quarta-feira, 19 de junho de 2019

Ótima estreia do atual bicampeão Chile contra o Japão

Texto e fotos: Fernando Martinez


Olha, sem querer puxar a sardinha, mas o que o Jogos Perdidos fez na primeira rodada da Copa América merece um destaque. Estivemos nada menos do que em cinco das seis partidas, fechando o ciclo segunda-feira à noite no Estádio Cícero Pompeu de Toledo com o genial encontro entre a seleção do Japão e a seleção do Chile. Confronto inédito na maior competição do continente.

Saí de BH – marquei presença no Uruguai 4x0 Equador domingo à noite - após a hora do almoço e desembarquei na capital paulista por volta das três da tarde. Fui de ônibus até Pinheiros e depois de metrô até o Morumbi. Acontece que o trajeto não foi nada tranquilo. O trânsito estava absurdo e em alguns momentos imaginei que me atrasaria. Foi uma correria enorme e cheguei na casa são-paulina no laço. Por sorte, e assim como aconteceu na rodada do final de semana, o público não lotou as dependências do ex-maior estádio particular do mundo. O número de pagantes ficou em 23 mil.

Diferente do que vi na abertura, o clima estava bem mais agradável, sem os coxas de plantão e os figurinhas que só pintam em jogo da seleção verde e amarela. A presença de chilenos foi maciça, porém os japoneses também estiveram em bom número. Vários amigos e conhecidos fizeram companhia ao que vos escreve, todos pirando por terem a oportunidade de acompanhar de perto um joguinho tão perdido. Tenho uma pequena impressão de que um Japão x Chile não irá se repetir tão cedo por essas bandas.

"La Roja" nada mais é do que a atual bicampeã da Copa América. As duas conquistas em 2015 e 2016, ambas nos pênaltis em cima da Argentina, colocaram um ponto final no extenso rol de fracassos da seleção na América do Sul. Antes do bi, os melhores resultados eram quatro vice-campeonatos em 1955, 1956, 1975 e 1987. Eu os coloquei na Lista só em 2014, no 2x0 sofrido contra a Holanda na Arena Corinthians no Mundial. Depois, os vi duas vezes na Copa do Mundo sub-17 que sediaram em 2015: empate na estreia contra a Croácia e goleada em cima dos Estados Unidos.

O adversário dos nossos amigos do Pacífico era o glorioso selecionado asiático. Foi a segunda vez que eles disputaram o torneio. Em 1999 foram eliminados num grupo que tinha Peru, Paraguai e Bolívia. Também foram convidados em 2011 e 2015 e desistiram de ambas. Pena que eles resolveram vir ao Brasil sem o elenco principal. Assim sendo, fica difícil crer que podem ir longe. O maior destaque é o "Messi japonês" Takefusa Kubo, recém-contratado pelo Real Madrid, com seus 18 anos. Já estavam na Lista desde a derrota contra o México por 2x1 na Copa das Confederações de 2013.

Fiz todo o trâmite e entrei na cancha perto do apito inicial. Fui até o lugar marcado no ingresso, mas como os lugares vazios eram maioria, fiquei apenas um pouco ali e depois resolvi ir até a arquibancada central. Toda a rapaziada fez o mesmo e então teve aquela festa repleta de surrealismo como se estivéssemos vendo a Segundona Paulista. Uma daquelas noites deliciosas que serão lembradas eternamente.


Visão geral do Morumbi no segundo jogo da Copa América realizado na casa são-paulina


Seleções perfiladas antes do apito inicial

Dentro de campo, o Japão até que começou bem criando alguns lances de perigo com Kubo. O Chile se arriscou pouco e o cenário foi esse até os 30 minutos. Após isso, os vermelhos se acertaram e passaram a enfileirar boas chegadas. Alexis Sánchez finalizou de longe aos 34 e a bola passou perto. Na sequência ele de novo assustou em tiro que tirou tinta do travessão.

Aos 40 Pulgar colocou sua seleção em vantagem escorando de cabeça cruzamento de Aránguiz. Os asiáticos ganharam de presente a chance do empate aos 43. Shibasaki recuperou a posse no setor ofensivo e lançou até Ueda. O atacante driblou Arias e teve o gol aberto à sua disposição... e miseravelmente chutou pela linha de fundo. Vacilo imperdoável que custou caro.


