Texto e fotos: Fernando Martinez
A rodada quádrupla do Sábado de Aleluia chegou ao fim com a decisão do segundo acesso no Campeonato Paulista da Série A4. Depois do União Barbarense confirmar sua vaga goleando o Araçatuba na sessão vespertina, a jornada noturna definiu se Paulista de Jundiaí ou Nacional fariam companhia ao Leão da 13. O palco do duelo foi o Estádio Jayme Cintra.
A última vez que o Galo da Japi jogou a A3 foi em 2020, quando foi rebaixado na lanterna. Depois disso, foram quatro anos difíceis na última divisão e o acesso para a A4 em 2024. Já o Nacional caiu em 2022, fez uma Segundona razoável em 2023, se manteve na quarta divisão na temporada passada com uma campanha fraca e melhorou sua performance agora em 2025.
Na primeira fase, o Paulista somou um ponto a mais do que os paulistanos. O ponto fez a diferença para definir quem jogaria por dois empates na semifinal. Na ida, jogando no Nicolau Alayon, um 1 a 1 que manteve a vantagem para os jundiaienses. O Nacional teria que fazer a partida do ano para conquistar o esperado acesso.
A torcida tricolor estava animada e encheu a sua tradicional casa. Quase 9 mil torcedores marcaram presença relembrando os bons tempos e empurraram a equipe local nos 90 minutos. Ninguém acreditava em outro resultado senão o acesso. O sufoco contra o Joseense nas quartas serviu de alerta: caso jogassem mal outra vez, não terminariam com a vaga na terceirona em 2026.
Fachada do Jayme Cintra em noite de decisão na A4

Times perfilados para o Hino Nacional Brasileiro
A caravana da coragem saiu de Santa Bárbara D'Oeste, seguiu de boa e chegou no Jayme Cintra faltando cerca de uma hora para o apito inicial. Entrar no estádio foi uma dureza, pois as filas eram intermináveis. Como a imprensa não teve uma entrada diferente, passei um aperto até chegar ao gramado.
Uma chuva insana que tinha acabado de terminar deixou o terreno encharcado. Quem olhava de longe não via nenhum problema, mas de perto a coisa estava feia. Se andar ao redor do campo já estava complicado, certamente o jogo sofreria com as poças, assim como foi no segundo tempo do duelo entre ambos na primeira fase. Naquela tarde molhada de fevereiro, o antigo SPR venceu por 1 a 0, resultado que daria o acesso à agremiação da capital.

Paulista Futebol Clube Ltda - Jundiaí/SP

Nacional Atlético Clube - São Paulo/SP
Os capitães dos times junto com o quinteto de arbitragem da peleja: o árbitro Rodrigo Gomes Paes Domingues, os assistentes Ricardo Pavanelli Lanutto e João Petrúcio de Jesus dos Santos, o quarto árbitro Pablo Rodrigo Soares de Oliveira e o quinto árbitro Ricardo Busette

A presença da torcida nacionalista em Jundiaí
Fiz as fotos oficiais (com destaque para a fumaça dando um toque diferente) e fiquei acompanhando o ataque do lado esquerdo das câmeras de TV, perto do setor visitante, que contou com a presença da rapaziada da Almanac e vários parentes de atletas. Todos ali esperavam uma atuação boa do Nacional, talvez repetindo o triunfo da fase inicial.
É, só que quando a bola começou a rolar, quem ficou com a bola nos pés foi o Paulista. Não que tenham feito uma atuação brilhante, porém foram melhores desde o primeiro minuto. O Nacional não se encontrou e teve uma atuação bem abaixo da média. Pouco para quem precisava de um resultado positivo.
Para aumentar a desgraça nacionalista, o Paulista abriu o marcador aos 29 com o gol de cabeça de Lucas Silva completando levantamento de Filipinho dentro da área. Após sofrer o gol, o Naça não foi capaz de assustar. O acesso estava mais perto do Galo da Japi, que administrou a vantagem até chegar o intervalo.
Logo no começo da etapa final, Filipinho decretou o fim do sonho do Nacional com um forte chute no canto direito. A massa nas arquibancadas fazia uma bonita festa que, ao que tudo indicava, demoraria a terminar. Aos 23 saiu o terceiro com Christopher e a fatura foi liquidada de vez. Assim como em 2021, quando vi in loco o clube da Zona Oeste perder um acesso para o Linense, em 2025 acompanhei outra derrota que impediu uma promoção tão sonhada.
O Paulista começou melhor e esse foi o cenário durante os 90 minutos

