quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

Carnaval Futebolístico do JP (4/5): Triunfo do Noroeste no duelo ferroviário contra o Nacional

Texto e fotos: Fernando Martinez


O quarto capítulo do Carnaval Futebolístico do JP teve um sabor extra. Foi a minha gloriosa volta à Bauru depois de um longo inverno. Também foi meu retorno ao belíssimo Estádio Alfredo de Castilho após 19 anos. Na pauta, o genial duelo ferroviário entre Noroeste e Nacional valendo pela 7ª rodada da primeira fase do Campeonato Paulista da Série A3. Muito legal poder ver esse confronto exatamente cinquenta anos após o mais importante momento entre os dois, a final da Segunda Divisão em 1970, vencida pelo clube interiorano no jogo desempate disputado no saudoso Palestra Itália.

Tirando o breve período que vivi no litoral do estado entre 2017 e 2018, a única vez que morei fora da capital bandeirante foi no fim dos anos 90, exatamente quando fiz faculdade em Bauru. Foi um período bastante peculiar e desde que saí da universidade tinha visitado com calma a Cidade sem Limites pela última vez em 2003. Falando de futebol, minha derradeira partida ali tinha sido um Noroeste x Inter de Bebedouro em 7 de fevereiro de 2001, também pela A3.

Na história do Jogos Perdidos tínhamos marcado presença no Alfredo de Castilho quatro vezes, todas com o ex-viajante do interior e atualmente desaparecido Orlando. A primeira em 2005 num 0x0 do Norusca contra o Juventus. As duas seguintes foram na época que o escrete bauruense disputava a Série C: em 2006 contra o falecido ADAP (0x0) e em 2008 contra o Ituiutaba, atual Boa Esporte (1x1). A última foi em 2010, pela A3, num triunfo local contra o São Bernardo FC pela contagem mínima.


Fachada genial do majestoso Alfredo de Castilho


Placa dos tempos da reinauguração do estádio em 1960. De 1960 a 1964 ele se chamou Ubaldo de Medeiros, mas com o golpe militar voltou a ser chamado pelo nome original


O bonito escudo do Noroeste que fica em frente à parte coberta do Alfredo de Castilho


Visão da parte coberta do Alfredão, um dos campos mais geniais do interior paulista

Voltando ao presente, passei a noite de sexta para sábado de alerta acompanhando os desfiles de escola de samba paulistanas, algo que não fazia há anos. Um olho no gato, outro no rato, pois não podia ficar vacilando no plantão nosso de cada dia. Dormi pouco, mas dormi bem. Por volta do meio-dia já me encontrava no saguão do confortável hotel com a dupla Mário e Caio, fieis companheiros na caravana. Dali fomos fazer uma boquinha antes de seguir até a cancha.

O almoço demorou um pouco mais do que o previsto e chegamos no estádio em cima da pinta. Fui obrigado a dar uma volta gigantesca por todo o terreno até encontrar o portão certo... correndo, claro. Como desgraça pouca é bobagem, passei sufoco tentando acessar o gramado pois não tinha nenhuma entrada propriamente dita. Acabei conseguindo no laço através do vestiário alvirrubro e contando com o auxílio luxuoso de um prestativo integrante da comissão técnica.

Memória afetiva de boa parte da minha infância por conta de tantas transmissões na TV, pisar no gramado do Alfredão foi um momento muito especial. Sempre gostei do Norusca, o terceiro time que vi in loco nos gramados no longínquo ano de 1989, e ter morado lá me fez gostar mais da gloriosa agremiação. Na época da faculdade o futebol não era uma prioridade, ainda assim quando tinha chance dava uma escapada para ver o vermelho e branco de perto.


Esporte Clube Noroeste - Bauru/SP


Nacional Atlético Clube - São Paulo/SP


O árbitro Willer Fulgêncio Santos, os assistentes Diego Morelli de Oliveira e Wellington Bragantim Caetano, o quarto árbitro Gustavo Holanda Souza e os capitães dos times posando de forma exclusiva para o Jogos Perdidos

Falando do bom e velho Nacional, a centenária agremiação começou o campeonato bem, porém chegou nesse confronto numa situação incômoda, precisando voltar a vencer para quebrar a sequência de quatro jogos sem nenhum triunfo. Antes da rodada, eles ocupavam a 10º posição com sete pontos e se fossem derrotados fatalmente chegariam perto da zona de rebaixamento. Só que o adversário era "apenas" o líder do certame. A missão do antigo SPR era bastante complicada.

