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segunda-feira, 29 de agosto de 2016

JP na Olimpíada (parte 2): A historica estreia do Zimbábue

Texto e fotos: Fernando Martinez


Fechando a rodada inicial de futebol feminino dos Jogos Olímpicos 2016 na Arena Corinthians, vi de perto um confronto simplesmente genial e totalmente insólito. A poderosa seleção da Alemanha, disputando sua quinta Olimpíada, mediu forças com a surpreendente seleção do Zimbábue, essa na sua primeira e histórica participação.

As alemãs ficaram de fora em Londres-12, porém antes disso emplacaram uma sequência de três medalhas de bronze seguidas em 2000, 2004 e 2008. As germânicas ocupam a terceira colocação na tábua geral de classificação do certame, atrás apenas dos Estados Unidos e do Brasil. A vaga para a Rio-16 foi conquistada depois da boa campanha na Copa do Mundo do ano passado.

Já as africanas fazem sua estreia internacional depois de terem eliminado Zâmbia, Costa do Marfim e Camarões no pré-olímpico da CAF. Essa é a primeira vez que o Zimbábue participa de um esporte coletivo em Olimpíada desde que o país se tornou independente "de verdade" em 1980. O 93º lugar no Ranking da FIFA pouco quer dizer levando em conta o que essa classificação significou para a antiga colônia britânica.


Alemanha e Zimbábue entrando em campo na Arena Corinthians


A genial seleção africana e sua bandeira na hora do Hino Nacional

Dentro das quatro linhas, uma certeza: a vitória do selecionado europeu, restando saber apenas de quanto seria a goleada. Grande parte dos mais de 20 mil pagantes estava torcendo para as simpáticas meninas africanas, inclusive eu, mas confesso que também queria ver gol.

Só que se dependesse do primeiro tempo, o marcador não teria sido tão dilatado. A Alemanha foi muito melhor e impôs pressão desde os primeiros momentos, o que ninguém esperava era a baixa qualidade das finalizações. A goleira Lindiwe Magwede mostrou bastante serviço e o primeiro gol saiu apenas aos 22 minutos numa cabeçada certeira de Sara Daebritz.

Aos 36, Melanie Leupolz avançou pela direita e cruzou milimetricamente na cabeça da camisa 9 Alexandra Popp, que marcou seu 35º gol com a camisa da seleção. A contagem poderia ter sido maior caso a árbitra da Malásia tivesse marcado dois pênaltis para a Alemanha. Assim, o tempo inicial ficou nos parcos 2x0.


Annike Khran iniciando ataque para a Alemanha


Primeiro gol da seleção europeia, marcado de cabeça por Sara Daebritz


Melanie Leupolz, camisa 16, sofrendo marcação de Talent Mandaza, camisa 6

No tempo final o panorama foi o mesmo até os cinco minutos, momento em que a Arena Corinthians fez muita festa com o primeiro gol do Zimbábue. Rutendo Makore chutou, a goleira Schult deu rebote e a camisa 17 Kudakwashe Masopo encheu o pé para colocar seu nome na história.

O tento sofrido acordou a Alemanha e três minutos depois Behringer jogou uma ducha de água fria na torcida com seu belíssimo gol de falta. Ela mesma fez o quarto aos 33 aproveitando rebote da goleira depois de um pênalti defendido. Aos 38 Leupolz recebeu longo passe da esquerda, invadiu a área e tocou na saída de Magwebe para fazer o quinto tento alemão e o gol de número 300 da história olímpica do futebol feminino.


Anja Mittag segura a bola e Eunice Chibanda segue na sua marcação


Terceiro gol alemão marcado em belíssima cobrança de falta de Melanie Behringer


Mais uma chance "alvinegra" pelo alto, agora com Leonie Maier


Visão geral da Arena Corinthians para o insólito Zimbábue x Alemanha

Para fechar a goleada, a zagueira Eunice Chibanda deu uma forcinha aos 45 e marcou contra. O placar final de Zimbábue 1-6 Alemanha marcou a segunda maior goleada alemã na história dos Jogos, a terceira maior em todos os tempos e o primeiro 6-1 no torneio feminino de futebol desde que o esporte foi introduzido em Atlanta-96. Marcante, mas poderia ter sido mais.

Na saída todos os amigos/conhecidos que curtiram a rodada dupla se encontraram na porta do estádio para fazer aquela foto marota para a posteridade. Enquanto a maioria só tinha compromisso novamente no sábado, eu precisava correr pois tinha rodada dupla do torneio masculino logo na quinta-feira. Jornada longe, bem longe de casa e com direito a dois times novos na Lista.

Até lá!

domingo, 28 de agosto de 2016

JP na Olimpíada (parte 1): A estreia olímpica na Arena Corinthians

Texto e fotos: Fernando Martinez


Quando eu tinha apenas dois dias de vida a Olimpíada de Montreal começou. Claro, não lembro nada do que rolou no Canadá, mas consigo lembrar de algumas coisas de Moscou-80, principalmente o choro do ursinho Misha na cerimônia de encerramento. Desde então, a cada ano bissexto que chega paro durante duas semanas para acompanhar tudo que acontece nos Jogos Olímpicos.

Sempre tive vontade de acompanhar uma Olimpíada de perto, porém confesso que não me imaginava numa, ainda mais sendo realizada no nosso país. Por conta da maré de sorte que tivemos no final da primeira década do século, tive a abençoada chance de ver as duas maiores competições esportivas do planeta pertinho de casa na sequência... um privilégio absoluto! Isso sem contar os Jogos Panamericanos e a Copa das Confederações. Olha, para quem gosta, foi um período dourado.

