quinta-feira, 13 de maio de 2021

Noroeste derrota o Nacional e se mantém líder da Série A3

Texto e fotos: Fernando Martinez


Entre a paralisação do futebol em São Paulo e a proibição de imprensa nos jogos organizados pela FPF se passaram praticamente dois meses exatos. Tudo voltou como era (até março, claro) na tarde de quarta-feira no meu retorno às divisões de acesso. Após mandar dois compromissos longe da sua casa, o Nacional retornou ao Estádio Nicolau Alayon recebendo o Noroeste, líder do Campeonato Paulista da Série A3.

Logo quando o Ministério Público e o governo do estado definiram que o show tinha que parar, a FPF fez de tudo - inclusive levando partidas da A1 ao estado do Rio em troca de leitos de UTI - para os grandes não serem prejudicados. O problema foi que, como sempre, os pequenos foram deixados de lado e restou a eles um monte de dúvidas não respondidas e um relativo abandono por parte da entidade. A A2 voltou somente no dia 20 e a A3 no dia 27 de abril.

Quando tudo retornou, a federação agendou uma maratona insana e sem sentido aos 16 participantes de cada divisão. As agremiações foram obrigadas a se apresentar de dois em dois dias apenas em sessões noturnas. Mais uma vez todo mundo foi colocado no mesmo balaio e um Primavera x Olímpia foi analisado pela mesma ótica de um Corinthians x São Paulo. Algo que nunca fez nenhum sentido. Várias equipes foram obrigadas a atuar longe dos seus domínios já que não possuem sistema de iluminação. Não há dúvida que isso deixou o campeonato muito desequilibrado.

Vimos o Desportivo Brasil e o Primavera atuando em Campinas, o Bandeirante em Marília e Penápolis, o Votuporanguense em Mirassol e o próprio Nacional jogando em Osasco. Bizarro. Foram seis rodadas, da quarta até a nona, com esse cenário. Tudo ficou normal, pelo menos até segunda ordem e se a pandemia permitir, a partir de quarta-feira. O Nacional era terceiro antes do pit-stop forçado e o futebol irregular os derrubou até a sétima posição. O alvirrubro era líder e permanece isolado no primeiro lugar até agora.



Times indo a campo para a retomada dos jogos no Nicolau Alayon e os capitães de Nacional e Noroeste posando junto com o quarteto de arbitragem

Ano passado foram três confrontos durante a A3 com triunfo noroestino na fase inicial por 2x0 e dois empates nas quartas: 0x0 no Nicolau Alayon e 1x1 no Alfredo de Castilho. O Norusca passou nos pênaltis e perdeu o acesso contra o Velo na semifinal. Na história, o Nacional é um grande freguês. Em 26 duelos oficiais, os paulistanos venceram apenas três (!) e saíram de campo derrotados catorze vezes, além de nove empates. De toda a história centenária do antigo São Paulo Railway, o adversário de quarta-feira é um dos seus grandes algozes.

Apesar de ter jogado bem e criado várias oportunidades, não foi dessa vez que o Nacional voltou a derrotar o melhor time da A3 até o momento. A etapa inicial foi acima da média e começou com uma ótima chegada visitante aos dois. John Egito recebeu na direita e, cara-a-cara com o goleiro, chutou em cima do camisa 1. Na sequência, Rogério Maranhão mandou de fora da área e a zaga desviou. O Naça respondeu à altura aos cinco minutos. Wallace fez uma belíssima jogada individual dentro da área, tirou do zagueiro e saiu livre. Pablo defendeu o tiro à queima-roupa.

Aos 15, Wallace recebeu na esquerda, invadiu a área e, livre de marcação, chutou de novo em cima de Pablo. O atacante nacionalista estava com tudo e dois minutos depois ele recebeu na direita e finalizou tirando tinta da trave. Os locais estavam melhores, só que aos 26 sofreram o primeiro gol quando Igor Pimenta arriscou de longe. No meio do caminho Euller dominou, enganou a zaga e finalizou forte, vencendo o goleiro Rafael.

