Há mais de dois meses não assistia um jogo na cidade de São Paulo, então nesse sábado eu armei uma rodada dupla na capital bandeirante para quebrar esse pequeno jejum. A jornada começou cedo, mais precisamente às 11 da matina na grande final do Campeonato Paulista sub-20 da Primeira Divisão com o clássico mais antigo do futebol do estado: Corinthians x Santos.
O detalhe é que a partida foi realizada na Arena Corinthians, na primeira vez que uma peleja da categoria de base foi realizada ali. O surreal é que a diretoria corintiana resolveu colocar ingressos à venda pelos módicos valores de trinta e cinquenta reais (!). Um absurdo completo, mas que infelizmente tem alguns que acham normal.
Não ia nesse jogo, até porquê não estava na pegada de pagar esse valor. Mas como o amigo Jamil "Already Thousand" Tanus - o criador do X-Fantasma - desistiu de ir e tinha ingresso sobrando, resolvi me aventurar pela sétima vez na casa corintiana, a terceira pós-Copa do Mundo. Tive a companhia do Luiz Fôlego para essa jornada e por conta da operação tartaruga do metrô chegamos no local em cima da pinta, com tempo apenas de corrermos para o nosso lugar.
Visão geral da Arena Corinthians na final do Paulista sub-20. Foto: Fernando Martinez.
O título estava praticamente definido com os 4x0 aplicados na ida, e eu apostava um sorvete de casquinha que o Corinthians faria um jogo na base do "vamos na boa pois o caneco já está no papo". Deveria ter apostado um milhão de dólares, pois foi exatamente isso que aconteceu. O time da casa, atuando com seu péssimo fardamento laranja fluorescente, fez uma partida bisonha.
Aliás, bisonho mesmo foi todo o tempo inicial. O Corinthians tinha seus atletas com uma má vontade assombrosa, e o Santos, precisando fazer muitos gols, jogava sem nenhuma inspiração. A peleja foi péssima, e passei 45 minutos lembrando de todas as histórias que vivi ali durante os quatro jogos que assisti na casa alvinegra no mundial de 2014. Ô saudade.
No intervalo fui fazer uma boquinha e é fato que as dependências da Arena estão bem mais bonitas do que estavam em janeiro (na última vez em que estive ali, no Corinthians 3-0 Corinthian-Casuals). As lanchonetes estão melhores e mais abastecidas, e o espaço para o trânsito dos torcedores é muito bom. Fui "obrigado" a fazer uma boquinha ali e apesar do valor um pouco salgado, o sanduba ganhou o Selo JP de qualidade.
Já de volta ao meu lugar, vi um tempo final mais animado, se não na qualidade técnica, pelo menos no número de gols. O Peixe acertou o pé e inaugurou o placar aos seis minutos com o gol de cabeça de Bruno Leonardo, completando cruzamento de Matheus Augusto. Empurrado pelos doze mil torcedores, o alvinegro paulistano aproveitou saída errada da zaga aos quinze minutos e deixou tudo igual. Tocantins recebeu bom passe e chutou na saída do goleiro John Victor.
O time visitante com certeza sabia que o título já estava perdido, então o que restava era unicamente carimbar a faixa mosqueteira. Aos 29 minutos o camisa 9 Natan recebeu passe de Diogo e bateu com estilo para fazer o segundo do time do litoral. Seis minutos depois Rafael Oller fez o terceiro mesmo com a marcação de cinco corintianos dentro da área, chutando no canto direito de Caique França.
Atletas corintianos correndo atrás de jogador santista. Foto: Fernando Martinez.
Ataque local pela esquerda no primeiro tempo. Foto: Fernando Martinez.
Chute de longe para o Peixe. Foto: Fernando Martinez.
Mas para fechar a ótima campanha corintiana, ficou a cargo de Marciel o último gol do certame para o bi-campeão estadual. Eram decorridos 43 minutos quando ele aproveitou rebote do arqueiro santista e chutou forte para dar números finais ao jogo e ao campeonato com o placar de Corinthians 2-3 Santos.
O time do Parque São Jorge não começou bem a campanha do bi e somou apenas um triunfo e três derrotas nas seis primeiras rodadas. Depois disso, uma incrível sequência de 23 partidas com apenas um revés. A derrota para o Peixe não tirou o brilho da magistral campanha corintiana: 30 jogos, 20 vitórias, cinco empates, cinco derrotas, 68 gols marcados e 19 gols sofridos.
Placar final da decisão do antigo estadual de juniores na Arena Corinthians. Foto: Fernando Martinez.
Festa mosqueteira com o bi-campeonato do Paulista sub-20. Foto: Fernando Martinez.
Depois que a FPF reorganizou os estaduais da base em 1980, o Mosqueteiro viu times menores conquistarem títulos enquanto ele ficava de mãos abanando. Até 2013, o alvinegro tinha apenas o título de 1997, enquanto Novorizontino, Juventus e União São João (entre outros) tinham dois. Com o bi-campeonato garantido, a equipe agora pula para a segunda colocação na lista de campeões empatado com Palmeiras e Santos. O São Paulo lidera com cinco conquistas.
Acabei nem ficando para a festa já que a partida mais importante do sábado aconteceria na parte da tarde. A comemoração aconteceu dentro e fora de campo, ficando a cargo do grande número de torcedores gourmets presentes no estádio, algo comum para os tempos atuais. É fato que o cantado "Time do Povo" já não é mais tão do povo assim, pelo menos no seu estádio.
Até a próxima!
Fernando
Nenhum comentário:
Postar um comentário