Texto e fotos: Fernando Martinez
Na tarde do último domingo, apenas três dias depois de se enfrentarem pelo nacional da categoria, Portuguesa e Santos voltaram ao gramado do Estádio Oswaldo Teixeira Duarte para novo encontro, agora pelo Campeonato Paulista Feminino. Nada melhor do que aproveitar a folga no trabalho com uma peleja assim, ainda mais sob a fria temperatura do final do outono.
No duelo do primeiro turno fui ao Pacaembu e acompanhei a fácil goleada alvinegra por 5x0. Desde então a Portuguesa fez cinco jogos, vencendo um, empatando outro e perdendo três. Já as Sereias fizeram o oposto: três triunfos, um empate e um revés. Nada indicava que as rubro-verdes voltariam a vencer nesse confronto. Mais uma vez o favoritismo era todo do onze praiano e a ideia era fazer uma partida mais efetiva do que a da quinta-feira (vitória visitante por 3x1).
Associação Portuguesa de Desportos (feminino) - São Paulo/SP
Santos Futebol Clube (feminino) - Santos/SP
Quarteto de arbitragem com Márcio Mattos dos Santos, Nilton Correia da Silva, Patricia Carla de Oliveira e Douglas Ferreira dos Santos e as capitãs dos times
Antes da bola rolar conversei com uma integrante da comissão técnica santista e ela me falou que o técnico do Santos Guilherme Giudice não ficou nada satisfeito com a apresentação pelo Brasileiro e ela me prometeu que a performance seria outra. Dito e feito: quem estava presente no Canindé viu um verdadeiro massacre do onze da Vila Belmiro, daqueles dignos de filme de terror. Talvez seja essa a melhor definição para o que viveu a Portuguesa durante os 90 minutos: terror.
A primeira boa oportunidade surgiu aos cinco minutos, quando a arqueira Fabíola fez grande defesa em cabeçada na pequena área. As santistas ocuparam o campo de defesa local e o zero saiu do placar aos 18 com Alanna. Ela lançou de longe, mas o quique da bola enganou a camisa 1 e a bola parou no fundo do gol. Aos 22, Fabiola fez ótima defesa no canto direito. Aos 27, grande investida pela esquerda e finalização na trave. Aos 37, o segundo com a camisa 37 Patricia completando um cruzamento da direita.
Dois minutos depois, um golaço, o terceiro. A camisa 10 Erika recebeu na intermediária, avançou pelo campo de defesa e cruzou. Alanna apareceu para marcar o seu segundo tento na tarde. Quando o intervalo chegou a vitória parcial era de 0x3, mas o placar moral era de 0x6 ou até 0x7 tamanho o número de oportunidades criadas pelas visitantes. A Lusa não chegou no campo de ataque uma vez sequer. E se no tempo inicial a coisa já foi punk, no final o massacre tomou proporções épicas.
Detalhe, meio de longe, do primeiro gol do Santos, marcado aos 18 do tempo inicial com Alanna
Bola viajando dentro da área da Portuguesa
A atacante santista conseguiu driblar a goleira, mas não alcançou a pelota para marcar
Aos seis, quase o quarto numa cabeçada que bateu na trave. Nos três minutos seguintes, por duas vezes a bola ficou zanzando sem dona dentro da área lusitana mas ninguém apareceu para completar. Já aos 15, a camisa 7 Ketlen, que havia entrado no intervalo, ampliou completando cruzamento da direita. Rosani fez o quinto quatro minutos depois também se aproveitando de investida pelo mesmo lado do campo. Estava muito fácil, e ficaria ainda mais.
Aos 22, Erika arriscou de longe, a goleira rubro-verde falhou e viu a pelota entrar no canto direito. Ketlen fez o sétimo aos 25 depois de receber pela esquerda, avançar e chutar com estilo no cantinho. Aos 29 foi a vez de Rosani fazer outro golaço e marcar de letra na pequena área. Sem dar o mínimo descanso para a defesa local, o nono gol saiu aos 32, de novo com Ketlen, agora num chute cruzado.
O 9x0 sossegou um pouco o ímpeto do Santos e parecia que o marcador não seria mais alterado. Quem se alegrava era o amigo Milton Haddad, já convicto que veria o seu famoso "nove" num jogo oficial da FPF pela primeira vez em quase 50 anos de janela. É, só que Ketlen não quis dar essa alegria ao jovem mancebo e, no último ataque visitante, fez o décimo... isso mesmo, o décimo gol, aos 44, fechando a fatura de forma magistral. Enquanto do lado de fora do Canindé os tratores continuavam a destruir o outrora lotado parque aquático do clube, as Sereias da Vila trucidaram o time feminino.
Ketlen fazendo o sétimo gol das Sereias... com classe, por cobertura
Rosanni fazendo o oitavo, de letra aos 29
Boa chegada santista pela esquerda
A arqueira lusitana teve muito trabalho durante os 90 minutos
Ketlen, que entrou no segundo tempo e mesmo assim foi a artilheira da tarde com quatro gols, dando entrevista depois do Santos trucidar a Lusa no Canindé
O placar de Portuguesa 0-10 Santos nada mais é do que a maior derrota de qualquer categoria da equipe rubro-verde em toda a história de quase 50 anos do Canindé. Nunca antes uma equipe ostentando o escudo lusitano tomou tantos gols dentro de casa. Isso é bastante emblemático, pois retrata em números o estado atual de abandono, descaso e ostracismo da quase centenária agremiação. Agora é aguardar para ver se essa derrota terá reflexos na campanha do Brasileiro.
Sem mais o que fazer dentro de campo, fui dar aquela olhada melancólica nas obras das falecidas piscinas da Portuguesa antes de pegar o caminho do QG na capital. O estado de destruição já era bem maior do que o da quinta-feira e antes da Copa do Mundo terminar nada mais existirá ali. Muito triste.
Futebol de novo vai ter no meio da semana com algum joguinho ainda a definir no sub-20.
Até lá!
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