Texto e fotos: Fernando Martinez
A vida profissional e, principalmente, o calor me deixaram de fora de várias jornadas da 50ª Copa São Paulo de Futebol Júnior. Felizmente na quarta-feira pintou uma bem-vinda folga e o astro-rei deu uma trégua nesse absurdo verão de 2019. Por isso me armei direitinho e emplaquei uma rodada com direito a time novo, algo raro na fase de oitavas-de-final. A jornada começou cedo com o genial encontro entre Atlético Mineiro e Volta Redonda no Estádio Conde Rodolfo Crespi.
Apesar de não ser o Juventus, bastante gente foi até a Rua Javari para ver o duelo de uma equipe buscando sua quarta taça no torneio (algo que acontece desde 1983, ano do terceiro e último título) contra uma que vem surpreendendo. O Voltaço tinha jogado a Copinha apenas três vezes e essa performance já é, de longe, a melhor da história da agremiação fundada em 1976. Para terem uma ideia, o clube tinha vencido apenas uma partida em dez disputadas até então. Só nessa campanha, já foram quatro triunfos.
Clube Atlético Mineiro (sub-20) - Belo Horizonte/MG
Volta Redonda Futebol Clube (sub-20) - Volta Redonda/RJ
Quarteto de arbitragem e capitães dos times
Cheguei cedo na casa grená e logo fui ao gramado me credenciar. Em meio a várias câmeras das transmissões ao vivo, fios, repórteres, fotógrafos e integrantes das duas equipes consegui fazer aquela social com os amigos presentes, todos que eu não via desde o ano passado. Papinho vai e papinho vem, logo chegou a hora da ação começar. Fui acompanhar o ataque do Galo aproveitando de forma óbvia a sombra no gol da creche. Lá se encontravam o Mílton, o atibaiense Mário e os sumidaços seu Natal e o Nílton, o maior alvinegro do Rio Grande do Norte.
Desfalcado de três jogadores que subiram pro profissional, o Atlético não conseguiu impor a sua maior tradição durante boa parte da peleja. O Volta Redonda, sempre comendo pelas beiradas, não fez um tempo inicial primoroso, mas mesmo assim foi mais perigoso do que seu adversário. A primeira e melhor oportunidade foi do tricolor aos 22 minutos. Caio recebeu na direita e chutou cruzado, pelo alto e a bola bateu na trave direita de Matheus Mendes. Seria um golaço.
Volta Redonda ainda no campo de defesa na tentativa de mais um ataque
Zaga do Voltaço cortando cruzamento da área
Disputa de bola na lateral esquerda do ataque do Galo
Boa chegada mineira pela esquerda. O defensor fluminense se esticou todo na tentativa do corte
No tempo final desisti de ficar espremido no relvado entre os vários fotógrafos presentes e fui até a arquibancada junto com a rapaziada. O ataque do Tricolor de Aço acabou sendo o melhor lugar para ficar nos últimos 45 minutos. O Galo chegou mais vezes dentro da área dos visitantes, só que as finalizações... que horror. Nessas, o time do Rio de Janeiro foi cozinhando pelas beiradas até chegar a um feito histórico. Aos 19, Romário cabeceou com perigo e a bola saiu pela direita. Dois minutos depois, não teve erro. A pelota foi cruzada na área, o mesmo Romário tocou de cabeça pro alto e, se aproveitando de uma fatal demora do arqueiro mineiro, Caio se antecipou e, também de cachola, abriu o marcador.
O Galo sentiu o tento sofrido e se mandou pra cima da defesa do Voltaço sem muita organização. Os meninos comandados por Rodrigo Santana, ex-Juventus, criaram três momentos porém quando a zaga não travava, a pelota ia por cima. O tricolor soube se segurar bem e esperou pacientemente "aquele" contra-ataque. Ele saiu aos 47 minutos, quando MT avançou e tocou para Markinhos. O camisa 10 passou por trás da zaga e tirou do arqueiro, definindo com estilo a histórica vitória.
Vítor Mendes, camisa 4 atleticano, subindo para tirar a pelota do seu campo
Uma das boas chegadas do Volta Redonda no segundo tempo
Da arquibancada, a visão de mais uma investida do Tricolor de Aço
Não foi dessa vez que o Galo conquistou seu quarto caneco na Copinha
O placar final de Atlético/MG 0-2 Volta Redonda colocou a agremiação do sul fluminense nas quartas-de-final da Copa São Paulo pela primeira vez em todos os tempos. Na próxima fase vai rolar um confronto regional contra o Vasco da Gama. Já o Galo deixa para 2020 a tentativa de conquistar o seu quarto título na história do torneio.
Tinha duas opções de jogos na sessão noturna, uma delas com time novo, mas bem tarde, e a outra com uma peleja legal, dois clubes nada inéditos e mais cedo. Não tive dúvidas: encarei o péssimo horário das 21h45 e fui até Barueri para ver um insólito e absolutamente genial duelo também pelas oitavas da Copinha.
Até a próxima!
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Ficha Técnica: Atlético/MG 0-2 Volta Redonda
Competição: Copa São Paulo de Futebol Júnior; Local: Estádio Conde Rodolfo Crespi (São Paulo); Árbitro: José Guilherme Almeida e Souza; Público e renda: Portões abertos; Cartão amarelo: Jô (VR); Gols: Caio 21 e Markinhos 48 do 2º.
Atlético/MG: Matheus Mendes; Pedro (Taílson), Eric, Vitor Mendes e Hulk; Adriano (Carlos Manuel), Gabriel e Bruninho (Neto); Igor Reis (Guilherme), Pedro Luca (Kevin) e Alerrandro. Técnico: Rodrigo Santana.
Volta Redonda: Adne; Júlio Amorim (Marcos Vinícius), Igor Gomes, Gabriel Pereira e Leandro (Márcio); Bodão, Pedro Thomaz e Bambam (João Lino); Caio (Davison), Jô (Markinhos) e Romário (MT). Técnico: Neto Colucci.
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