Salve amigos!
Após duas semanas viajando pelo país em busca das pelejas da Copa das Confederações, e outras coisas mais, desfrutando sabores típicos, deliciando-me com os mais variados costumes e sotaques, e fazendo algumas amizades, chego ao capítulo final de minha saga nada perdida.
Ônibus da seleção espanhola flagrado pelo JP na Avenida Beira-mar de Fortaleza. Foto: Estevan Mazzuia.
Cartão postal de Fortaleza, a escultura de Iracema (personagem de José de Alencar), na praia de mesmo nome. Foto: Estevan Mazzuia.
Minha estada em Fortaleza culminou com a disputa da segunda semifinal do torneio, um clássico espanhol que dispensa maiores apresentações: Espanha e Itália, revivendo a última decisão de Eurocopa.
Vista externa do Castelão. Foto: Estevan Mazzuia.
Vista interna do Castelão, por ocasião da grande semifinal. Foto: Estevan Mazzuia.
No aeroporto de Fortaleza já a primeira decepção: no “stand” da Copa das Confederações, interrompi uma animada reunião entre os voluntários (?), mas nenhum deles soube me passar alguma informação sobre transporte ao Estádio Castelão.
Entrada das seleções. Foto: Estevan Mazzuia.
Quatro dias na cidade, e a não ser por alguns italianos e espanhóis na cidade, e pelo ônibus da seleção espanhola, nada me lembrava que eu estava em uma sede do evento. Como resultado, não arrisquei, fui de táxi mesmo. Detalhe: o Castelão é bastante periférico, muito longe do centro de Fortaleza.
Detalhe da primeira etapa. Foto: Estevan Mazzuia.
Como o bloqueio da FIFA estava a cerca de três quilômetros do palco, e o sol muito forte, apelei para algo que certamente será muito bem vindo aos estrangeiros em 2014. Uma agradável carona na garupa da bicicleta de um morador local. Padrão FIFA de transporte!!
Visão de meu assento, com pouca utilização do zoom. Foto: Estevan Mazzuia. Foto: Estevan Mazzuia.
As lentes JP flagram Pirlo e Xavi observando Piqué com a bola. Antológico. Foto: Estevan Mazzuia.
O entorno do estádio, em que pese a importância da partida, foi, a meu ver, o mais abandonado, de longe, em termos de presença de voluntários e pessoal operacional. Vi poucas pessoas orientando o público. Padrão FIFA novamente.
Candreva tanta evitar que Sérgio Ramos passe a bola para o craque Iniesta. Foto: Estevan Mazzuia.
Meu lugar, dessa vez, era pertinho do gramado: fileira D, ou seja, quarta fila, o mais perto que eu cheguei do palco principal, pelo menos oficialmente. Meu momento Andy Warhol ocorreu durante a execução do hino italiano, quando fui capturado pelas lentes de uma desavisada câmera a procura de um ítalo legítimo. Naquela fração de segundos pude ver-me no telão, eternizado no padrão FIFA de transmissões futebolísticas.
Ficou tremida, mas gostei mesmo assim! Foto: Estevan Mazzuia.
Casillas fechou o gol espanhol na primeira etapa. Foto: Estevan Mazzuia.
De positivo nesse torneio, o bom nível técnico das partidas. Espero que na Copa do Mundo possamos continuar testemunhando embates do quilate desse Espanha x Itália, um 0 a 0 em que os gols nem fizeram falta, tamanha a emoção da partida.
Buffon, Fernando Torres e Bonucci, que seria decisivo na partida, observam disputa no meio de campo. Foto: Estevan Mazzuia.
Sem seu astro principal, Mario Balotelli, lesionado, a Itália entrou em campo como franco-atiradora, diante da toda poderosa Fúria. Mas a Azzurra foi uma das seleções que saiu do torneio bem avaliada, mostrando um futebol que poucas vezes se viu no selecionado da Bota.
Cruzamento de Xavi, já na segunda etapa. Foto: Estevan Mazzuia.
Durante a primeira etapa, a Itália não só conseguiu anular o toque de bola espanhol, como levou bastante perigo à meta defendida por Casillas. A Espanha conseguiu mostrar suas garras na segunda etapa, mas a rede insistiu em não balançar.
Reunião de craques nada perdidos sob as lentes JP. Foto: Estevan Mazzuia.
Ataque italiano na segunda etapa. Foto: Estevan Mazzuia.
A princípio, eu tinha uma passagem de ônibus para Campina Grande marcada para às 19h30. A ideia era sair correndo do Castelão pra pegar o busão a tempo de curtir uma sexta-feira na cidade do Maior São João do Mundo (ué, Caruaru também não se intitula assim?).
Mais bola na área espanhola. Foto: Estevan Mazzuia.
Providencialmente, prevendo o empate, alterei a data da passagem um dia antes, e pude acompanhar a eletrizante prorrogação, com direito a uma bola na trave pra cada lado. Mas a verdade é que, a despeito da alta categoria das equipes, e dos lampejos individuais de seus talentosos jogadores, há muito os atletas se arrastavam sob o calor senegalês decorrente de uma “frente fria” que havia chegado do Piauí.
Fernando Torres faz a proteção na tentativa de cruzamento. Foto: Estevan Mazzuia.
Sentadinho atrás de uma das metas, e já sentindo o prenúncio de um desarranjo intestinal que me perturbou por quatro tenebrosos dias (presença marcante de Camarões na minha Copa das Confederações), torci, em vão, para que a disputa ocorresse em minha frente. Ela ocorreu, mas cem metros à frente, e não vinte como eu esperava. Faltou clareza em minhas orações.
Primeira prorrogação da Copa das Confederações 2013. Foto: Estevan Mazzuia.
Ataque espanhol no segundo tempo da prorrogação. Foto: Estevan Mazzuia.
Sem forças pra levantar e caminhar, assisti dali mesmo Bonucci mandar um recado pra Roma, e Jesus Navas fazer a alegria da menininha que tietava a meu lado, em favor dos alvi-rubros.
Equipes no centro do gramado, preparadas para as cobranças de pênaltis. Foto: Estevan Mazzuia.
Fim de jogo, Espanha 0-0 Itália, com 7-6 nos pênaltis, Fúria na decisão, Itália na sempre perdidíssima disputa pelo terceiro lugar. Particularmente, meu saldo foi muito positivo. Tudo correu dentro (ou muito quase) do esperado. Vi todas as seleções, exceto a brasileira (que eu nem fiz questão mesmo), confirmando o México e “matando” as outras seis (obrigado Fúria, por ter confirmado seu favoritismo com o primeiro lugar de seu grupo).
Mas se o evento-teste for levado a sério, a conclusão é só uma: não há a menor condição de o Brasil sediar uma Copa do Mundo. E se ela vier mesmo a ocorrer, o único legado que ficará a nosso povo será uma imensa dívida e uma meia dúzia de estádios sem nenhuma utilidade. Na saída do Castelão, diga-se de passagem, não havia ninguém informando sobre as linhas de transporte público disponíveis para a zona hoteleira, na principal praia da cidade. Por via das dúvidas, peguei um moto-táxi.
O Castelão à noite. Foto: Estevan Mazzuia.
Muito triste o desperdício de uma grande oportunidade para o investimento, principalmente, de melhorias no transporte público das cidades-sede. Tudo vai funcionar, durante um mês, em caráter provisório. E a um custo muito maior do que o necessário para obras de transformações definitivas.
“No país da bola
Só deita e rola
No país da bola
Quem vem com dólar...”
(Portela, 1986)
Foi isso!
Abraços
Estevan