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sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

JP na Olimpíada (parte 17): Alemanha ouro no futebol feminino

Texto e fotos: Fernando Martinez


Quando o Rio de Janeiro foi escolhido como sede da Olimpíada-2016 eu tinha a ideia de ver bastante coisa, mas nenhuma esperança em assistir provas ou decisões importantes. Por conta e uma sorte imensa e também do auxílio de amigos próximos consegui ver a terceira medalha de ouro de Usain Bolt nos 100 metros rasos por exemplo. Além disso, minha última parada na sede dos Jogos foi muito especial com três eventos geniais nos três últimos dias da festa.

Fui pro Rio pela ponte aérea na manhã de sexta, fechando a trilogia ônibus (no primeiro final de semana), carro (no segundo) e aeroplano. Num calor dos infernos desci no aeroporto Santos Dumont e dali segui até a região do Maracanã sem poder perder tempo, já que o cronograma estava bastante apertado. Tudo para não perder a grande decisão da medalha de ouro do futebol feminino entre Suécia e Alemanha.

Você viu aqui no JP a goleada alemã na estreia contra a genial seleção do Zimbabwe e depois o empate por 2x2 contra a Austrália, ambas as pelejas realizadas na Arena Corinthians. A equipe fez parte do Grupo F e se garantiu nas quartas na segunda colocação da chave. Depois, eliminaram China e Canadá, chegando à decisão inédita. Já as suecas estavam no Grupo E na fase inicial. Mesmo com uma derrota por 5x1 sofrida contra o Brasil, elas se garantiram como uma das melhores terceiras colocadas. Depois eliminaram nada menos do que os Estados Unidos - a primeira vez em que as norte-americanas não chegam na final - e depois, lamentavelmente, o escrete canarinho.

Por conta da inesperada e triste eliminação do onze verde e amarelo, muita gente que tinha comprado ingresso resolveu não aparecer no Maracanã. Apesar disso, o público foi de 52.432 pagantes, um número pra lá de respeitável. Grande parte dos presentes estava torcendo para as carrascas suecas, certamente reflexo dos 7x1 de dois anos antes e da tensão já vivida no ar antecipando a final masculina do domingo. Acessei o ex-maior do mundo de boa, sem crise e antes de ir pro meu lugar dei a famosa passeada pelas dependências do velho novo estádio. Confesso que bateu forte a emoção quando vi a Pira Olímpica pela primeira vez.


Visão do velho novo estádio antes da decisão da medalha de ouro do futebol feminino


A bela Pira Olímpica brilhando no Maracanã


Seleções perfiladas para os respectivos hinos nacionais

Faltando meia hora pro apito inicial finalmente cheguei ao meu lugar e dali fiquei nas duas horas seguintes. Não esperava muito da Suécia e elas confirmaram a baixa expectativa. Já com a Alemanha foi bem diferente já que as moças de vermelho confirmaram o favoritismo e tiveram uma atuação muito boa. A primeira oportunidade da final foi azul e amarela aos nove minutos. Schogh finalizou pelo alto depois de cruzamento de Schelin.

A partir daí só o selecionado germânico apareceu. Aos onze Leupolz escapou pela direita e cruzou por baixo. A goleira Lindahl quase bateu roupa e se complicou. Nove minutos depois Kemme recebeu passe na esquerda e cruzou na cabeça de Leupolz. A camisa 16 subiu bem, porém mandou por cima do travessão. Aos 24 Maier chutou de longe, Lindahl bateu roupa e o rebote caiu nos pés de Mittag. Só que a camisa 11 conseguiu desperdiçar a oportunidade.

A Suécia só voltou a assustar aos 27, quando Schelin recebeu bola na direita, avançou com liberdade e chutou da entrada da área. A bola passou perto da meta defendida por Schult. Desse lance até o final do tempo inicial a partida ficou concentrada no meio-campo e nada mais aconteceu. Os primeiros 45 minutos da decisão da medalha de ouro ficaram em branco.


Bola voando dentro da área da Alemanha


Agora um ataque alemão, também pelo alto


Investida sueca no primeiro tempo. Notem a bem postada linha defensiva das meninas de vermelho

No tempo final a Alemanha voltou ao gramado não disposta a vacilar mais. Logo aos dois minutos Leupolz atacou pela direita e cruzou rasteiro. A pelota passou por todas as atletas, mas não por Marozsán. A camisa 10 dominou e chutou no alto, sem nenhuma chance para Lindahl. Se ouviram muitas vaias no Maracanã com o tento alemão. A Suécia sentiu o tento e sofreu o segundo aos 15. A artilheira Marozsán cobrou falta na trave e no rebote a zagueira Sembrant, na base do susto, bateu de canela e mandou contra o próprio gol.

Achei que as nórdicas estariam totalmente batidas depois dos 2x0, porém aos 21 elas diminuíram o marcador. Numa jogada pela direita, Schough mandou por baixo e Blackstenius tocou firme, vencendo Schult. Só que esse gol se mostrou apenas um lance isolado e em nenhum momento a vantagem construída foi ameaçada. Aliás, muito pelo contrário. Aos 30 e aos 38 minutos Maier e Marozsán finalizaram bem e Lindahl mostrou serviço. A pressão das meninas do "Konungariket Sverige" foi bem sem graça e conforme o tempo foi passando, a certeza que a medalha de ouro estava definida só aumentava.


Defensora da Suécia tocando na pelota no seu campo defensivo


Cobrança de falta que originou o segundo gol alemão


Zaga vermelha afastando o perigo em tentativa sueca

Quando a canadense Carol Chenard apitou pela última vez, o placar do Maracanã mostrava o placar de Suécia 1-2 Alemanha. Assim como dois anos antes, um selecionado germânico fez a festa na velha nova cancha carioca. A medalha de ouro foi garantida com uma campanha de quatro vitórias, um empate e uma derrota (contra o Canadá na primeira fase). Na sua quinta participação, a quarta medalha. Para as suecas, a prata foi muito bem recebida. O bronze ficou com o Canadá, que derrotou o Brasil em São Paulo.



A volta olímpica das medalhistas de ouro e de prata da Rio-2016


A cerimônia de premiação que marcou o fim da disputa do futebol feminino nos Jogos Olímpicos

Saí do estádio lembrando da Copa do Mundo de 2014 e também refletindo sobre o que tinha acabado de ver. A minha esperança era que não houvesse uma terceira festa alemã no dia seguinte. Não seria justo. Estava a menos de 24 horas de acompanhar a grande decisão do futebol masculino e eu tinha a certeza que, pro bem ou pro mal, eu estava prestes a acompanhar algo histórico. Antes do banho de emoção ainda teve tempo para visitar o Parque Olímpico pela última vez.

Até lá!

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