Os paulistanos não se intimidaram e permaneceram no campo ofensivo. Em escanteio pela direita aos 40, a pelota ficou com Mendes. O camisa 20 chutou, a bola bateu na trave e, no rebote, Éder Paulista marcou. Acontece que o atacante estava impedido e o tento foi anulado. Na sequência Mendes pegou sobra de rebatida, tocou de cabeça com efeito e Guizão salvou em cima da linha. Os comandados de Ricardo Silva, donos do melhor ataque do certame, levaram bastante perigo sem que a meta visitante fosse vazada.



Nacional x Noroeste, duelo do sétimo colocado e do líder na capital paulista


A comemoração dos atletas bauruenses pelo primeiro gol, marcado por Euller


Zagueiro do Nacional se esticando todo para tentar o domínio

Na etapa final a série de gols perdidos do onze mandante continuou com Wallace, sempre ele, recebendo passe de Mendes, outro destaque da tarde, mandando um belo drible de corpo em cima do defensor e chutando por cima. É, perder um caminhão de chances atuando contra o líder não dá certo e aos seis, o alvirrubro chegou aos 2x0. Rogério Maranhão cobrou falta pela esquerda na cabeça de Igor Pimenta. O camisa 8 tocou sem dificuldade e ampliou a vantagem. Na saída de jogo finalmente Pablo foi vencido quando Mendes aproveitou cruzamento da direita e, de peixinho, diminuiu.

Todos os presentes na Comendador Souza acharam que poderia pintar uma reação. Ledo engano. O Nacional, embora tenha tido mais posse, não teve novos lances agudos na caça do empate. O Noroeste se segurou perfeitamente na defesa e não sofreu. A única vez que sentimos o cheiro de igualdade foi em cabeçada de Gustavo França já nos acréscimos... e só.




Na etapa final os donos da casa chegaram várias vezes dentro da área adversária, mas só marcaram uma vez

No fim, o Nacional 1-2 Noroeste foi injusto pelo número de ataques criados e fez justiça a quem teve melhor aproveitamento. O alvirrubro permanece isolado na liderança com 20 pontos, três acima de Marília, Linense e Votuporanguense. O escrete ferroviário da capital despencou três posições e está em décimo. Faltando cinco rodadas, é fato que novos vacilos podem custar a vaga nas quartas de final.

Foi só o árbitro apitar pela última vez que a chuva começou a cair forte. Em tempos de duas máscaras, banho de álcool em gel e aquela paranoia que só a pandemia foi capaz de criar, se molhar e ficar com o pé encharcado se torna algo pior do que já era. Como aqui é tudo pelo social, a gente aguenta e segue em frente.

Até a próxima!

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Ficha Técnica: Nacional 1-2 Noroeste

Local: Estádio Nicolau Alayon (São Paulo); Árbitro: Rodrigo Pires de Oliveira; Público e renda: Portões fechados; Cartões amarelos: Mendes, Éder Paulista, Diego Chiclete, Wallace, Ricardo Silva, Rogério Maranhão, Paraízo; Gols: Euller 25 do 1º, Igor Pimenta 5 e Mendes 7 do 2º.
Nacional: Rafael; Gigante, Everton, Gustavo França e César (Pablo); Diego Chiclete, Mendes (Léo Machado), Brener (Paolo) e Guilherme Lobo (Emerson Mi); Éder Paulista (Leandro) e Wallace. Técnico: Ricardo Silva.
Noroeste: Pablo; Maycon, Guilherme Teixeira, Guizão e Bruno Recife; Jonatas Paulista, Rogério Maranhão, John Egito e Igor Pimenta; Leléco (Paraízo) e Euller (Thiago). Técnico: Luiz Carlos Martins.
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