Texto e fotos: Fernando Martinez
A sessão vespertina da última sexta-feira me fez sentir como se estivesse completando um álbum de figurinhas. Tudo porque vi os dois times que faltavam dos 105 filiados à FPF que disputam campeonatos profissionais ou de base (79 na primeira opção e 26 na segunda). Direto do Estádio Ferreirão, em Porto Ferreira, Porto Foot Ball e Santa Fé foram as últimas figurinhas da minha coleção.
Quando a temporada 2025 começou, eram oito os clubes que eu ainda não tinha visto. Aos poucos, fui colocando todos eles na Lista: Terceiro Milênio, El Shaday, Itaquaquecetuba AC, Meia Noite, Paulinense e DS Sports. Para ver os dois que restavam, o grande problema era a logística. Santa Fé fica a absurdos 626 quilômetros da capital e Porto Ferreira, apesar de bem mais próxima, está a 227.
Por sorte, a FPF deu uma bela ajuda na missão e colocou ambos na mesma chave. Com isso, ficou relativamente fácil se organizar para ver a apresentação do Santa Fé no local "menos longe" da capital. Tinha pensado em ir de ônibus, mas durante a semana rolou de ir de carro com a dupla Caio e Pucci, numa esperta caravana que começou logo cedo em Valinhos.
Porto Ferreira foi mais conhecida no cenário futebolístico pelas diversas participações, mais precisamente 28, da Sociedade Esportiva Palmeirinha, fundada em 1955 e habitué das divisões de acesso até 2016. Seu campo, o Estádio da Vila Famosa, foi palco de várias matérias do JP. Só que hoje, totalmente demolido, ele virou apenas uma memória. Pelo que apurei, o Palmeirinha está extinto e sem chances de voltar aos gramados. Triste saber que uma equipe tão tradicional tenha acabado de forma tão lamentável. Do antigo estádio restaram apenas a fachada e o nome na parede.
O que sobrou do Estádio da Vila Famosa, histórica casa da SE Palmeirinha, hoje um clube extinto
A cidade teve outro clube importante, mas apenas como amador: o Porto Ferreira Futebol Clube. Fundado em 1912, ele disputou o Campeonato Amador do Interior em 1926 e 1927 e existe até hoje. É justamente o campo do PFFC que está sendo utilizado como casa do Porto, um clube-empresa fundado em 2022 e que usa as cores verde e preta em homenagem aos dois precursores do esporte bretão na cidade. Estrearam em 2024 e neste ano estão fazendo uma ótima campanha.
A bela fachada do Estádio do Porto Ferreira FC com o escudo do clube estilizado. Uma das mais legais que já vi
Vista geral do estádio em um belo dia de sol
O adversário do Porto Foot Ball foi outro novato que está no segundo ano de disputas na FPF: o Santa Fé Futebol Clube, homônimo do antigo time da cidade fundado em 1966 e que se despediu do futebol em 1994 após 15 disputas nas divisões de acesso. A ideia do atual Santa Fé, criado em 2021, é chegar à Segundona algum dia. Por enquanto, seguem apenas na base. Já tinha tentado três viagens até lá e, como nenhuma deu certo, o jeito foi vê-los fora de casa.
O Estádio Ferreirão fica em um terreno amplo, com quadras, muito espaço ao redor do campo, uma arquibancada bem legal, muitas árvores e praticamente nenhuma sombra. O sol estava forte e logo fui ao gramado. Conversei com o pessoal presente - todos muito simpáticos e que me deixaram a par do que fizeram com o Palmeirinha —, fiz as fotos oficiais e fui acompanhar o ataque local.
Porto Foot Ball Ltda. (sub-20) - Porto Ferreira/SP
Santa Fé Futebol Clube Ltda. (sub-20) - Santa Fé do Sul/SP
Quarteto de arbitragem junto aos capitães de Porto e Santa Fé
A partida foi movimentada, mas com poucas chances claras de gol. O Porto foi melhor, confirmou o favoritismo, fez valer o fator casa e ficou mais tempo com a bola no pé... só que o gol não saía. O Santa Fé se defendeu bem e mal passou do meio-campo. Sem tantas emoções, o placar ficou em branco. Eu nem liguei, pois estava pirando com o cenário e a chance de ver um jogo como esse.
Dei uma volta pela arquibancada e pela tímida cabine de imprensa local, que comporta duas pessoas, isso se forem magras. Dali vi um segundo tempo em que o Porto buscou mais o gol e chegou perto de abrir a contagem em várias oportunidades. Mas o relógio corria rápido e tudo levava a crer que eu estava prestes a ver mais um 0 a 0 na semana.
Nos minutos finais retornei ao campo e fiquei perto do maravilhoso placar do Ferreirão. O Porto fez uma blitz intensa, e a atuação defensiva do Santa Fé era perfeita... até os 44 minutos. Em bola levantada da direita, o goleiro se chocou com o zagueiro e a pelota sobrou livre para Igor, que cabeceou e anotou o único gol da peleja no apagar das luzes.
Imagens do primeiro tempo entre Porto e Santa Fé e o belo contraste dos uniformes
Detalhes da etapa final no Ferreirão
Nesta foto o cruzamento que deu origem ao gol do Porto no apagar das luzes
O genial placar do Ferreirão
A vitória por 1 a 0 classificou o Porto para a segunda fase do Paulista Sub-20 da Série B, com campanha de seis vitórias e um empate. A equipe está atrás do líder América por ter um saldo de gols inferior. O Santa Fé está em terceiro com 10 pontos e briga com o Olímpia nas três rodadas restantes por uma vaga entre os 16 melhores.
Feliz por ter visto dois times, estádio e cidade novos (vale registrar que eu não fazia algo assim fora da cidade de São Paulo desde 2007, quando estive em um Guariba x José Bonifácio pela Segundona), ainda ficamos um tempo passeando pelo estádio antes de pegar a estrada rumo ao compromisso noturno. Esse é o tipo de coisa que dá graça ao que faço no Jogos Perdidos desde 2004. Sempre é bom poder estar em lugares diferentes.
Após duas coberturas do sub-20, a noite reservava uma visita a um dos estádios mais legais do interior.
Até lá!
Ficha Técnica: Porto 1-0 Santa Fé
Local: Estádio Ferreirão (Porto Ferreira); Árbitro: Leandro Carvalho de Oliveira; Público e Renda: Portões abertos; Cartões amarelos: Alemão, Arthur, Max, Luís Felipe, Alex, Fernando Sorriso e Deivid Kauan; Gol: Igor 44 do 2º.
Porto: Luiz Felipe; Arthur (Kauã Paiva), Luiz Augusto, Iago e Daniel; Joanderson (Igor), Lucas, Alemão e Raul; Diogo (Ryan) e Max. Técnico: Matheus Soares.
Santa Fé: Pedro Henrique; Erik (João Victor), Alex, Munhoz (Pedro) e Luís Felipe (Guilherme); Fernando Sorriso (David), Kauê, Kaik e André Luiz (João Alfredo); Arthur Miguel e Deivid Kauan (Arthur Henrique). Técnico: Jeferson Silveira.
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