Por toda a expectativa gerada, o primeiro tempo me surpreendeu. O Noroeste não foi nem sombra da equipe que venceu cinco dos seus seis compromissos e os comandados de Tuca Guimarães foram relativamente bem. Não que o Naça tenha criado várias chances, mas que levou certo perigo, isso levou. Gustavo Índio foi o primeiro a assustar em chute da direita que Pablo defendeu bem. O mesmo Pablo se adiantou a um atacante visitante na sequência afastando a pelota.



James Dean, mais conhecido pela sua atuação em Juventude Transviada, em dois lances pela direita do ataque nacionalista


Bola cruzada na área do Noroeste e defesa tranquila de Pablo


Pablo saindo de forma corajosa nos pés de avante do Nacional


O Nacional foi bem durante todo o primeiro tempo e chegou algumas vezes dentro da área local

Nem a liderança deixou a enorme torcida presente - 2.767 pagantes - sossegada e teve muita reclamação quando a etapa inicial chegou ao final. Pensando com os meus botões, imaginei que seria difícil o líder repetir a atuação ruim. Bingo. Os últimos 45 minutos foram de domínio amplo e avassalador dos donos da casa. O Nacional esqueceu o futebol e o ânimo no vestiário e teve uma atuação absurdamente ruim, escapando de levar uma goleada.

Logo aos oito minutos Blade fez boa jogada pela direita e cruzou na área. Sem a presença de nenhum zagueiro, Fabrício cabeceou livre de marcação e inaugurou o marcador. Pouco depois ele driblou dois defensores e, sozinho, chutou por cima. Sem tempo da zaga respirar, Pedro Felipe quase ampliou num lance em que se antecipou a Luis Henrique e chutou na trave por cobertura.

O segundo tento demorou a sair, mas quando veio... que golaço. Decorridos 35 minutos, Blade tocou para Jean Pierre, que devolveu para Rogério Maranhão. O camisa 14 virou em cima do defensor, viu o arqueiro fora do lugar e arriscou de longe. A bola fez uma curva sensacional e morreu dentro das redes. O clube visitante tentou diminuir num tímido abafa, só que por pouco não sofreu o terceiro em finalização de Fabrício que tirou tinta da trave.


Fabrício comemorando com a torcida o primeiro gol do Norusca


Diego Chiclete, camisa 4 do escrete paulistano, se antecipando ao atacante e fazendo o corte



Fabricio, o artilheiro do alvirrubro, em duas chances claras de gol durante o segundo tempo


A defesa do Nacional foi bastante acionada durante o tempo final. Na foto, cortando outro cruzamento

No fim, o placar de Noroeste 2-0 Nacional foi pouco pelo que os donos da casa produziram na etapa final. O líder agora soma 18 pontos em sete rodadas, quatro acima do Linense. Já o Naça se complicou de vez e agora está na 14ª posição, uma acima do Z2. Só estão à frente do Marília por conta do melhor saldo. A luz vermelha já pisca loucamente na Comendador Souza e um eventual rebaixamento seria catastrófico e com consequências imprevisíveis.

Assim como em todas as outras pelejas do Carnaval Futebolístico do JP, fui praticamente o último a sair do estádio. Fiz um monte de fotos do local antes de encontrar os amigos e novamente colocar o pé na estrada. A última parada da folia alternativa foi no domingo com a Série A2 na pauta e novas visitas geniais em campos inéditos.

Até lá!

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Ficha Técnica: Noroeste 2-0 Nacional

Local: Estádio Alfredo de Castilho (Bauru); Árbitro: Willer Fulgêncio Santos; Público: 2.757 pagantes; Renda: R$ 51.635,00; Cartões amarelos: Edson Júnior, Jonatas Paulista, Emerson Mi, Matheus Teta, Ricardinho, André Rocha; Gols: Fabrício 8 e Rogério Maranhão 35 do 2º.
Noroeste: Pablo; Edson Júnior (Rogério Maranhão), Jean Pierre, Guilherme Teixeira e Renan (Vitor Gaya); Blade, Jonatas Paulista, Igor Pimenta (John Egito) e Yamada; Fabrício e Pedro Felipe. Técnico: Luís Carlos Martins.
Nacional: Luís Henrique; Alanderson, Gabriel, Guilherme Noé e Thiago Pereira; André Rocha, Ricardinho (Palito), Matheus Teta e Emerson Mi (Léo Ribeiro); Gustavo Índio e James Dean (Vinícius). Técnico: Tuca Guimarães.
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