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terça-feira, 10 de março de 2020

JP no Centro-Oeste (parte 2 de 3): Ceilandense (quase) rebaixado no Candangão

Texto e fotos: Fernando Martinez


A pequena turnê de dois dias pelo Centro-Oeste teve continuidade no domingo, Dia Internacional da Mulher. Na agenda, uma rodada dupla simplesmente sensacional pelo Campeonato Brasiliense da primeira divisão. Iniciei os trabalhos com estilo fazendo minha estreia no Estádio Maria de Lourdes Abadia, o famoso Abadião. Pela 9ª rodada do certame estadual, a Ceilandense, o time 711 a entrar na minha Lista, recebeu o genial Sobradinho.

O JP fez boas coberturas no Distrito Federal, principalmente pela segunda divisão. Mas eu mesmo tinha visto apenas um jogo do Candangão na sua história, isso quando a atual FFDF ainda se chamava Federação Brasiliense de Futebol. Foi em 2012, um duelo entre Brasiliense e Sobradinho no Serejão. Por ser um dos times mais legais do Distrito Federal, fiquei muito feliz por ter a chance de ver o Leão da Serra em campo novamente. Vale registrar também que a Ceilandense já contava com uma cobertura do blog. Foi em 2007, em tempos que disputava a segundona, quando visitou o Brazlândia.

Fundado em 1975, o Sobradinho Esporte Clube teve sua melhor fase na história no biênio 1985/1986, quando conquistou o bi estadual. Na esteira da boa performance, garantiram o direito de participar do Brasileirão de 1986. No alto dos meus dez anos e já acompanhando futebol pelas páginas da Placar, o nome e o fato de terem jogado no Pacaembu contra o Corinthians (um surreal 0x0) me chamaram bastante a atenção. Passaram então a ser um dos preferidos da casa (embora lá eu sempre tenha gostado mesmo do Brasília).

O adversário do Sobradinho foi a Sociedade Esportiva Ceilandense, clube que imaginava que nunca veria ao vivo. Fundada em 1977, eles passaram a jogar profissionalmente em 1994 e nunca tiveram grande destaque na primeirona, tendo como melhor campanha o quarto lugar em 1998 e 2010. Hoje rubro-negros, nasceram vermelho, azul e branco e então mudaram suas cores há pouco mais de dez anos por conta de uma parceria com o Atlético/GO. A parceria não durou muito e apesar disso não retornaram às origens,.

Levantei cedo no domingo e tomei um café da manhã simplesmente espetacular, pensando em ficar garantido sem fome até a hora do almoço. Junto com o trio Raul, Caio e Ana, parti para a cidade satélite de Ceilândia. O destino era a simpática cancha e que é casa das duas equipes locais. O local já teve capacidade de 15 mil pessoas - inclusive esse é o recorde de público do campo numa vitória do Ceilândia EC em cima do Goiás por 2x1 em julho de 1983 - e hoje recebe apenas um terço disso.


Detalhe da entrada do vestiário do time local e da arbitragem no Abadião


Gloriosa numerada do Abadião, o único setor coberto do estádio. Bem pequeno, mas já ajuda

Quando chegamos no Abadião, nada fazia crer que haveria um jogo de futebol ali. Apenas três ou quatro carros estavam no estacionamento e a presença de público foi bem pequena: apenas 28 testemunhas. Vale destacar o valor alto do ingresso, nada menos do que 40 bagarotes... cá entre nós, um absurdo. Não tem caboclo que saia de casa num domingo de manhã para uma apresentação do penúltimo colocado e virtual rebaixado para a segundona.

A Ceilandense iniciou o Candangão com seis derrotas seguidas e nos dois últimos compromissos empatou sem gols com seu maior rival, o Ceilândia EC, e também com o Taguatinga. Contra o Sobradinho, o sétimo colocado com dez pontos, será que tinha como sonhar mais alto? Hmmmm, não. Antes de falar da partida, registro a facilidade em que fui credenciado e pude ficar no gramado fazendo as fotos de perto sem nenhum problema. Situação bem diferente do que a que aconteceu sábado em Anápolis.


Sociedade Esportiva Ceilandense - Ceilândia/DF


Sobradinho Esporte Clube - Sobradinho/DF


O árbitro Emanoel da Silva Ramos, os assistentes Kleber Alves Ribeiro e Eric Ramos Pinheiro, o quarto árbitro Pedro Carlos Telles e os capitães dos times

Sofri com o calor durante todo o primeiro tempo, período em que acompanhei o ataque visitante espremido numa sombra na entrada do vestiário da arbitragem. O Sobradinho não teve uma atuação primorosa, pelo contrário, só que foi mais objetivo do que o esforçado, porém limitado, escrete mandante. O Leão da Serra fez algumas investidas importantes e inaugurou o marcador aos 19 minutos. Danilo recebeu cruzamento da direita e chutou duas vezes, colocando no canto de Johnathan.

