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sexta-feira, 7 de outubro de 2016

JP na Olimpíada (parte 8): Triunfo argentino em noite tensa no Rio

Texto e fotos: Fernando Martinez


Para fechar a rodada dupla no primeiro domingo dos Jogos Olímpicos, assisti a segunda apresentação da seleção da Argentina, bi-campeã em 2004 e 2008, contra a seleção da Argélia, essa devidamente incluída na Lista durante o Mundial de dois anos atrás, pelo torneio masculino de futebol. O palco, claro, foi o belíssimo Estádio Olímpico Nílton Santos.

As duas seleções saíram de campo derrotadas nas suas respectivas estreias e para não ver o sonho de uma vaga nas quartas-de-final ir para o espaço, a vitória era mais do que obrigação. Dos quatro jogos realizados no Engenhão, esse foi o que teve o maior público pagante: 37.450. No meio da massa, um grande número de torcedores do país vizinho.


Argentina e Argélia perfiladas para os respectivos hinos nacionais

E foi justamente a presença maciça dos "hermanos" que deu um toque tenso nas arquibancadas. As provocações entre brasileiros e argentinos não pararam por um minuto sequer e o clima durante todo o tempo foi bem barra pesada. Confesso que não deu para curtir muito o jogo por conta desse ingrediente.

Menos mal que a partida foi muito boa. Os argelinos, diferente do que muitos podiam imaginar, não entraram em campo pensando em se defender e levaram bastante perigo para a meta defendida por Geronimo Rulli. A primeira chance de gol aconteceu aos cinco minutos numa belíssima cabeçada de Benkablia.

Aos poucos a Argentina foi se soltando e o atacante Ángel Correa foi se transformando no maior destaque no gramado. O ex-são paulino Calleri ainda tinha uma tímida presença em campo. Falando no camisa 9, vale dizer que a família do atleta estava ocupando vários lugares próximos aos meus e com o passar do tempo eles se tornaram alvos fáceis de brasileiros mais exaltados.

Os dois times faziam um jogo até certo ponto equilibrado. Nesse cenário, a Argentina teve grande chance para inaugurar o marcador aos 24 minutos com grande chute de Mauricio Martínez, outro primo perdido, que tirou tinta do travessão. Sete minutos depois Chaal fez grande defesa em tiro de Ángel Correa.

Só que foi da Argélia a maior chance de gol durante o tempo inicial. Aos 43 minutos o atacante Baghdad Bounedjah recebeu passe em condição legal e, livre de marcação, tentou encobrir o goleiro Rulli, que defendeu meio sem querer com o rosto. Uma preciosa oportunidade que fez bastante falta no final. Nos acréscimos do tempo inicial, Victor Cuesta, zagueiro argentino, foi expulso.


Troca de passes no ataque argentino


Boa saída de Rulli do gol portenho


Zaga da Argélia desarma o camisa 10 Ángel Correa em lance dentro da área


Visão geral do Engenhão lotado para Argentina x Argélia

No intervalo rolou aquela ida à lanchonete para fazer uma clássica boquinha, já que a jornada olímpica ainda estava longe de acabar. Voltei para meu lugar esperando, assim como a maior parte dos presentes no Engenhão, que a Argélia aproveitasse o fato de estar com um atleta a mais em campo.

Só que a vantagem numérica não adiantou nada e em apenas 82 segundos a Argentina abriu o marcador. Rulli cobrou tiro de meta, Calleri resvalou na pelota e a mesma sobrou para Ángel Correa entrar na área e chutar no canto esquerdo de Chaal. Os "hinchas" do país vizinho comemoraram daquela forma alucinada que lhes é peculiar.

Os africanos não se abalaram com o tento sofrido e emendaram boas chances de gol na sequência, quase sempre nos pés de Bounedjah. A defesa argentina sofria bastante com o rápido ataque adversário e aos 18 minutos Bendebka deixou tudo igual. Ascacíbar vacilou, a pelota sobrou para Meziane, que tocou para o camisa 14 completar.

O empate foi o ponto de partida para uma troca de ofensas surreal entre locais e alguns dos integrantes da família Calleri. A mais exaltada era uma mulher por volta de 35 anos, que respondia de forma ríspida simplesmente TODA provocação direcionada ao grupo.

O clima era de total tensão e seis minutos após o empate a Argentina passou novamente à frente do marcador. Para aumentar ainda mais o cenário bélico ao meu redor, quem fez o gol? Ele mesmo, Jonathan Calleri, para o completo delírio dos familiares do mesmo. Alguns dos integrantes do grupo foram pra cima dos brasileiros mais provocadores e a chapa esquentou em definitivo. Só faltou agressão, pois de resto teve tudo.

Dentro das quatro linhas, e também com dez em campo desde os 21 minutos, a Argélia se entregou e não foi capaz de levar perigo ao gol de Rulli. Sem sofrer sustos na defesa, a Argentina atacou bastante porém perdeu a chance de ampliar seu saldo de gols.


Mauricio Martínez arriscando de longe


Zakarya Haddouche cobrando falta a favor do onze africano


Rulli fazendo a defesa depois de cruzamento da direita


Cristian Pavón em ataque pela direita

No final, o placar ficou em Argentina 2-1 Argélia, a primeira vitória dos sul-americanos no Rio 2016. Ela acabou sendo a única, pois no jogo seguinte o time empatou com Honduras e conseguiu a proeza de ser eliminado ainda na fase inicial do torneio de futebol masculino. Os africanos encerraram a participação com apenas um ponto conquistado e na lanterna do Grupo D.

Com oito jogos na bagagem em três cidades diferentes, depois desse jogo dei uma pausa no futebol e entrei no mundo olímpico de verdade, curtindo vários esportes diferentes durante dois dias seguidos. Fiz a minha estreia "real" na belíssima Arena de Vôlei de Praia montada na praia de Copacabana.

Até lá!

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