Texto e fotos: Fernando Martinez
Se tem uma coisa que aprendi em anos de Estádio Nicolau Alayon é que não tem como se empolgar com o Nacional. Simplesmente não tem como. Quando achamos que "agora vai", sempre pinta um balde de água fria. Depois de ganhar do Capivariano na terça, na quinta o escrete paulistano recebeu o São José buscando uma possível classificação antecipada para as quartas de final do Campeonato Paulista da Série A3. Claro que nada foi como o esperado.
Desde que a enfrentou pela primeira vez em um amistoso em 1977, a Águia passou a ser um adversário complicado do onze ferroviário. Foram 43 duelos entre eles - com 17 triunfos nacionalistas, 14 do São José além de 12 empates - e provavelmente o mais famoso é o 1x1 do Canindé em 29 de novembro de 1987. Ambos estavam na mesma chave da fase semifinal da segunda divisão e José Carlos Nascimento, o árbitro da peleja, operou o time paulistano marcando um pênalti inexistente no último minuto. O senhor juiz apanhou só um pouquinho após o apito final. No fim, o São José subiu e o Nacional nunca chegou tão perto da elite novamente.
O último encontro entre eles datava de 2016 (2x0 a favor da Águia, também pela Série A3), o ano em que o clube interiorano foi rebaixado para a última divisão. Desde então o Nacional disputou a A2 por duas temporadas enquanto a Águia penou quatro anos da última divisão. O título de 2020 os colocou no mesmo torneio novamente. Na quinta-feira chegou a hora do 44º confronto na história em hora fundamental, a antepenúltima rodada. O Naça estava na quarta posição com 19 pontos e o São José em sétimo, apenas um ponto atrás. Assim como foi contra o Capivariano, esse era um verdadeiro "jogo de seis pontos".
Times perfilados para a execução do Hino Nacional Brasileiro e a foto oficial do quarteto de arbitragem e capitães dos clubes. Foto posada? Nem em sonho
Os comandados de Ricardo Silva, donos do segundo melhor ataque do futebol paulista em todas suas divisões, atrás somente do São Paulo, atacaram bastante, só que a boa atuação das duas apresentações anteriores não se repetiu. A primeira chance da partida foi local quando a bola foi cruzada na área e Éder Paulista errou o chute. Três minutos após, em boa investida pela direita, a zaga do Nacional afastou uma finalização que tinha endereço certo em cima da linha. No rebote, Carlinhos aproveitou a meta aberta e abriu o marcador. A meta de chegar a três compromissos sem tomar gol tinha ido para o espaço.
O onze da Zona Oeste não se acomodou e criou oportunidades reais de chegar ao empate. Aos 19 Wallace passou pelo zagueiro e entrou sozinho na área. Ele poderia ter finalizado, porém rolou até o meio da área. Éder Paulista, em tarde nada inspirada, escorregou e desperdiçou o gol sem goleiro. Na sequência rolou um bate-rebate enorme dentro da área até que Wallace chutou e a pelota passou raspando o travessão.
Restou ao São José o contra-ataque. Em um deles, aos 32 minutos, Lucas Lima recebeu belíssimo lançamento na esquerda, tirou do zagueiro e encheu o pé. A bola caprichosamente bateu na trave. A Águia teve outros dois momentos de ouro: aos 46 quando Alan Lopes cabeceou na pequena área, sem marcação, nas mãos de Rafael e quando o arqueiro nacionalista fez ótima defesa três minutos depois em tirambaço de Lucas Lima.
Cruzamento que originou o gol de Carlinhos, do São José
O Nacional cansou de criar chances e desperdiçá-las durante todo o tempo inicial
Lucas Lima chutando da esquerda em chute que bateu na trave
O Nacional voltou mais ligado na etapa final e aos nove minutos deixou tudo igual quando Gigante cruzou da direita e Mendes completou na pequena área. Os donos da casa ficaram em cima do São José na busca pela virada. A melhor chance aconteceu aos 22 quando Reinaldo, camisa 5, ficou cara-a-cara com Thiago Santos e mandou fraco. Aos 29 outra cabeçada de César que saiu por cima.
A Águia estava preocupada em se defender e esperava “o” momento para tentar voltar a ficar em vantagem. Ele aconteceu aos 36 em lance que começou com todo o sistema defensivo local parando pedindo impedimento. Gilsinho avançou pela esquerda e cruzou. Quatro atletas do Nacional olharam Alan Lopes completar o cruzamento e recolocar os visitantes na frente.
No restante do tempo, os ferroviários fizeram aquela pressão meia-bomba na base do "bumba meu boi". Eles ocuparam o campo defensivo azul e branco, mas sem aquela pressão realmente efetiva. Poderiam ter ficado três horas tentando que possivelmente o empate não teria saído. No fim, não teve jeito: Nacional 1-2 São José.
O Nacional começou bem a etapa final. Empatou e criou momentos para virar o placar
Num enorme vacilo defensivo local aos 36 minutos, o São José marcou o segundo e garantiu importante vitória
Placar final da peleja na Comendador Souza. A quinta derrota do Nacional como mandante em sete jogos disputados
O triunfo fez a Águia subir até a quinta posição com 21 pontos. Os paulistanos despencaram ao sétimo lugar. Na próxima rodada os joseenses receberão o rebaixado Penapolense enquanto o Naça visita o Primavera, sexto colocado. Levando em conta que jogam melhor longe da capital, fica a esperança de que possam voltar a apresentar um bom futebol. A fase inicial se encerra na terça-feira que vem.
Até a próxima!
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Ficha Técnica: Nacional 1x2 São José
Local: Estádio Nicolau Alayon (São Paulo); Árbitro: Danilo da Silva; Público e renda: Portões fechados; Cartões amarelos: Gustavo França, Mendes, Reinaldo, Douglas Mendes; Gols: Carlinhos 7 do 1º, Mendes 8 e Alan Lopes 36 do 2º.
Nacional: Rafael; Gigante, Everton, Gustavo França (Diego Chiclete) e César; Reinaldo, Mendes (Léo Machado), Brener (Guilherme Nascimento) e Guilherme Lobo; Éder Paulista (Leandro) e Wallace (Paolo). Técnico: Ricardo Silva.
São José: Thiago Santos; Denis, Gutierrez, Dema e Alex Barros (Oliveira); Douglas Mendes (Arthur), Carlinhos, Pablo (Lucas Gomes) e Alan Lopes; Anderson Magrão e Lucas Lima (Gilsinho) (Radsley). Técnico: Renato Peixe.
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