Opa,
O ano é 1997. O quadrangular final do Brasileiro da Série C, que definiria duas vagas na Série B 98, reuniu os times do Sampaio Correa, Juventus, Francana e Tupi de Juiz de Fora. Já tinha visto algumas partidas do time grená naquele certame e ter a chance de acompanhar a fase decisiva tão perto era um motivo de orgulho. Mas na época eu estudava e morava no interior do estado, e precisava contar com a sorte para poder acompanhar os jogos do Moleque Travesso na capital paulista em busca do título.
Quando a tabela foi divulgada, vi que os grenás jogariam contra a Francana numa quarta-feira (ou seja, nesse eu não teria como ir nem por decreto), Sampaio Correa num sábado e Tupi no último jogo da fase, no domingo 30 de novembro. Esses dois últimos ainda inéditos na minha Lista. Consegui ir para o Canindé na peleja contra os maranhenses e estava tudo pronto para acompanhar o confronto decisivo versus os mineiros.
Mas por uma série de eventos desafortunados, não consegui voltar para a capital paulista naquele final de semana e, além de perder a chance de acompanhar a histórica conquista grená (o time ficou com o vice-campeonato do certame e garantiu o acesso), não vi o Tupi ao vivo. Desde então, nunca mais tive a chance de armar um esquema legal para "matar" o Galo Carijó.
Corte rápido de 1997 para 2012. Após o título do Tupi na Série D no ano passado, somado à permanência do Santo André no terceiro nível nacional, finalmente a equipe mineira teria um compromisso agendado para um estádio próximo à cidade de São Paulo e eu teria a chance de ouro de tirar essa pedrinha do sapato. Quando a CBF divulgou a tabela do Campeonato Brasileiro da Série C há alguns meses, logo fui buscar o dia do confronto entre o Ramalhão e o time alvi-negro. Para aumentar a espera e deixar a apreensão ainda mais forte, os times se enfrentariam no Estádio Bruno José Daniel na 15ª rodada.
Só que o tempo passa rápido, e a data do duelo finalmente chegou. Após um compromisso profissional na manhã do sábado, saí correndo da zona norte paulistana com destino ao ABC paulista. O caminho foi tranquilo, e ao chegar no terminal de ônibus de Santo André, ainda deu tempo de fazer uma boquinha numa pastelaria comandada por um trupe de chinesas. Foram momentos surreais, e todo o contexto me fez sentir como se realmente estivesse na terra natal das atendentes.
Almoço feito e lá fui eu pegar o ônibus 101-Vila Lusita, que leva até a porta do estádio andreense. Quando estava no ponto encontrei o amigo Renato, que garantia ter um esquema ninja para ver a peleja, já que ela seria com portões fechados ao público. Ao chegarmos no Brunão, logo fui autorizado a permanecer no gramado, enquanto o amigo também conseguiu confirmar seu esquema e foi garantir um lugar nas cabines de imprensa.
Aguardei a hora das equipes entrarem em campo batendo papo com o pessoal da FPF presente. O tempo passou rápido e logo as duas agremiações já desfilavam pelo gramado. E agora, pra variar, publico as fotos exclusivas dos times posados. Ah, e vale registrar que mesmo com tanta tradição, essa é a primeira vez que o centenário Galo Carijó aparece no JP em quase oito anos de existência. Um "erro" histórico sendo corrigido:
EC Santo André - Santo André/SP. Foto: Fernando Martinez.
Tupi FC (pela primeira vez nas páginas do JP) - Juiz de Fora/MG. Foto: Fernando Martinez.
Trio de arbitragem do jogo com os capitães dos times. Foto: Fernando Martinez.
Pena que para as duas torcidas a Série C esteja sendo de enorme sofrimento com a árdua e interminável luta para fugir do rebaixamento. O Santo André, jogando somente fora de casa e em campo neutro, já que sua torcida não está liberada para tomar de assalto as dependências do Bruno José Daniel, apostava na vitória contra o Tupi para desgarrar um pouco mais das duas últimas posições.