Comprei parte dos ingressos ainda no primeiro semestre do ano passado, a maioria deles para o torneio masculino e feminino de futebol. Tudo bem, já sabia que que o ambiente não seria o mesmo que vivi durante o Mundial de 2014, só que é fato que eu não poderia ficar de fora. Adquiri entradas para todas as pelejas em São Paulo e a primeira das várias jornadas programadas aconteceu na tarde do dia 3 de agosto.

A Arena Corinthians foi palco da primeira rodada do Grupo F do torneio feminino da Olimpíada. Em campo, as seleções do Canadá e da Austrália, ambas disputando a competição pela terceira vez, buscavam iniciar as suas campanhas com o pé direito.

Contando as cinco edições anteriores dos Jogos, as norte-americanas ocupavam a oitava posição na classificação geral com 14 pontos ganhos. A melhor campanha aconteceu em Londres-12, quando a seleção ficou com a medalha de bronze após vencer a França. A Austrália estava na 12ª posição com cinco pontos e uma única vitória, um 1x0 contra a Grécia em 2004. Dava para crer que uma classificação já seria um resultado e tanto para as meninas da terra do coala.


Canadá e Austrália entrando em campo para a estreia na Olimpíada 2016

Chegar na Arena foi tranquilo, já que o público para a rodada dupla de estreia foi o menor na casa corintiana durante a competição. Sim, o menor, mas isso não quer dizer que tenha sido ruim, já que 20.521 pagantes na tarde de um dia útil assistindo futebol feminino é algo que merece todos os aplausos. A torcida não teve nenhum problema para acessar as dependências da cancha. O destaque ficou por conta do enorme quórum de amigos e conhecidos presente na rodada, com certeza um recorde.

Todos já ocupavam seus lugares marcados quando a árbitra francesa Stephanie Frappart iniciou os trabalhos olímpicos na capital bandeirante. 19 segundos depois Janine Beckie marcou o gol mais rápido da história do certame. A mito Christine Sinclair roubou a bola pela direita e cruzou para a camisa 16 inaugurar o marcador.

A Austrália não se assustou com o gol relâmpago e agiu como se nada tivesse acontecido. As meninas colocaram pressão e encurralaram o Canadá no campo de defesa. As canadenses passaram sufoco e a partida ficou ainda mais sofrida aos 19 minutos com a expulsão da defensora "canuck" Shelina Zadorsky.


Tarde agradável para a minha experiência olímpica em todos os tempos


Zaga do Canadá tentando mandar a bola para longe da área


Catlin Ford, camisa 9 da Austrália, sob marcação da camisa canadense Diana Matheson

Com uma a mais a pressão foi enorme, tanto que ao final dos 45 minutos iniciais a seleção australiana tinha finalizado 11 vezes ao gol contra apenas duas finalizações canadenses... porém gol que é bom, nada. Méritos para a inoperância inofensiva e para o bom trabalho da goleira Stephanie Labbé.

No tempo final a Austrália voltou no mesmo esquema e teve boa chance com Gorry aos cinco minutos, mas a arqueira fez uma defesa segura e impediu o empate. No frigir dos ovos, estar com uma atleta a mais em campo não estava fazendo mais diferença para o time verde e amarelo.

Aos poucos o Canadá foi finalmente se encontrando em campo e passou a acreditar que mesmo com dez poderia ampliar. Aos 26 minutos Van Egmond cometeu pênalti depois de tocar com a mão na pelota dentro da área. A cobrança ficou a cargo de Beckie. Só que ela bateu mal e Williams defendeu.

E justamente quando a Austrália tentava emplacar nova pressão o Canadá ampliou. Steph Catley vacilou e tocou errado. A bola então sobrou para Kyah Simon, que lançou em profundidade e encontrou a artilheira Sinclair livre no comando do ataque. Ela driblou com estilo a goleira e chutou quase do meio de campo para fazer seu 163º gol com a camisa da seleção canadense. A jogadora de 32 anos é a segunda maior artilheira de uma seleção nacional em todos os tempos, atrás apenas de Abby Wambach, dos Estados Unidos.


Cruzamento dentro da área canadense no tempo final


Boa jogada de Sinclair pela direita


Bola levantada na área australiana na direção de quem? Sinclair, claro


O enorme quórum de amigos presentes na estreia olímpica na capital bandeirante

Se não sentiram o primeiro gol, com certeza as australianas sentiram o segundo e não tiveram mais forças para conseguirem melhor sorte na peleja. O placar final de Canadá 2-0 Austrália acabou sendo justo a favor da seleção que foi mais objetiva e que conseguiu superar o fato de jogar mais de 70 minutos em desvantagem numérica.

Finalizada a primeira sessão, agora era hora de conferir o jogo de fundo, um duelo simplesmente surreal em que a presença do JP se fazia obrigatória.

Até lá!

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Voltamos com a programação normal...



Sim, o Jogos Perdidos está desatualizado. Também, a loucura na Olimpíada foi tanta que não restou outra opção, a não ser dar um tempinho com o blog para curtir cada momento dos Jogos do Rio. Teve futebol masculino e feminino, taekwondo, handebol, levantamento de peso, basquete masculino e até luta greco-romana. Tudo isso coroado com a minha presença na cerimônia de encerramento. Acho que estou desculpado.

Aos poucos o dia a dia por aqui vai voltando ao normal e o blog vai voltando à sua rotina de sempre. Agradeço a compreensão de todos!

Fernando