Texto e fotos: Fernando Martinez
Ah, o Carnaval... em meio a foliões alucinados e muita muvuca no transporte coletivo, na tarde de sábado pintou nova cobertura do JP no Campeonato Paulista da Série A2. A equipe de reportagem do blog seguiu até o Estádio Nicolau Alayon para acompanhar o sexto compromisso do Nacional na sua casa em 2019. O adversário foi o Santo André, agremiação que não se apresentava ali desde há onze anos. Foi minha 42ª partida consecutiva acompanhando os ferroviários na Comendador Souza.
Esse não é um confronto comum na história. Apenas onze vezes os dois times se enfrentaram de 1995 a 2008. Foram apenas dois triunfos nacionalistas (2x1 pela Copa FPF de 2004 e um 2x0 na A2 de 2001 que contou com a minha presença quando o JP não existia nem em sonho), dois empates e sete triunfos do Ramalhão. Os dois não duelavam desde 2008. Um ano depois, os paulistanos iniciaram seu pior período nos 100 anos de vida.
(Detalhe: o Nacional também enfrentou o "pai" do Ramalhão, o Santo André FC em dez jogos entre 1968 e 1974. O histórico é bem mais equilibrado e mostra quatro vitórias de cada lado e dois empates. Os últimos confrontos foram no quadrangular final da Segundona de 1974. O Naça foi vice-campeão e o clube do ABC terceiro lugar. O título ficou com o Catanduvense)
O Santo André vem fazendo uma campanha que ainda não empolgou. Antes da rodada ocupavam o oitavo lugar com 12 pontos. O Nacional também não vem fazendo nada brilhante, mas ostenta uma série de sete confrontos sem derrota e estava na 11ª posição. O problema é que empatou seis vezes e venceu apenas uma (1x0 contra o São Bernardo FC); Ficar ganhando um ponto por vez não faz mudar muito a posição na tábua de classificação.
Nacional Atlético Clube - São Paulo/SP
Esporte Clube Santo André - Santo André/SP
Os capitães dos times junto ao árbitro Daniel Bernardes Serrano, os assistentes Ricardo Luis Buzzi e Thiago Henrique Alborghetti e o quarto árbitro Danilo da Silva
Já tinha ido na Comendador Souza no começo da semana, mais precisamente na segunda-feira, dia 25, acompanhar a cerimônia da Câmara Municipal a respeito do centenário. Na esteira da comemoração, a diretoria criou uma camisa dourada (!) para celebrar a data. Nada contra, só que é fato que o ideal era terem feito uma réplica lembrando a época como São Paulo Railway. Seria antológico ver o glorioso escudo do SPR de novo em atividade. Méritos por não deixarem a marca passar em branco, porém poderiam ter aproveitado melhor a oportunidade.
As duas equipes foram a campo pouco antes das 15 horas e quando a ação começou o Nacional tentou fazer uma pressão, chegando a mostrar melhor futebol durante cerca de dez minutos. Aos poucos o Santo André foi envolvendo a defesa local e aos 24 teve um pênalti marcado a seu favor. Numa bola vinda da esquerda, Maikinho surgiu na área e Léo Cunha, afobado demais, o atropelou por trás. Ícaro bateu no canto esquerdo, vencendo o goleiro Maurício e abrindo o marcador.
O Ramalhão permaneceu melhor e os ferroviários não foram capazes de assustar. Outra vez vimos vários erros de passe, algumas finalizações ruins e uma certa apatia dos atletas. Foi a cara de todos os primeiros tempos disputados pelo clube na Comendador Souza na atual temporada. Contando apenas os 45 minutos iniciais de cada cotejo, foram dois empates, quatro derrotas, nenhum gol marcado e sete sofridos. A esperança era que o técnico Jorginho pudesse mudar o espírito da rapaziada na segunda etapa.
Ataque nacionalista pela direita num dos primeiros lances da etapa inicial
Ficou estranho ver o Nacional atuando de dourado. Pelo que ficamos sabendo, foi a primeira e última vez que usaram esse uniforme
Thomazella se esticando todo para cortar cruzamento dentro da área do Ramalhão
Outra chegada local pela direita do ataque. Esse foi o setor mais acionado no primeiro tempo
Detalhe da cobrança de pênalti que abriu o marcador no Nicolau Alayon. Ìcaro foi o autor do tento
Enquanto os jogadores deixavam o relvado, ouvi meu nome ser chamado no alambrado. Quando olhei, lá estava, para a minha surpresa absoluta, o grande Jurandyr Junior, também conhecido como JR (ex-Jandir). Desde outubro de 2012 não encontrava o amigo e foi um grande prazer vê-lo por lá. Resolvi subir até a parte coberta e fiquei ali na companhia de um dos maiores comunistas vivos relembrando as clássicas 40 histórias dele.
