Texto e fotos: Fernando Martinez
Na última quarta-feira o Campeonato Brasileiro Feminino da Série A1 prosseguiu na sua terceira rodada e eu fui mais uma vez até o Estádio Oswaldo Teixeira Duarte ver de perto um compromisso da Portuguesa. As rubro-verdes receberam o Vitória/PE sob o olhar de mais ou menos trinta pessoas.
Esse número baixíssimo de torcedores é mais do que justificado, já que partida marcada para as três da tarde num dia da semana e sem nenhuma divulgação é cancha vazia na certa. Nessa temporada também não há mais o patrocínio da Caixa ou transmissão em nenhuma televisão, logo, o negócio fica ainda mais complicado.
Aliás, uma salva de palmas (#ironia) para as emissoras de TV que não se dão ao trabalho de divulgar o trabalho das meninas. Os que fazem isso são os mesmos que enchem a boca para falar aquele já conhecido rol de bobagens quando a seleção não conquista medalha na Olimpíada ou quando não vão bem na Copa do Mundo. Dizem que "ninguém apoia o futebol feminino", quando eles próprios não dão a mínima pro principal campeonato da categoria no país. E a CBF? Bom, dela a gente não espera nada.
Junto com o decano Milton Haddad, fui ao Canindé em mais uma bela tarde do outono paulistano e ninguém que passasse na porta do clube diria que algum jogo seria realizado ali naquele momento. Sem problemas fui ao gramado, bati aquele papo com o amigo Édson de Lima, com o Borracha, preparador de goleiros da Lusa, e fui captar os instantâneos oficiais.
Associação Portuguesa de Desportos (Feminino) - São Paulo/SP
Associação Acadêmica e Desportiva Vitória das Tabocas (Feminino) - Vitória de Santo Antão/PE
O trio paulista composto pelo árbitro Daniel Bernardes Serrano e pelos assistentes Fabrini Bevilaqua Costa e Enderson Emanoel da Silva posa para as lentes do JP junto com as duas capitãs
Ambas as agremiações não haviam vencido nas duas rodadas iniciais. A Portuguesa empatou sem gols com o Rio Preto dentro de casa e com o Foz do Iguaçu no Paraná. As pernambucanas foram derrotadas pela Ponte Preta e ficaram no zero com o Audax. No embolado Grupo 2, a Lusa era sexta colocada e o Vitória o sétimo. Vale dizer que essa foi a sexta apresentação do onze nordestino na Grande São Paulo e a primeira que eu vi. No JP, cobrimos a primeira visita, acontecida em maio de 2012 num duelo contra o ADECO pela falecida Copa do Brasil Feminina no Pacaembu.
Três dias depois sofrer um 6x0 pro Corinthians no estadual, a Portuguesa começou a peleja bastante inspirada e mostrando muita vontade. As locais sofreram um susto no primeiro minuto, porém aos três abriram o marcador com Baratinha recebendo passe da direita e chutando firme do meio da área.
Quando o relógio contava doze minutos, a equipe local atacou pelo meio e a finalização foi interceptada por uma das zagueiras. Outra defensora afastou e, quando a pelota já estava no campo de ataque visitante, o árbitro marcou pênalti após sinalização do assistente número 2. A marcação aconteceu pois a interceptação foi com o braço. Dayana Dias cobrou a penalidade com categoria e acertou o ângulo direito da arqueira do Vitória/PE.
O onze visitante acusou o golpe e demorou para voltar a assustar a arqueira local. Enquanto isso, a Lusa chegou perto de marcar o terceiro tento em dois momentos. Somente aos 44 minutos o Vitória criou a sua melhor oportunidade até então numa bola na trave.
A Portuguesa iniciou o jogo com tudo, não dando a menor chance pro Vitória/PE
Baratinha chutando para abrir o marcador no Canindé
O segundo gol da Lusa, marcado em cobrança de pênalti de Dayana Dias
Disputa de bola pelo alto no meio de campo
Novo bom ataque da camisa 11 Baratinha
No segundo tempo pouco mudou e a Portuguesa se manteve com os melhores momentos. No quinto minuto saiu o terceiro gol, porém ele foi anulado pela arbitragem por causa de uma falta na goleira. Aos 17 a camisa 7 Bia, um dos destaques do elenco, recebeu passe na direita e tocou no canto. A pelota ainda bateu na trave antes de entrar.
Com 3x0 a favor e jogando bem, até dava pra crer que as rubro-verdes já tinham garantido os três pontos. É, só que as meninas do Vitória não desanimaram e renovaram as esperanças de melhor sorte com o gol de Ronaldinha aos 26 minutos. A camisa 3 recebeu passe da direita e tocou do meio da área.
Vimos vários ataques seguidos a favor das visitantes e aos 38 a mesma Ronaldinha arriscou um tiro de longe. A camisa 12 paulistana foi mal e a pelota passou no meio dos seus braços. Era o segundo gol do Vitória/PE. O Tricolor das Tabocas buscou o empate com todas as forças, porém as locais conseguiram se defender bem e seguraram com unhas e dentes o placar.
Arqueira pernambucana saindo para cortar cruzamento dentro da sua área
A camisa 7 lusitana Bia, um segundo antes dela marcar o terceiro gol local
Dura disputa de bola na linha de fundo do ataque da Portuguesa
Placar final da ótima peleja realizada no Canindé, a primeira vitória do onze rubro-verde na Série A do Brasileiro Feminino
O resultado de Portuguesa 3-2 Vitória/PE marcou o primeiro triunfo da Lusa na Série A1 do nacional em 2018, o primeiro desde 16 de setembro de 2015 (um 4x2 em cima do Centro Olímpico também no Canindé). As meninas agora são vice-líderes do Grupo 2 com cinco pontos, dois atrás do Santos. O Vitória está na lanterna com apenas um.
Foi isso. Na parte da noite o lance foi ver mais um jogo dos play-offs da NBA antes de pegar o caminho do mundo dos sonhos. Futebol de novo só no final de semana, se tudo der certo com categoria de base e mais uma rodada do futebol feminino de São Paulo.
Até a próxima!
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