Troca de passes no campo de defesa japonês


Bom ataque asiático pelo alto em lance que levou perigo à meta chilena

Na etapa final, os sul-americanos controlaram a peleja e aos oito minutos ampliaram a vantagem. Vidal tocou para Vargas, que lançou Isla, que devolveu ao camisa 11. Ele bateu de primeira, o tiro desviou em Tomiyasu e enganou Osako. Os 2x0 deixaram o Chile na boa e a partir daí passaram a se defender. Isso chamou os nipônicos a seu campo. Ueda aos 11, Kubo aos 19 e de novo Ueda aos 23 e 29 quase anotaram o gol de honra. O Morumbi inteiro lamentou - só os chilenos que não, é claro - os ataques desperdiçados.

O Japão cansou e a melhor qualidade do Chile reapareceu. Aos 37 Aránguiz cruzou na área e Alexis Sánchez, o maior artilheiro de sua seleção na história com 42 gols, marcou o terceiro de cabeça. No minuto seguinte Vargas recebeu ótimo passe, viu que Osako estava adiantado e encobriu gloriosamente o goleiro. Esse gol transformou o atleta no maior goleador da Copa América em atividade com 12 gols e no vice artilheiro dos "Rojos" com 38 tentos.


Já no tempo final, chegada chilena


O sub-23 do Japão até atacou e mostrou qualidade, mas não foi capaz de parar o bom escrete sul-americano


O Morumbi recebeu pouco mais de 20 mil pagantes. A festa sul-americana foi bonita


Bola levantada dentro da área do Chile

O placar final de Japão 0-4 Chile colocou os sul-americanos na liderança do Grupo C junto com o Uruguai, que venceu o Equador pelo mesmo resultado. Na próxima rodada teremos Uruguai x Japão em Porto Alegre e Equador x Chile em Salvador. Se nenhuma zebra acontecer, uruguaios e chilenos devem decidir o primeiro lugar da chave dia 24 no Maracanã. O segundo colocado estará na Arena Corinthians nas quartas... espero que seja a Celeste.

Com essa cobertura, vale mencionar que só ficamos de fora do Argentina x Colômbia do sábado em Salvador na rodada inicial. Tirando isso, batemos cartão no Brasil x Bolívia que abriu o certame, o Venezuela x Peru de Porto Alegre, a rodada dupla de domingo com Paraguai x Catar no Maracanã e Uruguai x Equador no Mineirão e finalmente a estreia da atual bicampeã. Nada de novo pensando que foram oito coberturas durante a Copa das Confederações de 2013 e 21 na Copa do Mundo do Brasil. Em tempos que a rapaziada faz jornalismo sem pisar fora do escritório, o JP mostra as coisas como deveriam ser. Se tivesse tempo $uficiente, essa seria a tônica até o dia 7 de julho, data da grande decisão.

Voltei ao QG da Zona Oeste na boa já pensando na partida de quarta-feira. Teve duelo ainda mais sensacional no Morumbi com a minha trinca de alvos sendo preenchida de forma espetacular.

Até lá!

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Ficha Técnica: Japão 0-4 Chile

Competição: Copa América; Local: Estádio Cícero Pompeu de Toledo (São Paulo); Árbitro: Mario de Vivar (Par); Público: 23.253 pagantes; Renda: R$ 4.705.020,00; Cartões amarelos: Teruki Hara, Yuta Nakayama (Jap), Óscar Opazo (Chi); Gols: Erick Pulgar 41 do 1º, Eduardo Vargas 9 e 38, Alexis Sánchez 37 do 2º.
Japão: Keisuke Osako; Teruki Hara, Naomichi Ueda, Takehiro Tomiyasu e Daiki Sugioka; Daizen Maeda (Koji Miyoshi), Gaku Shibasaki, Yuta Nakayama e Shoya Nakajima (Hiroki Abe); Takefusa Kubo e Ayase Ueda (Shinji Okazaki). Técnico: Hajime Moriyasu.
Chile: Gabriel Arias; Mauricio Isla, Gary Medel, Guillermo Maripán e Jean Beausejour; Charles Aránguiz, Erick Pulgar e Arturo Vidal (Pablo Hernández); José Pedro Fuenzalida (Óscar Opazo), Eduardo Vargas e Alexis Sánchez (Junior Fernandes). Técnico: Reinaldo Rueda.
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