Fotos e texto: Fernando Martinez
Na quinta-feira passada, mesmo sendo dia normal de trabalho, arranjei uma brecha na agenda e emplaquei uma sessão extra de futebol. O motivo foi mais do que justo, já que não é toda hora que temos a chance de ver times do Mato Grosso do Sul por essas bandas, ainda mais de futebol feminino. No gramado do Estádio Oswaldo Teixeira Duarte, a Portuguesa recebeu a genial Associação Atlética Moreninhas pela penúltima rodada da fase inicial do Campeonato Brasileiro Série A2.
A equipe do Centro-Oeste foi fundada em 6 de março de 1998 em Campo Grande. Depois de alguns anos apenas com equipe masculina, passaram a se aventurar pelo feminino. Se nunca venceram o estadual dos homens, as meninas já conquistaram duas taças: em 2008 e 2018. Ano passado foram campeãs de forma invicta, vencendo o Comercial de Três Lagoas com duas goleadas nos confrontos decisivos: 5x0 e 6x0. Na A2 nacional, estrearam sofrendo duas goleadas nas jornadas iniciais - 8x0 contra o Palmeiras e 7x0 contra o Grêmio - e venceram o Atlético Mineiro na rodada passada pela contagem mínima.
Já o clube do Canindé, rebaixado em 2018, chegou para esse confronto somando seis pontos - duas vitórias e uma derrota - e precisando vencer para não se complicar da derradeira rodada. Um triunfo deixaria as rubro-verdes com nove pontos e próximas da segunda fase pelo menos como uma das melhores terceiras colocadas. Como elas farão a despedida da fase inicial contra o Grêmio fora de casa, sem dúvida era melhor já resolver a parada atuando nos seus domínios.
Associação Portuguesa de Desportos (feminino) - São Paulo/SP
Associação Atlética Moreninhas (feminino) - Campo Grande/MS
Capitãs das equipes e o quarteto de arbitragem composto pelo árbitro Thiago Luis Scarascati, as assistentes Fabrini Bevilaqua Costa e Amanda Pinto Matias e a quarta árbitra Regildenia de Holanda Moura
Mais uma vez poucas testemunhas foram ao velho estádio, entre elas o decano Milton Haddad. Os cerca de 30 presentes acompanharam uma partida com avassalador domínio do onze local. O número de chances de gol criadas pelas comandadas de Prisco Palumbo foi enorme, mas para o desespero de boa parte dos presentes, a pontaria das atacantes da Portuguesa estava completamente desregulada. O que vimos de oportunidades desperdiçadas não está no mapa.
Como se a pontaria ruim não fosse por si só algo bastante complicado, as avantes ainda tiveram como problema crônico o posicionamento ruim. Antes dos dez minutos, dois gols foram anulados pois as autoras estavam impedidas. Foi somente na terceira vez que marcaram que o gol valeu. Aos 14 minutos, Amanda tocou em profundidade para Lins. A camisa 10 surgiu entre as zagueiras, entrou na área e colocou no canto esquerdo.
As meninas do escrete sul-mato-grossense não conseguiam passar do meio de campo e a Portuguesa fazia o que queria... menos ampliar a vantagem. Apesar dos vários momentos de perigo, o segundo saiu apenas aos 36 minutos. Num ataque pela direita, a goleira Mirela salvou, só que, no rebote, a camisa 9 Laiane chutou pelo alto e fez o dela. Aos 38 e 43, Sassá e Pires tiveram oportunidade de alcançar uma goleada ainda na etapa inicial, porém ambas as finalizações pararam no travessão.
Um dos primeiros ataques lusitanos na peleja
Marcação firme de atleta local em cima da defensora do Moreninhas
Lins abrindo o placar para a Portuguesa
Mais um ataque paulistano pela esquerda
No tempo final o domínio lusitano foi ainda maior. Aos cinco minutos Laiane acertou um belíssimo chute na trave, Na sobra, Pires teve o gol aberto à sua disposição e também acertou a baliza. Não perca a conta: com esses dois lances, já eram quatro as finalizações na trave. Aos sete, a Portuguesa teve escanteio a seu favor. Na cobrança, a zaga do Moreninhas falhou e a goleira Mirela marcou contra, ampliando a vantagem paulistana para 3x0 no placar.
Seguindo no esquema "ataque contra defesa", aos 20 minutos Sassá acertou a trave pela quinta vez. Aos 29, Laiane recebeu lançamento longo, entrou na área sem marcação e fez o quarto. Aos 36 Lins chegou a fazer o quinto, porém novamente a arbitragem impugnou o lance. Antes do apito final o marcador não foi alterado mas vimos outro tento anulado e a sexta (!) finalização no travessão.
Assim como no primeiro tempo, no segundo a Portuguesa foi dona absoluta das ações
De longe, o lance do terceiro gol local. O árbitro colocou na súmula que o tento foi da goleira Mirela, contra
Detalhe do quarto gol lusitano marcado por Laiane
A zaga do Moreninhas cortando cruzamento na área
O placar final de Portuguesa 4-0 Moreninhas ficou barato para as visitantes. Não é toda hora que vemos uma peleja com seis bolas na trave e quatro gols anulados. Se as paulistanas tivessem caprichado um pouquinho mais, poderíamos ter visto um massacre histórico no Canindé. De qualquer forma, a vaga provavelmente está assegurada. Falando do Leão, independente da atuação fraca, sempre merecem nossos aplausos, pois sabemos a luta que é fazer futebol feminino nesse país. Só o fato de entrarem em campo já é uma grande vitória.
Até a próxima!
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Ficha Técnica: Portuguesa 4-0 Moreninhas/MS
Competição: Campeonato Brasileiro Série A2; Local: Estádio Oswaldo Teixeira Duarte (São Paulo); Árbitro: Thiago Luis Scarascati; Público e renda: Portões abertos; Cartões amarelos: Amanda (Por), Manu (Mor); Gols: Lins 14 e Laiane 36 do 1º, Mirela (contra) 7 e Laiane 29 do 2º.
Portuguesa: Leticia Rodrigues (Andreia); Naty, Edna, Bru e Amanda; Pequena (Steh); Pires, Silmara e Lins; Laiane e Sassá (Abacaxi). Técnico: Prisco Palumbo.
Moreninhas: Mirela; Nêga, Bia, Neguinha e Isa; Ziza, Fabíola (Camilinha), Manú e India; Brenda (Tania) e Sinharha (Karina). Técnico: Carlos Alberto de Oliveira.
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