Goleiro andreeense Bonan vendo a bola passar zunindo perto da sua meta. Foto: Fernando Martinez.
Para o Tupi, que é o atual último colocado da chave, o alerta vermelho está aceso praticamente desde o começo do certame. A equipe mineira está na zona de rebaixamento desde a 2ª rodada e terminou na última colocação em 10 das 14 rodadas. Ou seja, o fantástico acesso de 2011, quando foi campeão da Série D após vencer o Santa Cruz no Arruda, foi o último momento feliz do clube nacionalmente falando.
Início de ataque andreense. Foto: Fernando Martinez.
Fábio Santos, camisa 9 do Ramalhão, sofrendo marcação de Wesley Ladeira, camisa 3 do Tupi. Foto: Fernando Martinez.
Nessa busca por uma situação melhor, as duas equipes não apresentaram um futebol vistoso durante toda a etapa inicial. Apesar do jogo ter sido bem disputado com os atletas mostrando bastante disposição, o primeiro tempo não teve nenhum chute ao gol. Isso mesmo, nem Santo André e nem o Tupi chutaram em direção à meta adversária. Ao final dos 45 minutos, um óbvio 0x0.
Bola alçada dentro da área do Tupi. Foto: Fernando Martinez.
Outra chegada de Fábio Santos no ataque andreense. Foto: Fernando Martinez.
O segundo tempo começou um pouco melhor, e logo aos 4 minutos o Ramalhão abriu o marcador. Bady cobrou uma falta de longe e contou com o auxílio luxuoso do arqueiro do Tupi Rodrigo, que pulou tarde e viu a bola entrar milimetricamente no seu canto direito.
Exato momento em que a bola entrava no gol defendido por Rodrigo. Era o primeiro gol do Santo André. Foto: Fernando Martinez.
Zaga local afastando o perigo. Foto: Fernando Martinez.
Melhor em campo, o time andreense conseguiu anular as investidas do Tupi. Só que num dos primeiros ataques dos mineiros, isso aos 18 minutos, o árbitro marcou pênalti a favor do Galo. A marcação não foi muito contestada pelos jogadores locais, mas sim pelos dirigentes. Estávamos próximos de alguns diretores do Ramalhão, e a visão deles era que a marcação tinha sido inventada. Alexandro não quis saber de polêmica e bateu firme no canto direito, deixando tudo igual no placar.
Alexandro bate firme e deixa tudo igual no marcador do Bruno José Daniel. Foto: Fernando Martinez.
Bola tirando tinta da trave de Rodrigo em bom chute do Santo André. Foto: Fernando Martinez.
O jogo seguiu muito movimentado, e não seria nenhum exagero se a paleja tivesse terminado em 2x2 ou até um 3x3, tamanho o número das oportunidades desperdiçadas pelos dois ataques. Aposto que nem nosso simpático amigo taxista seu Natal, e nem nosso amigo cinéfilo David perderiam tantos gols assim. No final, o jogo ficou mesmo em Santo André 1-1 Tupi. O time paulista continua na oitava posição da chave, agora com 17 pontos. Um acima do Madureira e três acima do lanterna Tupi, que se aproxima cada vez mais da Série D em 2013.
Para mim, a tarde foi mesmo de alegria por ter "matado" a equipe mineira, sonho de consumo desde o século passado. Agora a famosa Lista conta com 545 times, chegando cada vez mais perto do Mílton, algo que sinceramente eu não achava que iria ocorrer algum dia.
Saindo do estádio, voltei para o terminal de ônibus da cidade com o Renato. Antes de pegar o trem, resolvemos visitar uma loja de esportes ao lado desse terminal e ali fizemos uma compra fantástica. Depois de meia hora de um frenezi causado pela presença de camisas incríveis, adquiri mais quatro peças para a minha humilde coleção.
Até a próxima!
Fernando
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