Texto e fotos: Fernando Martinez
Depois de conferir outra vitória do Nacional na Série A4, mudei completamente de cenário e fui ver um jogo da competição mais importante das Américas. Era dia de acompanhar o Corinthians jogando contra a gloriosa Universidad Central de Venezuela, o time 820 da Lista, pela Taça Libertadores.
Confesso que pouco sabia sobre a UCV antes do sorteio da competição. Fundada em 1950, é um dos clubes mais antigos da Venezuela e o primeiro a conquistar um título na era profissional do futebol do país, em 1957. Além disso, tem dois títulos na era amadora, em 1951 e 1953. Depois de muito tempo na segunda divisão, voltou à elite em 2021 e, pela primeira vez na história, garantiu uma vaga na Libertadores.
A Universidad Central, que conseguiu um bom empate com o Corinthians no jogo de ida, foi o quinto time da Venezuela que eu incluí na Lista. Os quatro anteriores - Deportivo Táchira, Caracas, Deportivo Lara e Academia Puerto Cabello - perderam todos os seus jogos e não marcaram nenhum gol. Nada indicava que o cenário seria diferente.
Sport Club Corinthians Paulista - São Paulo/SP
Universidad Central de Venezuela Fútbol Club - Caracas/VEN
Os capitães dos times e o quarteto de arbitragem liderado pelo colombiano Wilmar Roldán
Ano passado, fiz minha estreia dentro de campo na Libertadores, cobrindo jogos do Palmeiras e São Paulo. Na quarta-feira, foi a vez de ver o Corinthians pela primeira vez. Um momento histórico, sem dúvida. O Fernando de 1996, que assistiu sua primeira partida do torneio com o alvinegro vencendo o Botafogo/RJ, ficaria muito feliz em saber que, 29 anos depois, estaria fotografando um confronto como esse.
Itaquera recebeu mais uma vez um público gigantesco, e nem o torcedor mais pessimista imaginava que seria uma partida tão sofrida, ainda mais com o Corinthians abrindo o placar com Yuri Alberto logo no segundo minuto. Parecia que seria uma goleada. Parecia...
A UCV empatou logo em seguida, e o sofrimento começou. Foi uma batalha para o Corinthians passar à frente novamente, com um gol de Matheus Bidu (bem parecido com o que ele fez contra a Portuguesa no Paulistão, em clássico que também teve cobertura do JP). Mas a Universidad não vacilou e empatou de novo. Juro, parte da torcida, que nunca para de cantar, sentiu o golpe.
Mudei de lado junto com o ataque alvinegro, e a etapa final foi complicadíssima. Sem exagero, se colocassem a UCV na Série A2 Paulista, ela suaria sangue para subir de divisão. Ver o Corinthians sofrendo contra uma equipe tão limitada deixou os presentes preocupados. E a minha preocupação era perder o trem caso a partida fosse para os pênaltis.
O jogo seguiu nesse ritmo e, quando o relógio marcou 40 minutos, tive que pegar o caminho da estação. Não dava para ficar mais. Na saída, sabia que perderia algum gol. Dito e feito. Quando estava no estacionamento, ouvi o barulho da festa nas arquibancadas com o terceiro gol, aos 43 minutos.
Detalhe do primeiro gol da noite, marcado por Yuri Alberto
A peleja foi muito mais complicada do que qualquer um poderia imaginar
Matheus Bidu chutando para fazer 2 a 1 e comemorando na frente das lentes do JP
Na etapa final, a partida seguiu na base do sufoco. A classificação só foi confirmada aos 43 minutos
Foi no laço, mas o Corinthians 3-2 Universidad Central colocou o alvinegro na terceira fase da Libertadores. O próximo adversário será o Barcelona do Equador, um time forte, bem melhor do que os venezuelanos. Se os mosqueteiros jogarem da mesma forma, não vão chegar à fase de grupos. Já para a UCV, fica a experiência.
Perdi o terceiro gol, mas peguei cedo o trem. O problema é que ele parou entre o Tatuapé e o Brás, me atrasando completamente. Por sorte, desci na Estação da Luz às 23h58, dois minutos antes do fechamento da Linha Amarela. Se tivesse pegado o trem seguinte, teria me atrasado de vez. Que bom que deu certo.
Até a próxima!
Ficha Técnica: Corinthians 3-2 Universidad Central
Local: Neo Química Arena (São Paulo); Árbitro: Wilmar Roldán/COL; Público: 44.643 pagantes (44.964 presentes); Renda: R$ 2.857.071,20; Cartões amarelos: Yuri Alberto, Kendrys Silva, Juan Zapata, Yohan Cumana, Samuel Sosa, José Martínez, Rodrigo Garro; Gols: Yuri Alberto 3, Juan Cuesta 6, Matheus Bidu 40 e Adrián Martínez 46 do 1º, Yuri Alberto 43 do 2º.
Corinthians: Hugo Souza; Matheuzinho, André Ramalho, João Pedro Tchoca e Matheus Bidu (Hugo); José Martínez, Breno Bidon (Romero), André Carillo (Talles Magno) e Rodrigo Garro; Memphis Depay (Alex Santana) e Yuri Alberto. Técnico: Ramón Díaz.
Universidad Central: Miguel Silva; Kendrys Silva, Adrián Martínez (Meléndez), Alfonso Simarra e Yohan Cumana (Magallán); Francisco Solé, Alexander González e Juan Zapata (Carrillo); Alexander Granko (Samuel Sosa), Juan Cuesta (Murillo) e Charlis Ortiz. Técnico: Daniel Sasso.
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