Texto e fotos: Fernando Martinez
No dia 17 de agosto, uma quarta-feira, o torneio de futebol masculino dos Jogos Olímpicos chegou à sua fase semi-final. No primeiro jogo do dia o Brasil aniquilou Honduras com sua maior vitória na história dos Jogos e se garantiu na grande decisão. O segundo foi realizado pertinho de casa, na Arena Corinthians, e reuniu duas verdadeiras asas-negras do time verde e amarelo: Nigéria e Alemanha.
As duas seleções já haviam aparecido por aqui em jogos da primeira fase: os nigerianos quando foram derrotados pela Colômbia também em solo paulistano e os alemães no ótimo empate contra o México na estreia de ambos em Salvador. Aliás vale lembrar que o encontro contra os norte-americanos foi o primeiro compromisso dos atuais campeões do mundo numa Olimpíada desde os Jogos de Seul.
Bandeiras dos participantes do torneio de futebol, masculino e feminino, do Rio-2016
Seleções perfiladas no gramado da Arena Corinthians antes dos respectivos hinos nacionais
Essa foi a nona partida realizada na casa corintiana durante a Rio-2016 e a nona em que estive presente. Mantive os 100% de aproveitamento, mas já sabendo que essa era minha despedida por ali, já que estaria no Rio na final feminina e perderia a decisão do bronze. Como ainda não inventaram algo para estarmos em dois lugares ao mesmo tempo, decidi pela grande decisão no Maracanã.
Pela primeira vez acompanhei uma peleja no setor sem cadeiras da Arena e posso falar com propriedade que ver jogo ali é um horror, a visão é péssima e a muvuca é um porre. Resumindo: não indico o setor a ninguém que queira um pouquinho de conforto. Junto comigo, vários amigos e um público total de 35.562 pagantes.
Esperava ver um jogo disputado, afinal de contas, era uma semi-final olimpíca, né? Ledo engano... as duas seleções foram a campo sem inspiração e mostrando um futebol super burocrático de dar sono. Como a Nigéria foi uma decepção completa por todos os 90 minutos, não foi dificil para a Alemanha, que fez um jogo abaixo da crítica, chegar à vitória.
Logo aos nove minutos saiu o primeiro gol depois de boa jogada pela direita e conclusão tranquila de Lukas Klostermann dentro da pequena área. Três minutos depois o goleirão Timo Horn quase ganha o prêmio de vacilão da tarde. Ele quis mandar a pelota pra longe da área mas deu uma furada monstra. O camisa 13 Sadiq tentou se aproveitar dessa falha porém por duas vezes errou o chute sem passar para um companheiro melhor colocado.
Gnabry, camisa 17 da Alemanha, se mandando para o ataque
Julian Brandt atacando pela direita com a firme marcação de Sincere
William Ekong afastando o perigo
Troca de passes no setor defensivo africano
O tempo inicial seguiu embolado e com poucas oportunidades de gol, quase todas alvinegras. Ao final dos primeiros 45 minutos, o marcador mostrava o magro 1x0. Na segunda etapa os campeões olímpicos de 1996 conseguiram a proeza de piorar o que já estava ruim graças a inexpressiva atuação do setor ofensivo.
Jogando na boa e sem sofrer pressão, os europeus também não se animaram e a partida praticamente se arrastou. Emoção mesmo rolou somente a dois minutos do fim do tempo regulamentar com uma pequena aula de contra-ataque e um gol irregular alemão. Selke recebeu bom passe pela direita, avançou pelo campo de defesa e cruzou. Nils Petersen, em impedimento, completou no segundo pau e fechou o marcador.
Timo Horn saindo do gol para fazer a defesa
Arena Corinthians com bom público para a semi-final masculina do futebol
O camisa 2 Jeremy Toljan subindo para cortar cruzamento nigeriano
Placar que colocou a Alemanha na decisão do futebol na minha despedida olímpica de São Paulo
O placar de Nigéria 0-2 Alemanha colocou a seleção européia na decisão dos Jogos Olímpicos pela primeira vez na história na sua nona participação. Era a chance que todo o brasileiro queria para devolver cerca de 0,5% da sofrida derrota de 2014. O mais legal? O fato de que eu tinha ingresso garantido para a disputa da medalha de ouro. Perdendo ou ganhando, com certeza seria (como foi) sensacional ver a história ser escrita na minha frente.
Com essa peleja, encerrei os trabalhos na Olimpíada fora do Rio de Janeiro. Na manhã da sexta-feira, dia 18 de agosto, me mandei novamente para a antiga capital federal para uma trinca de eventos de respeito para me despedir com estilo do Rio-2016.
Até lá!
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