Enquanto o papo rolava solto, o Nacional retornou ao relvado ainda sem inspiração. O Santo André também não voltou bem e a peleja caiu bastante de produção. Quem acabou se tornando um dos destaques da tarde foi o camisa 17 Léo Rocha. O jogador já atuou no Azerbaijão, na Venezuela e no Japão, além, claro, do futebol tupiniquim. Foi no Treze/PB que ele ficou conhecido ao bater um pênalti com cavadinha contra o Botafogo/RJ que custou a eliminação do Galo da Borborema da Copa do Brasil de 2012. O veterano atleta fez uma estreia boa com a camisa nacionalista.
A partida seguia em banho-maria até os 30 minutos, quando o escrete da capital teve falta pela lateral esquerda. Léo Rocha bateu direto e a pelota fez uma curva monstra. O atacante Ortigoza se antecipou ao goleiro e meteu a cabeça na bola. Ela subiu bem alto e caiu dentro do gol. Um tento bem estranho que deu o empate ao onze mandante. Estranho ou não, vale igual.
O 1x1 animou o Nacional e a partir daí, empurrado pela torcida, os locais foram pra cima do Ramalhão. Decorridos 38 minutos tiveram um escanteio pela direita. A bola foi alçada e Michael Tuíque cabeceou firme, obrigando Thomazella a fazer grande defesa. O camisa 1 deu rebote e Everton Dias, mesmo sem ângulo, chutou firme e virou o placar de forma heroica. A performance confirmou o fato de que eles conseguem jogar bem em casa apenas na segunda etapa. Contando apenas os 45 minutos finais, foram quatro vitórias, dois empates, nenhuma derrota, oito gols marcados e apenas um sofrido. Tá na hora de estender isso pro primeiro tempo.
A zaga paulistana não foi muito acionada no segundo tempo. Quando o Ramalhão chegava, não ameaçava
Detalhe de ataque pela direita. Na imagem, o camisa 17 Léo Rocha, veterano atleta que deu outra cara ao Nacional no segundo tempo
Momento em que Michael Tuíque cabeceava firme para boa defesa do goleiro do Santo André. Na sequência o Nacional virou o placar
No fim, o resultado foi de Nacional 2-1 Santo André, a primeira vitória ferroviária depois de três empates e que ampliou a série invicta para oito compromissos. Agora o Naça tem 12 pontos, assim como o Ramalhão, que é 8º, mas em 10º lugar por causa dos critérios de desempate. Como classificaram os oito primeiros, eles tem chances de conquistarem uma vaga nas quartas-de-final, basta não vacilarem tanto.
Saí do Nicolau Alayon na base da carona com o Jurandyr. O que complicou bastante foi a presença de um monte de blocos carnavalescos na região da Barra Funda. Ficamos cerca de 45 minutos travados no trânsito e a saída foi seguir até o metrô Vila Madalena. Só dessa forma consegui pegar o caminho do trabalho. Foi um Carnaval com muito trabalho e nenhuma folga. Ossos do ofício!
Até a próxima!
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Ficha Técnica: Nacional 2-1 Santo André
Competição: Campeonato Paulista Série A2; Local: Estádio Nicolau Alayon (São Paulo); Árbitro: Daniel Bernardes Serrano; Público: 370 pagantes; Renda: R$ 4.600,00; Cartões amarelos: Léo Cunha, Josué, Gabriel e Éverton Tchê (Nac); Gols: Ícaro (pênalti) 23 do 1º, Ortigoza 30 e Éverton Dias 38 do 2º.
Nacional: Maurício; Léo Cunha (Léo Rocha), Gabriel Santos, Éverton Dias e Caio Mendes (Felipe Pernambuco); Éverton Tchê, Matheus Lu, Danilo Negueba e Emerson Mi; Michael Tuíque e Josué (Ortigoza). Técnico: Jorginho.
Santo André: Thomazella; Vinícius, Ícaro, Leonardo e Denis Neves; Pedro Vítor, Roberto, Fabrício (Raphael) e Gui (Matheus Santiago); Anselmo e Maicon (Carlos Alberto). Técnico: Fernando Marchiori.
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