A Ceilandense acordou após o tento sofrido, conseguiu equilibrar as ações e, pasmem, criou três bons momentos consecutivos aos 25, 29 e 30 minutos. O primeiro com Anderson, o segundo em falta de André Júnior que contou com boa defesa de Uoston e depois com Welton finalizando da entrada da área. O grande problema é que quando um time está numa fase ruim, tudo dá errado. Na sequência desses lances, exatamente aos 31 minutos, o Sobradinho marcou o segundo. A bola foi levantada da direita, Danilo escorou no segundo pau para Erthal que, na linha da pequena área, chutou firme e ampliou a vantagem.


Bola levantada na área da Ceilandense. Detalhe: de longe não dá para ver direito os números do Sobradinho pois eles são vazados na camisa. Terror para qualquer narrador/comentarista


Bola na rede local no primeiro gol do Sobradinho no Abadião


O time visitante não fez assim um primeiro tempo brilhante, mas abriu uma boa vantagem sem forçar muito


Escanteio a favor dos donos da casa pela direita e bola viajando dentro da área do Sobradinho


Momento em que a bola chegada no segundo pau antes de ser escorada para o meio da área no segundo tento visitante


Gustavo (2) e Michael Douglas (6) - não confundir com o astro de Atração Fatal e Instinto Selvagem - disputando bola pelo alto

Eu fui um heroi por ficar fazendo malabarismo tentando me proteger do forte sol do cerrado até o intervalo chegar. Desisti da honorável missão e fui até a pequena parte coberta do Abadião. Na etapa final o Sobradinho jogou com o "esquema preguiça" debaixo do braço e mostrou uma indolência que deu nos nervos. A Ceilandense se aproveitou, foi superior e criou uma série de boas chegadas querendo diminuir o prejuízo. O grande problema foi o poderio ofensivo praticamente inexistente.

Nas oito rodadas disputadas eles tinham marcado apenas um gol. Isso mesmo, um mísero gol em 720 minutos, isso sem contar os acréscimos. O autor da façanha foi Anderson, aos 43 do primeiro tempo do confronto contra o Real em 19 de fevereiro, Na primeira metade da segunda etapa os locais chegaram com perigo cinco vezes dentro da área adversária e infelizmente para a torcida presente o histórico péssimo de confirmou e o gol não passou de um sonho distante.

Esse rol de oportunidades desperdiçadas desanimou a rapaziada no gramado e na arquibancada e o Sobradinho voltou a dominar as ações após o 25º minuto. Matheus Alves perdeu dois gols feitos e João Vítor desperdiçou outro. Foi apenas no apagar das luzes que o placar foi alterado. Decorridos 44 minutos, Gabriel Vítor descolou um contra-ataque maroto, avançou por todo setor defensivo pela direita, entrou na área e bateu na saída de Johnathan.


Times alinhados para o reinício da peleja no tempo final


Atleta visitante ganhando lance pelo alto


No começo do segundo tempo a Ceilandense foi capaz de criar bons momentos, assustando a zaga adversária


João Vítor (21) em boa investida pela direita 


Aquela disputa de bola plástica no gramado do Abadião


De longe, a bola estufando a rede do escrete local no terceiro gol do Sobradinho em Ceilândia

O resultado final de Ceilandense 0-3 Sobradinho colocou os visitantes na sexta posição com 13 pontos ganhos, seis atrás do quarto colocado Formosa. A classificação para a semi é difícil, muito na base do milagre. Já o onze de Ceilândia precisa de outro milagre divino pensando na permanência na primeira divisão. Não é errado dizer que se não caíram na matemática, na prática já estão na segundona em 2021. Duvido que consigam se livrar.

Deixamos o Abadião sem pressa e fomos almoçar antes da jornada vespertina. A previsão era de 23 graus, mas os termômetros marcavam 34, um absurdo de calor. Tudo bem, afinal eu estava lá para ver dois times novos no meu retorno ao Bezerrão menos de quatro meses depois de cobrir a histórica e inesquecível final da Copa do Mundo sub-17.

Até lá!

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Ficha Técnica: Ceilandense 0-3 Sobradinho

Local: Estádio Maria de Lourdes Abadia (Ceilândia/DF); Árbitro: Emanoel da Silva Ramos; Público: 28 pagantes; Renda: R$ 560,00; Cartões amarelos: Índio, Luiz Felipe, Matheus, Felipe; Gols: Danilo 19 e Luiz Felipe 31 do 1º, Gabriel Vitor 44 do 2º.
Ceilandense: Johnathan; Fernando Elias, Índio, Marcos e Michael Douglas (Luca); Bruno Figueiredo (Elizio), Lucas Morais, Tonton e Henrique; Anderson (Patrick) e André. Técnico: Edson Nogueira.
Sobradinho: Uoston; Gustavo (Gelder), Luiz Felipe, Felipe e Matheus; Carlão (Gabriel Vitor), Caio, Douglas e Matheus; Danilo e Jefferson (João Vítor). Técnico: Luís dos Reis.
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