Texto e fotos: Fernando Martinez
Sempre quis assistir um clássico entre Santo André x São Caetano, de preferência com os elencos principais. Na segunda-feira pude fazer minha estreia no duelo válido pela edição 2021 do Campeonato Paulista. Com a pandemia comendo solta, ajudou o fato de o Estádio Oswaldo Teixeira Duarte ser o palco do encontro. Se fosse no ABC com certeza eu não iria encarar a jornada.
Minha presença no Canindé quebrou uma série de marcas antigas: Não via uma partida do principal certame do estado ali desde o já longínquo 2014. Além disso, a última vez sem ter a Lusa como mandante tinha sido em 23 de abril de 2000 (!) num Corinthians 3x0 Araçatuba, a última apresentação do AEA na elite em todos os tempos. Eu também não via o Ramalhão atuar como mandante na capital desde a histórica decisão da Copa do Brasil de 2004.
As equipes entrando em campo e também a foto do quarteto com os capitães
Os rivais não se enfrentavam pela A1 desde 2011. No retrospecto na elite, um grande equilíbrio: nove jogos, quatro triunfos do Santo André, três do Azulão e dois empates. Na atual edição do Paulista os andreenses empataram com o Santos e venceram a Ponte em Campinas. Vale registrar que o Bruno José Daniel provavelmente não será usado na competição pois está em reforma. O atual campeão da Série A2 estreou em casa contra o Red Bull Bragantino e foi derrotado.
Com aquele receio monstro de sair de casa, confesso que estava até relativamente animado e com uma expectativa boa para o confronto. Agora, fica complicado escrever algo por tudo que (não) aconteceu no gramado. Foi um clássico modorrento, sem graça e com praticamente nenhuma emoção. Sem companhia, o que me salvou foi uma lista dos anos 80 primorosa que fiz no Spotify. Fácil que teria dormido se não fosse a boa seleção musical.
Aos doze minutos aconteceu o lance que foi a cara do tempo inicial. O São Caetano teve escanteio na direita. Na batida curta, toque na direção de Tony. O lateral não conseguiu dominar e a pelota saiu de forma bisonha pela lateral. Um horror. Chance de verdade só uma, a favor do escrete andreense. Foi aos 36 minutos em cabeçada de Marino que passou perto da trave direita. E só.
Momentos do fraquíssimo primeiro tempo do Clássico do ABC
Na etapa final a coisa foi menos pior pois cada time mandou uma bola na trave. Primeiro foi Rone aos sete em tiro de longe que desviou na zaga do Azulão. Três minutos depois William Amorim arriscou de longe e o desfecho foi o mesmo. Aos 25 Luiz fez a principal defesa da noite quando se esticou todo e mandou pela linha de fundo um belo chute de Marcos Martins. Defesaça!
Nos 20 minutos finais pouco se viu e a peleja voltou a ficar bastante modorrenta. Na verdade, foi uma daquelas vezes que as duas equipes poderiam estar jogando até agora que o zero não sairia do marcador. O resultado foi o óbvio Santo André 0-0 São Caetano. Falei em marcas no começo do post e aí vai mais uma: foi a primeira vez que vi um placar zerado no Canindé pelo Paulistão. De 1983 a 2014, foram 35 jogos com pelo menos um golzinho até Ramalhão e Azulão quebrarem a escrita. Obrigado, senhores... só que não.
Nesse lance Rone acertou a trave do Azulão. Um dos dois ataques de perigo do Ramalhão no tempo final
No decorrer da segunda etapa não teve jeito e o marcador ficou em branco. Meu primeiro 0x0 em 2021
Saí da casa rubro-verde e me espantei com o cenário do lado de fora. Boa parte da região estava escura, sem iluminação pública e algumas criaturas da noite zanzando de forma suspeita. Desisti de ir a pé até o metrô e fiquei em uma avenida próxima esperando um ônibus. Deu medo, sério. Na real isso é normal levando em conta que não temos prefeito nem um trabalho de zeladoria na capital bandeirante há muitos anos. Cidade abandonada é assim.
Até a próxima!
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Ficha Técnica: Santo André 0x0 São Caetano
Local: Estádio Oswaldo Teixeira Duarte (São Paulo); Árbitro: Thiago Luis Scarascati; Público e renda: Portões fechados; Cartões amarelos: Luizinho, Charles.
Santo André: Fernando Henrique; Marcos Martins, Willian Goiano, Rodrigo e Giovanni Palmieri; Fraga, Rone (Caio Rangel), Marino e Gegê; Ramon (Tiago Marques) e Minho (Fernandinho). Técnico: Paulo Roberto.
São Caetano: Luiz; Tony, Lucas Dias, Caetano e Fernando Junior; Warian, Charles e Diego Cardoso (Marcinho); Luizinho (Filipe Carvalho), Carlinhos (Gui Castro) e William (Pira). Técnico: Wilson Júnior.
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