Detalhe do primeiro gol da noite, que abriu o caminho para o acesso
O Nacional chegou a criar alguns bons momentos na etapa final, mas os erros na defesa custaram caro
Em 2025 eu acompanhei 12 dos 19 jogos do Nacional na Série A4. Não existe ninguém que cubra o time como o Jogos Perdidos. Se o antigo São Paulo Railway existe na grande rede, é em boa parte por nossa causa. E depois de alguns anos no limbo com gestões tenebrosas, agora pelo menos voltaram a ser competitivos. Agora, é fato que a quarta divisão não é o lugar da equipe. Como não vão jogar a Copa Paulista, a temporada chegou ao fim. Que no ano que vem possam voltar a lutar pelo acesso.
Falando dos promovidos, nunca o Paulista tinha vencido o Nacional por uma margem tão grande jogando em Jundiaí em todos os tempos. Fez quando mais precisava. Após seis anos, o campeão da Copa do Brasil de 2005 vai disputar a terceirona outra vez. Acesso merecido pela campanha e pelo trabalho bem feito pelos lados do Jayme Cintra. Agora vão disputar o título com o União Barbarense, que joga por dois empates.
Para fechar, vale registrar que ninguém cobriu os dois acessos da A4 in loco em 2025, somente o Jogos Perdidos. Não por sermos o máximo, mas sim pois gostamos de registrar a história, algo que fazemos há mais de 20 anos. Em tempos de um jornalismo de plástico feito em salas fechadas ou com textos escritos apenas por inteligência artificial, fizemos algo que deveria ser comum para quem realmente se importa com a cobertura esportiva. O pior é ver que poucos dão o real valor a isso. Tudo bem, não esperamos tapinhas nas costas, o lance é que sabemos do nosso valor. Seguiremos contando a história do futebol, algo no nosso DNA desde 2004.
Foi isso. Foram 16 horas na rua, quatro jogos, três cidades, dois acessos e 320 quilômetros percorridos. O cansaço era enorme no caminho de volta, mas faria tudo de novo. Dias assim que fazem a graça da vida.
Até a próxima!
Ficha Técnica: Paulista 3-0 Nacional
Local: Estádio Jayme Cintra (Jundiaí); Árbitro: Rodrigo Gomes Paes Domingues; Público: 8.929 pagantes; Renda: R$ 164.620,00; Cartões amarelos: Filipinho, Zé Mendes, Rômulo, Gui Nascimento, Lincoln, e João Braga; Gols: Lucas Silva 29 do 1º, Filipinho 3 e Christopher 23 do 2º.
Paulista: Lucas Gomes; Renato Marola, Maycon Ramos, Zé Mendes (Gabriel Reis) e Vitinho Nascimento; Lucas Silva, Arílton Júnior, Wagner Chorão (Adelan) e João Choco (Felipe Pet); Christopher (Kadir) e Filipinho (Ivamar Júnior). Técnico: Fausto Dias.
Nacional: Luizão; Cauan, César Augusto, Renan e Lucas Roberto; Rômulo (Victor Sales), Ronaldy, Nicollas (Lincoln) e Daniel Costa (Paulo Vítor); Gustavo Índio e Gui Nascimento (João Braga). Técnico: Tuca Guimarães.
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