Mais um ano se inicia e mais uma vez abro os meus trabalhos futebolísticos em jogos da sempre legal Copa São Paulo de Futebol Júnior, torneio que em 2016 chega à sua 47ª edição. Pena que nesse ano a FPF tenha errado feio no regulamento e na confecção da tabela, dando munição para a cambada de acéfalos da "mídia especializada" que amam repetir os mesmos clichês negativos, a maioria sem sentido, sobre a competição ano após ano.
Não há como negar que hoje a Copinha é o torneio mais democrático do país. Também é um torneio aonde os representantes de cada estado - pelo menos a grande maioria deles - são definidos de acordo com os resultados nos campeonatos estaduais da categoria, ou seja, através de critérios técnicos. Se levarmos em conta o tamanho do país, o número de participantes, 112, nem é tão grande assim.
Só que reside no grande número de participantes o verdadeiro problema da competição, já que não faz mais nenhum sentido espremer a Copa em pouco mais de 20 dias. Como ninguém quer adiar a data da final e ela tem que acontecer obrigatoriamente em 25 de janeiro, passou da hora da FPF antecipar o começo do certame e tentar dar mais qualidade técnica para a Copinha.
Poderiam muito bem fazer uma grande fase preliminar ou até mesmo juntar todo mundo, "grandes" e "pequenos", e preencher o mês de dezembro com jogos espalhados pelo estado. Seria bom para todos: jogadores, que teriam mais tempo em atividade e mais tempo de exposição, imprensa, que lotaria a sua modorrenta grade de programação do último mês do ano e torcedores, que certamente encheriam os estádios assim como fazem em janeiro.
Como eu não trabalho do departamento técnico da FPF, não sobra outra opção a não ser acompanhar a Copinha do jeito que ela está. Com a primeira fase criminalmente espremida em seis dias, fui obrigado a abrir mão de ver alguns times bem legais, mas os que sobraram já valeram a pena. Para abrir o ano já colocando time na Lista, fui até o Estádio Ítalo Mário Limongi depois de seis anos de ausência para ver de perto o genial Boca Júnior de Sergipe. O adversário foi o time da casa, o Primavera.
Primavera e Boca Júnior posados antes da partida que abriu o ano por aqui. Fotos: Fernando Martinez.
Capitães dos times e quarteto de arbitragem. Foto: Fernando Martinez.
As duas equipes fazem parte do Grupo 18 e essa é a primeira vez que o time nordestino participa da Copinha em todos os tempos, sendo o oitavo time do estado a disputar a competição. O Boca já havia aparecido nas páginas do JP numa matéria do Orlando de 2008, em jogo válido pelo estadual. Na época, o time era de Cristinápolis, e em 2011 a agremiação se mudou para Estância.
Para variar um pouquinho, a rodada foi disputada debaixo de muito, mas muito calor mesmo. Fui de ônibus até Indaiatuba pela primeira vez e confirmei o que já tinha ouvido falar várias vezes: chegar no estádio é a maior moleza. A rodoviária fica a três quadras do campo e o percurso é percorrido em pouco mais de cinco minutos andando sem pressa.
Junto com um time de respeito composto pelo quarteto Mílton, Mário, Pucci e o curioso Victor de Andrade entrei nas dependências do estádio bem antes do apito inicial, já sofrendo por conta do sol forte. Para dar uma piorada, a partida ainda começou com 26 minutos de atraso por falta de ambulância e depois porque o desfibrilador não ligava. Foi necessário um esquema ninja para conseguir fazer o aparelho funcionar.
Quando o jogo começou, o Primavera animou a torcida que lotou o estádio e fez crer que poderia golear. Logo aos seis minutos, Goteira, o glorioso camisa seis do onze local, avançou pela direita e chutou forte, colocando a pelota no canto direito do arqueiro sergipano. Nos minutos seguintes o Fantasma poderia ter chegado aos 3x0 sem problema, mas os atacantes foram displicentes demais e desperdiçaram as oportunidades.
Como castigo, o time sofreu o empate no primeiro ataque do Boca Júnior. Thiago deixou tudo igual aos 20 minutos, e com esse gol o jogo ficou igual. O Primavera não conseguia mais atacar com qualidade e o Boca, bem distribuído em campo, mostrava muita força de vontade.
Goteira armando o chute que abriu o marcador em Indaiatuba. Foto: Fernando Martinez.
Aqui o Primavera jogou a chance de fazer 2x0. Foto: Fernando Martinez.
Disputa pelo alto no ataque primaverino. Foto: Fernando Martinez.
Esse era o cenário quando o tempo inicial terminou. Foto: Fernando Martinez.
O primeiro tempo chegou ao fim e com ele o sol deu uma sumida. Tudo por conta nuvens muito carregadas que se aproximavam rapidamente ao estádio. Nem bem o tempo inicial começou e o dilúvio chegou com tudo. Por sorte consegui um lugarzinho na concorrida tribuna de imprensa e dali vi quinze minutos de uma chuva surreal.
Em meio ao temporal, o Primavera quase fez o segundo gol num chute de longe de Mariano que encontrou a trave. Com quinze minutos a chuva parou, o gramado ficou encharcado, a peleja caiu de produção e as emoções deram um tempo. Somente nos cinco minutos finais o Fantasma voltou a assustar e teve mais duas chances claras para conquistar a vitória. O arqueiro do Boca salvou a lavoura e impediu que sua equipe saísse de campo sem nenhum ponto.
Dilúvio no Ítalo Mário Limongi. Foto: Fernando Martinez.
Boa chegada do Boca Júnior pela direita. Foto: Fernando Martinez.
Nesse lance muitos viram pênalti do defensor local no atacante sergipano. Foto: Fernando Martinez.
Último ataque visitante. Foto: Fernando Martinez.
O placar final ficou como no primeiro tempo: Primavera 1-1 Boca Júnior. Após as três derrotas de 2015, o Fantasma começou bem a disputa da Copinha e depois desse empate, o time venceu seus dois jogos seguintes, conquistando a primeira colocação do seu grupo. Já o Boca perdeu as duas pelejas restantes por goleada e terminou a fase na última colocação da chave.
Já no jogo de fundo aconteceu um duelo direto do sul do país, num confronto que já havia aparecido aqui uma vez, também válido pela Copa São Paulo.
Até lá!
Fernando
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