino, Vicente e o técnico Caetano. Reprodução: Livro "Fora dos Trilhos: A História do EC Mogiana". [260411]
Com a chegada do profissionalismo ao interior paulista, o Mogiana teve a honra de disputar o primeiro Campeonato Paulista da Segunda Divisão, ao lado de outros 13 clubes. O time campineiro terminou na nona colocação após os dois turnos do campeonato, que teve como campeão o XV de Piracicaba. A equipe jogou a segundona até 1950, quando suspendeu suas atividades. Somente em 1958 a equipe voltaria ao profissionalismo, mas parando em definitivo no ano seguinte.
Equipe do Mogiana em 1958. Reprodução: Livro "Fora dos Trilhos: A História do EC Mogiana". [260411]
Segundo Celso Franco de Oliveira Filho, autor do livro "Fora dos Trilhos: A História do EC Mogiana", o ano de 1961 foi marcante para o começo do fim do clube. O presidente eleito na época acabou com qualquer chance de volta ao profissionalismo. Em 1963, o clube era definitivamente extinto. Em 1971 tudo o que restou do EC Mogiana foi penhorado e sepultado de vez o sonho de muitos admiradores do time ferroviário.
Mas o Estádio Doutor Horácio da Costa permaneceu lá. Mesmo servindo de palco para os jogos do Gazeta local nos anos 80, durante muito tempo ele ficou abandonado e à mercê de vândalos, que destruíram grande parte das suas dependências. Com o Campinas Futebol Clube passando a mandar seus jogos no estádio, o local vem passando por algumas reformas.
Placa indicando o Conselho Deliberativo do ECM. Essa escada desce diretamente para dentro do campo, e os torcedores hoje em dia não tem acesso ao local. Com certeza fazia parte da área mais nobre do estádio. Foto: Fernando Martinez.
Balcão todo de mármore com o escudo (notem que é colorido) do EC Mogiana. Também em dependências que o público não tem acesso, provavelmente esse local era alguma parte destinada aos atletas. Foto: Fernando Martinez.
O lugar é história pura e em determinados momentos, parece que estamos nos anos 40 ou 50, em virtude das muitas referências ao passado. Quando estive pude conhecer peculiaridades incríveis do local.
Acima, a parte do alto do local em que existia um vestiário na quadra atrás do campo de futebol. Ali que os times de basquete do EC Mogiana se trocavam. Abaixo uma casa logo ao lado desse vestiário: nessa casa nasceram e moravam os ex-jogadores Ed Carlos e Silas (aquele mesmo do São Paulo). A irmã deles deu a dica e todos comprovaram essa história. Nas paredes ainda existem resquícios das pinturas antigas. Pena que o local está destruído por causa da ação de vândalos. Fotos: Fernando Martinez.
O glamour do local e a aura aristocrática são inegáveis. Mas o mais interessante vem atrás do gol dos fundos, aonde podemos ver construções bem antigas. Até hoje não tínhamos tido a chance de ver o que era aquilo tudo, mas dessa vez pudemos registrar o restante do grande clube que foi um dia o EC Mogiana.
Na foto de cima, o 'seu' Roberto mostra a genial quadra do EC Mogiana: toda de ladrilhos e conservadíssima e ainda com suas arquibancadas. Na foto de baixo, o Mílton está na frente do banco aonde ficavam os juízes e ao fundo a casa do Silas. Todas as construções muito perto umas das outras. Fotos: Fernando Martinez.
Nessa foto dá para perceber um pouquinho mais que a quadra é de ladrilhos mesmo. No fundo, os dois postes de iluminação ainda presentes no local, totalmente colados na quadra. Foto: Fernando Martinez.
No alto, detalhe de onde funcionava um mini-ginásio para prática de boxe (!). Abaixo, o local aonde provavelmente tínhamos algum tipo de tribuna na Mogiana. Ninguém no clube sabe precisar exatamente o que era aquela construção. Fotos: Fernando Martinez.
Corredor que leva o pessoal do campo de jogo ao vestiário da arbitragem. Ele é todo feito de pedra, com certeza algo único em estádios pelo Brasil. Foto: Fernando Martinez. [260411]
Mas valeu mesmo a visita, e valeu mais ainda por conhecer um pouquinho da história do futebol campineiro, mais precisamente com a história (quase toda esquecida) do Esporte Clube Mogiana.
Por hora é só, valeu!
Fernando